sexta-feira, 19 de julho de 2013

A LONGA E PROBLEMÁTICA TRAJECTÓRIA DO TOCOÍSMO

V JORNADAS DE REFLEXÃO
SOBRE A VIDA E OBRA DE SIMÃO GONÇALVES TOCO

O QUE TEMOS A DIZER COM AS V JORNADAS DE REFLEXÃO

O Tocoísmo vem de muito longe. Tem longa história e muitos problemas que muita gente nem imagina de perto. É uma religião muito atribulada desde a sua existência. Podemos dizer que herdou as tribulações do seu Precursor, o Profeta Simão Gonçalves Toco. Um homem cuja história de vida, todos temos conhecimento. Nem que seja superficial, mas temos pleno conhecimento de que foi muito maltratado, perseguido, preso, torturado até cortejado. Mas quem era ele e por que tinha de sofrer deste modo?

As V Jornadas de Reflexão sobre a Vida e Obra de Simão Gonçalves Toco visam o aprofundamento de conhecimento sobre o que representa Simão Gonçalves Toco perante a humanidade em geral.

De Simão Toco fala-se muita coisa de bem e de mal, isto segundo as análises de cada um. E portanto, nunca houve um estudo aprofundado para se determinar se este Simão Toco foi um homem de bem ou de mal para a humanidade. Neste caso, falamos dele fora do contexto tocoísta. Pois, no contexto tocoísta, Ele jamais seria uma figura do mal. Basta vermos os diversos atributos ou acessórios que lhe têm apelidado, como Mfidi, Mvungudi, Maziezie, Cristo Negro, Moisés, Profeta, Mensageiro… quer dizer, a observação dos homens com relação a Simão Gonçalves Toco, vai de acordo a crença, o carácter e a conduta de cada um.

Os tocoístas sabem, sem sombra de dúvida, que o Simão Toco é figura de Moisés e Cristo. Todas as virtudes que os dois profetas israelitas exibiam, foram as mesmas que encontramos em Simão Toco. Os escritores tocoístas procuraram até aqui exaltar aquilo que acham e qualificam “verdadeiras virtudes de Simão Toco”.

Senão, já por fora, as coisas sucedem de modo contrário. Os escritores independentes do Tocoísmo, não foram ainda capazes de revelar as qualidades proféticas de Toco. Falam de Simão Gonçalves Toco, mas de modo superficial. Um estudioso da religião em Angola, Eduardo Santos, dedicou extensas páginas a falar sobre o Tocoísmo na sua obra intitulada «Movimentos Proféticos e Mágicos de Angola. Contudo, os resultados dos seus estudos sobre o Tocoísmo, em parte, sofreram influências das doutrinas coloniais, apesar de fazer uso de algumas epístolas do Profeta. O Ministro do Ultramar, Silva Cunha, também realizou alguns estudos sobre os Tocoísmo. Mas depois que os resultados foram publicados, o Profeta Simão Toco reagira, afirmando que os dados publicados pelo Silva Cunha não condiziam com a verdade, tendo neste caso reprovado as fontes que tais pesquisadores se basearam para descrever o Tocoísmo. Todavia, compreende-se, eles não escreviam para fins científicos, mas faziam-no como forma de coibir o impacto do Tocoísmo na sociedade. Mesmo os padres Alberto Ndandu e Carlos Estermann, que serviram de fontes que muitos outros puderam recorrer nos seus estudos ou suas pesquisas sobre o Tocoísmo, visavam o levantamento de factos negativos, como motivo para denegrir o Tocoísmo. No entanto, estes dois autores não usaram da imparcialidade quando escreveram sobre o «Tocoísmo», mas seu carácter de membros da Igreja Católica Romana condicionou os seus estudos. Por isso, escolheram como amostras dos seus estudos aqueles tocoístas recém convertidos, sem instrução suficiente para falar ou esclarecer alguma coisa sobre o Tocoísmo.

Estermann, pelo que nos pareceu, foi um pouco ignorante ao pôr em causa o grau académico do Profeta Simão Toco que, para nós, nada tem a ver com o trabalho de Deus por este realizado. Porque, diga-se em abono da verdade, que o padre Estermann, nestes termos, não ofende somente a moral do Toco, mas como do próprio Cristo que ele e os católicos dizem servir. Porque, pelo que soubemos, também o Cristo não tinha grandes habilitações e até hoje desconhece-se algum documento escrito pela sua mão. Os muçulmanos afirmam que o fundador do Islão era totalmente analfabeto, mas ditou ao mundo um código de que se servem muitas nações. E o Simão Pedro, que dizem ser o Vigário de Cristo, pelo que se sabe não era letrado, antes era um simples pescador. Portanto, consideramos de inútil a análise do padre Carlos Estermann. Pois, o que Simão Gonçalves Toco fez, mesmo com suas limitações académicas, não o puderam fazer milhões de indivíduos neste mundo, mesmo aqueles dotados de elevados conhecimentos científicos. O que o Ndandu e o Estermann escreveram não pode estranhar. Eles foram padres católicos, daí a razão da sua campanha nociva e difamatória que levaram a cabo, denegrindo o Tocoísmo, para o branqueamento da religião Católica que naquela altura servia e defendia interesses dos colonialistas. O que significa dizer, que na época colonial não se podia esperar uma boa declaração dum dirigente católico ou protestante que falasse bem dos profetas africanos.
Tocamos este assunto, porque, alguns cidadãos desatentos que tiveram acesso a tal infâmia declaração julgaram que o Estermann estivesse certo, enquanto estava errado. Porque, o Simão Pedro e a Maria Mãe de Deus que os católicos exaltam, viveram muito debaixo do grau académico e de espiritualidade do Profeta Simão Toco.

A B.M.S, mesmo reconhecendo as qualidades de Homem de Deus reveladas pelo Simão Gonçalves Toco, a sua bondade, humildade, disciplina modelo e longa paciência, mas nunca aquela se prontificou em emitir uma declaração de reconhecimento público deste, mesmo em apenas uma alínea dos seus relatórios sobre a África. Pois Simão Gonçalves Toco ingressou na B.M.S. de Kibokolo com oito anos de idade. Toda a educação moral e cívica e instrução académica que podíamos encontrar nele foi trabalho da B.M.S. E, ele trabalhou muito tempo nas missões baptistas de Kibokolo, Bembe e Leopoldville. E foi sempre obediente e paciente em tudo aos missionários. Contudo, vimos, na sua carta aberta dirigida aos superiores da missão baptista do Bembe, Simão Gonçalves Toco advertia:

 Muita boa vontade tenho eu de continuar exercer a minha profissão nestas Missões, tanto no ensino da qual fui imposto pela Inspecção Geral do Ensino Primário em Luanda, assim como no Serviço Evangélico de que faço também parte, embora tiver eu umas habilitações literárias no ínfimo grau e não me queixo com isso, porquanto tenho que contentar-me com a sorte conforme o destino mandar ou, conforme a misericórdia Divinal, etc.
É claro que, achando-me hoje descontente em continuar exercê-la, aproveito desde já, a oportunidade, vindo mui respeitosamente à V. Excias que me dispensem um descanso de 2 ou mais anos embora terem me concedido já o gozo das minhas férias de Julho do ano findo à Janeiro do ano corrente – tenham a bondade.
Desejo um descanso, porque se eu fizer o cálculo da minha biografia, cansar-vos-eis.
Todavia, deixem-me experimentar mexer uma parte da m/biografia.
Em 1926 entrei na Missão da B.M.S. Quibocolo obrigatoriamente e não por meu querer e era da idade de 8 anos. Em 2 de Outubro de 1928 safei para Leopoldville até 1929, data em que o Senhor Reverendo Artur Enock Guest foi a busca de mim – mas nem com isso – não quis regressar para Quibocolo. Em resumo, (porque não vale a pena contar-vos tudo) em 1930, fui para Tysville e comecei a frequentar aquela escola da B.M.S. e o Reverendo Gennigs, digo, Gennings queria que eu fosse para Bº Manteca, ou Gombe Lutete, ou Kimpese à fim de estudar que é para ser Moniteur (Nlongi), não quis porque o Reverendo Guest incomodava-me cada vez mais em cartas sucessivas de que regressasse para Quibocolo.
O Reverendo Gennings dirige uma carta de pedido ao Senhor Guest e este recusa o pedido.
Houve uma chamada para Maquela (minha terra natal) fomos eu e o meu tio. Quando chegávamos, é logo uma outra chamada do Reverendo Guest que regressasse na Missão. Refilei – mas contra força, não há resistência, fui conduzido pelo catequista que é hoje empregado na Missão de Quibocolo Senhor Afonso Malassa – Agosto de 1931.
Logo, ao chegar, não passaram mais que 3 ou 4 dias, sou baptizado. Em 1933 – 2 de Julho, marchamos para Luanda… Porquê? Porque fui obediente em tudo e continuo a obedecer, Kansi, edi didia e ngemba va ntulu eno dituka, kadi oma mpwidi o mfunu nuzeye mo[1]…”

Os escritores baptistas nunca nas suas obras fizeram menção da carta aberta do Toco. Não que eles não tenham conhecimento, mas preferem silenciá-la, por conter dados muito profundos. A tanta preocupação ou inquietação manifestada dos missionários com a fuga de Toco tem um significado muito profundo, quer dizer encerra consigo algum segredo que nunca foram capazes de revelar. Ora vejamos, com tantas crianças que frequentavam e desistiam de estudar, que os missionários nunca se tinham importado andar atrás das mesmas, por ter sido lei das missões que a criança que desistisse não seria readmitida. Por que então não aplicaram a mesma lei no caso do Simão Toco? Por que tiveram de andar atrás dele se ele já não quis pertencer a missão. Mas o próprio Toco esclarece que, ao andarem atrás dele, não é que os missionários tinham amor profundo nele. Eles descobriram algo nele, que lutavam para dominá-lo enquanto era ainda criança. Os missionários haviam lhe submetido aos vários rituais na tentativa de quererem dominar o poder de Deus que viram nele.

Outros autores como Ndomikolai André Masaki, Kunzika Emanuel, William Grenfel, Revº António Kiauzowa Kiangebeni e muitos outros, também falaram do Tocoísmo. Ndomikolai Massaki encontra no Profeta Simão Toco estas duas maiores virtudes: amor e humildade. O Reverendo Massaki refere na sua obra que «a única pessoa que se pode comparar com Simão Toco no tocante o seu amor revelado, é só Jesus Cristo». Enfatiza ele na sua obra. E nos Açores – Portugal, o padre superior da Igreja Católica chegou de declarar, em entrevista com os jornalistas da RTP, o seguinte: «Defensor das liberdades fundamentais do homem, na minha opinião pessoal, o Simão Toco é um homem bom e quer o bem de toda a humanidade.» Fim da citação. Esta declaração já contradiz todas as demais que foram emitidas ao longo do tempo e anula completamente o texto de catecismo os católicos eram instruídos com doutrinas que ofendem a moral dos tocoístas.

O Reverendo Gaspar Adão d’Almeida, também dedicou uma extensa entrevista ao JET (Jornal Evangélico Tocoísta) para falar do Simão Toco. E numa das passagens, dizia ele: «O Simão Toco é um homem que figura na história. É um dos que jamais seu nome será apagado. Quer dizer, no fundo histórico, Simão Gonçalves Toco é um grande nome.»

O Reverendo Gaspar d’Almeida prossegue ainda a prestar o seu testemunho acerca da descida do Espírito Santo em África:

 «E quando se diz ‘a descida do Espírito Santo’, isto é muito importante. Nós não estamos sós, temos o poder do Espírito Santo. Quando Jesus foi para o Céu, ao Pai, então os discípulos ficaram cheios de medo. Estavam fechados no cenáculo: ‘o que vai acontecer connosco? ‘ Foi então que, chorando e orando, desceu o Espírito Santo. O Espírito Santo deu a força àqueles que eram tímidos e começaram a espalhar por todo mundo, pregaram o Evangelho, com toda a força. O Espírito Santo é ainda a força que dirige as igrejas até ao nosso tempo.
Durante a realização da Conferência Internacional Missionária foram escolhidos três africanos para dirigirem a oração afim de pedirem a Deus sobre a própria libertação do homem africano. Bom, a razão, não sei. Os missionários são que escolheram. Eu fiz a minha oração com simplicidade; pedi ‘poder e sabedoria’. O Simão Toco pediu ‘para que Deus derramasse o Espírito Santo sobre África; O senhor Jesse Chiula Chipenda pediu ‘para que Deus desse abundância’.
Quer dizer, o tema também da Conferência era: ‘Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância’. Quer dizer, afinal um sociólogo português que lá estava, isto é sorrateiramente, porque não era convidado, escreveu no seu livro essas orações. E depois, houve também alguns livros que fazem referência destas orações. O missionário Henderson, também fez referência destas orações. E estas orações estão sendo guardadas ou honradas na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. Foram essas orações que deram base ao progresso de que hoje estamos a gozar… Até não sabia que havia de ter a repercussão que hoje tem...
Porque alguns missionários que estiveram fora da Conferência, mandaram telegramas e um deles dizia: ‘Quando soube que os senhores estão aí reunidos, eu senti como Simeão quando viu a criança; e tomando a criança nas suas mãos, disse: já posso morrer, porque eu já vi a salvação. ‘ Isto dizia ele por causa dos africanos, quando tomassem independência, ficaria tão satisfeito como Simeão.»

Lembramos que o Profeta Simão Gonçalves Toco declarou que, na véspera do seu nascimento, a Europa se deparara com um fenómeno. Tiveram visto um sinal de luz no céu que se movimentava em direcção a África. Contudo, eles não viram onde tal luz tivera descido. Por isso, ordenaram os missionários para que localizassem a tal luz. Os missionários que se encontravam em Kibokolo, estes tiveram a sorte de achar a tal luz onde tivera descido. Por isso, o amparo todo que passaram a dar ao Toco não porque quiseram ver o seu bem. Mas o tempo que esteve com eles a viver na Missão – como já dissemos - os missionários realizavam vários rituais para ver se tal luz se retirasse da África e voltasse para a Europa onde tivera sido visto primeiro. Só que, como não era essa a vontade de Deus, por isso conseguira ele escapar das suas mãos e frustrados os seus intentos. E isto não se pode ignorar, porque o amor que eles dedicaram ao Toco, comparativamente com o que chegaram de oferecer às outras crianças, é muito demasiado profundo.

Realmente, existe diversos testemunhos internamente e por fora muito material escrito sobre o Tocoísmo. Mas os escritores não espelham tudo. Cada um que escreve tem sempre consigo uma finalidade, ou pretende saber algum pormenor. Os aspectos que mais têm interessado os estudiosos são aqueles de natureza política, sociológica e antropológica.

Todavia, há necessidade de fazermos uma abordagem aprofundada do Tocoísmo como um fenómeno total, quer dizer em todas as suas dimensões. Pois, temos de aceitar o facto de que os próprios tocoístas não conhecem de modo adequado a sua própria realidade, por causa da escassez de fontes documentais ou talvez movidos por uma cega fé; ou crença total em lendas e ficções. E a esta nova geração de membros se incumbe a responsabilidade de criar as condições necessárias, para que o Tocoísmo possa aparecer bem estampado como mais um Livro Sagrado que a humanidade terá acesso. Livro Sagrado, pelo carácter sagrado da própria religião. Hoje a literatura existente é mais descritiva da trajectória da vida do Profeta Simão Gonçalves Toco; mas sua mensagem divina não foi ainda escrita e publicada. Logo, se pode concluir que o Tocoísmo existe apenas nas cabeças das pessoas e às vezes de modo diferente nos corações, o que produz as diferenças doutrinárias que temos vindo a assistir. Assim se pode concluir o Tocoísmo como religião não existe, daí o carácter de seita ou heresia cristã que outros a tendem atribuir. Isto porque, as pessoas que viveram e conviveram directamente com o Profeta Simão Gonçalves Toco andaram a silenciar os seus actos e ditos, da mesma forma como a Igreja Católica Romana quis silenciar o livro da Lei e os Profetas e do Evangelho de Cristo. E neste momento, podemos dizer que o que resta do Profeta Simão Toco, são as suas epístolas que não deixam de constituir-se num documento de base para a compreensão do Tocoísmo.

MUITOS TOCOÍSTAS NÃO CONHECEM BEM SUA PRÓPRIA IGREJA

A nova geração de tocoístas surgida na década de 70, na sua maioria não conhecem bem ainda a sua própria Igreja, por isso se rendem tão facilmente a qualquer espécie de informação que se lhes chegam. Uns aceitam tudo o que se lhes vem dizer e outros quando deparam-se com informações confusas desvalorizam imediatamente esta e buscam novos rumos. É assim que o Tocoísmo assiste menos ingresso de novos membros e mais desistências dos jovens. Mas, este quadro negro pode mudar, havendo boa vontade e melhor visão dos que dirigem a Igreja em elaborar um documento contendo todos os princípios fundamentais do Tocoísmo.

Hoje, vivemos uma crise idêntica a já vivida no Islão, isto é aquando a morte do seu Profeta Muhammad «Maomé». Havia uma série de pensamentos e julgamentos sobre o desaparecimento físico do Profeta Maomé. Uns diziam que o Profeta morreu; outros diziam que não morreu, pois que em breve voltaria; e outros ainda tinham perdido a sua fé no mesmo momento. Os discursos eram tantos, mas o objectivo era de acalmar o povo de Deus que se encontrava bastante chocado com a morte do seu Profeta. Mas, um homem chamado Abubakre, apercebendo-se da multiplicidade de opiniões que se emitiam, tomando a palavra, disse: “Ó gentes! Se vós adorais a Muhammad, sabei que já morreu, mas se é a Deus que adorais, então sabei que Deus está vivo, nunca pode morrer.» O mesmo homem prossegue citar uma das passagens do falecido Profeta: «Muhammad não é senão um Mensageiro, outros mensageiros vieram antes deles, acaso se ele morrer ou for morto, voltareis para trás (a incredulidade)? Quem assim proceder em nada prejudicará Deus, pois Deus recompensará os agradecidos.»[2] Fora deste modo que os muçulmanos conseguiram livrar dos vários mitos criados em torno da morte do seu Profeta.

Posteriormente, o movimento da juventude islâmica, para terminar com a deturpação que vivia, pôs a compilar todos os princípios fundamentais do Islão para os compor num livro. A publicação do referido livro, marcou o fim de todo tipo de heresia que se tinha levantado no seio do Islão.

Não falamos disso somente no Islão, mas a sobrevivência e expansão do Cristianismo se deve pelo dos seus seguidores terem decidido escrever e incluir o seu ensinamento no livro sagrado de A Lei e os Profetas, o que deu origem a Bíblia Sagrada.

E nós, os tocoístas, será que não estamos em condições de seguirmos a mesma via dos outros? De certo que podemos. O Coro Nova Esperança já conseguiu marcar alguns passos neste sentido: compilou as epístolas do Dirigente Simão Gonçalves Toco, extraiu delas todas as suas directrizes e conseguiu fazer um levantamento de importantes materiais sobre as causas do conflito Tocoísta, assim como de outros que enriquecem a historiografia do Tocoísmo. No entanto teria sido este, um dos trabalhos, que todos os jovens deveriam se preocupar ao longo dos anos. É esta a forma de acabarmos com a onda de deturpação que assistimos que os vates, em nome do espírito de Simão Toco, têm vindo a introduzir na Igreja. Só escrevendo e publicando em livros, jornais e folhetos, o que o Profeta Simão Gonçalves Toco disse e deixou escrito, conseguiremos parar com as heresias (doutrinas estranhas) que estão ser introduzidas na Igreja. O nosso princípio fundamental deve ser sempre de que «Deus não se contradiz.» Quer dizer, o Profeta Simão Toco, na qualidade de Enviado de Deus, não pode contradizer-se. E ele, no dia 25 de Dezembro de 1982, foi bem claro em dizer: «O nosso trabalho terminou. Nós já não temos dívida de Cristo, mas Cristo é quem agora ficou com a nossa dívida.» Quer dizer, nós, os tocoístas, ficamos agora a espera de Jesus Cristo que virá julgar as obras de cada um e pagará a cada um consoante o seu trabalho. Está bem claro de que o nosso pagamento virá de Cristo, é o que lemos também da Bíblia.

Se as coisas fossem escritas, pelo menos, no seu discurso de 25 de Dezembro de 1982, o Profeta Simão Gonçalves Toco teceu importantes considerações e deixou boas recomendações aos tocoístas em geral, mas que nunca chegaram aos ouvidos de todos. Por isso, os malvados se aproveitaram para escandalizarem o povo de Deus.

CUIDEMOS COM OS ESPÍRITOS QUE NOS VÊEM FALAR EM NOME DE TOCO
Contudo, devemos ter muita cautela com os espíritos que vem junto de nós a falar em nome do Simão Toco, mas abracemos o Espírito Santo.

Os espíritos já surgiram muitos e enganaram há muitos; até os escolhidos, uns estão a ser enganados. Este espírito que hoje está a ganhar tanta primazia em toda a Igreja, não é novo. E poderá deixar muita gente fora do Reino de Cristo, se não tomarmos medidas para travar o seu alastramento na Igreja. E uma das medidas, é aquela que já dissemos: colocar ao dispor de todos os tocoístas o verdadeiro ensinamento do Profeta Simão Gonçalves Toco. E sabemos desde já, que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo não se reunificou até aqui por causa da primazia que se deu ao tal espírito que vem falar em nome do Toco. E a juventude tocoísta, por desconhecimento da verdade, acredita muito neste tipo de espírito. Isto, é o caso concreto do temos vindo a observar no nosso irmão Afonso Nunes. Hoje, apesar da tanta deturpação que está a praticar na Igreja, ninguém consegue contrariar-lhe, porque as pessoas não têm bases suficientes para fazê-lo. Os anciãos e conselheiros, que estão dentro da matéria, já não o podem fazer, porque o irmão Afonso Nunes tirou-lhes todo o poder de decisão sobre os assuntos da Igreja. Ele é agora o Chefe espiritual deles por um mandato vitalício. Quer o vate Mvemba Ambrósio, o secretário-geral Simão Kibeta, o representante Luzaisso António Lutango, o secretário da cultura Samuel Mambo Domingos e muitos outros, estão conscientes que o tal espírito está a engendrar novas doutrinas na Igreja. Vate MVemba Ambrósio – não sabemos se ainda habita com Arcanjo Miguel – sabe muito bem que no tempo deles, até o próprio Deus que ordenou o Toco a relembrar a Igreja de seu Filho, também descia; mas quando quisesse falar, dirigia-se ao Tabernáculo. Os espíritos dirigem-se ao Tabernáculo por serem invisíveis e nós só conhecemos eles através das suas mensagens. É por aquilo que eles nos vem dizer, as suas mensagens que tomamos conhecimentos e conseguimos avaliar se um tal espírito que ficou a identificar-se em nome de Abraão, Emanuel, Elias, Simão Toco, Kimbango, Moisés, se é ou não de Deus. Porque na Igreja descem muitas categorias de espíritos: espíritos dos anjos, profetas, mensageiros, génios dos rios, génios do mar, demónios. Porém, tornou-se hábito em todos eles se apresentarem com os célebres nomes dos Profetas de Deus. É este o combate contra o espiritismo que o Profeta Simão Toco tivera declarado.

Fisicamente, o Dirigente Simão Toco já não se encontra entre nós. Ele morreu, contudo deixou-nos o seu Espírito Santo. Deste modo, temos de estar todos preparados para a batalha contra o mal, o espiritismo.

Portanto, a hora é esta de levantarmos bem alto as nossas vozes, para declararmos à humanidade em geral acerca da importância do Tocoísmo na resolução dos inúmeros problemas que o mundo se encontra a viver. Não esperemos que outros falem por nós, porque jamais o farão. Não esperemos que outros escrevam por nós, mas temos de fazê-lo nós mesmos. Cada um que tem algum testemunho, um documento ou algo interessante, que tenha boa consciência de o apresentar, para que outros também possam ter acesso a sua informação. Pois, este é, também, o momento de esclarecermos o mundo as questões que foram levantadas por vários pesquisadores ou encontram-se estampadas em vários livros.
CULTIVANDO O AMOR À LEITURA

Nós temos de aprender ouvir e ler. Muita coisa que não nos pode ser dita, podemos buscá-la nós mesmos a partir dos livros, jornais ou outros documentos. Ler faz bem. Faz-nos saber muita coisa.

Na realidade, na Igreja temos muitas pessoas que não lêem outros livros, além da Bíblia e do livro de hinos. Isto é um erro, principalmente da parte dos dirigentes da Igreja. Um dirigente, ancião e conselheiro ou pastor que não lê, nunca melhorará o seu trabalho, por não aperfeiçoar os seus conhecimentos. Hoje, no mundo existem inúmeros títulos religiosos; isto é muitos livros que se debruçam sobre os mais variados temas sobre a palavra de Deus. Existem vários livros sobre a história das religiões, sociologias e filosofias da religião, livros teológicos, escritos por autores ligados às diferentes religiões e independentes. Se você não lê, como tomarás conhecimento dos diferentes conteúdos hoje escritos sobre a religião. Diversos autores religiosos e independentes têm vindo a falar também acerca do Tocoísmo, mas se você não lê, como há-de tomar conhecimento do bem e do mal que escreveram sobre a sua religião?

Existem livros que falam da gestão administrativa, organização dos recursos humanos, lideranças, etc. que os dirigentes devem estar familiarizados.

A Igreja celebra a 25 de Julho a descida do Espírito Santo em África. E existe uma grande gama de literatura que se debruça sobre o Espírito Santo e que nos podemos servir para melhorar a nossa compreensão sobre o fenómeno ou base de comparação do conhecimento que temos da nossa realidade. Por exemplo, temos observado uma certa deficiência de conhecimentos da parte de muitos dirigentes nossos na exposição de matérias concernentes o Espírito Santo e os dons espirituais. E um dos maiores motivos que faz arrastar os tocoístas a correrem atrás de indivíduos que se dizem ser únicos possuidores de Espírito Santo. É certo, se os dirigentes não se encontram devidamente preparados, que se espera do povo que dirigem?

O Profeta Simão Toco, que todos seguimos, era amante da leitura. E quando se deparasse um bom título, ele recomendava até os membros da Igreja a comprar. Vamos cultivar o hábito de leitura na Igreja. Porque, só lendo, melhoraremos os nossos conhecimentos.

No entanto, temos de criar o hábito de leitura. Todo dirigente religioso deve criar uma pequena biblioteca evangélica em sua casa e deve contribuir para a criação de bibliotecas e salas de leituras na Igreja.

BUSCA CONSTANTE DA VERDADEIRA REUNIFICAÇÃO DA IGREJA

Faz muito tempo desde que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo vem sofrendo a crise de divisão. Alguns remontam a crise a partir da morte do Dirigente, mas outros dizem que a divisão se consumou a partir da Igreja, a 19 de Setembro de 1982, quando os anciãos e conselheiros do facção Prenda-Palanca ou Igreja de “Mboma”, pró Cúpula na Direcção Central da Igreja, Luanda, residentes em Ntaya – Maquela do Zombo proclamam um novo advento do «espírito» derramado na Igreja para vir aniquilar o trabalho iniciado por Simão Toco e seus principais seguidores, tendo deste modo aqueles declarado a sua separação com os tocoístas oriundos do Colonato do Vale do Loge.

O Dirigente Simão Toco, quando tomou conhecimento do sucedido, mandou chamar para Luanda os principais cabecilhas. Toco condenara veementemente o comportamento do Regedor do Ntaya, senhor João Zinu, e de todos quanto faziam parte da acção. Por outro, tivera repreendido o Espírito de «Simão Toco» que habitava na anciã e conselheira Kunga.

Finalmente, para fechar o cenário, o Dirigente Simão Toco mandara-os abrir no Livro de S. Mateus 24:15. E esclareceu: «O objecto de abominação que vem escrito neste livro, és tu Regedor João Zinu e todos do teu grupo». E por muito tempo, aquela facção ficou conhecida por “Igreja de Mboma”[3] Tudo isso podemos falar e falamos nas jornadas anteriores e talvez com maior profundidade. Mas a pergunta persiste, como poderão os demais outros terem acesso às respectivas informações. Alguém terá de escrever, mas quem e com que recursos?

OS SACRIFÍCIOS ATÉ AQUI CONSENTIDOS PELOS 12 MAIS VELHOS

Nesta fase, é de reconhecer os esforços dos 12 Mais Velhos na mediação da crise que a Igreja vive até presente momento. Foram esforços enormes, mas se saíram mal sucedidos, porque outros dirigentes da Igreja – diga-se os anciãos e conselheiros da Cúpula – trabalharam muito não na mesma perspectiva dos 12 Mais Velhos que visava a verdadeira reconciliação e reunificação da Igreja; mas, sim, intenção da Cúpula dos Anciãos e Conselheiros sempre consistiu na busca de vantagens que permitisse o aniquilamento doutras Direcções, desafiando neste sentido a própria Direcção dos 12 Mais Velhos.

Para implementar a sua estratégia, os anciãos e Conselheiros da Cúpula, responsáveis pela divisão da Igreja, a quem o Dirigente na altura denunciara os seus actos nos livros de Salmos 41:5-9 e Salmos 69:27-28, usaram de todos as técnicas, a mentira, a difamação, a corrupção, para atingir o seu fim. Inclusive, nesta sua acção maléfica, eles contaram com a cumplicidade alguns dirigentes do Governo do MPLA e do Partido Unita. Podemos dizer que muitos deles envolveram-se no conflito Tocoísta, buscando ajudar a facção dos Anciãos e Conselheiros da Cúpula e da Facção Ntemo António (Igreja de Mboma) que levantaram-se para destruir a Igreja. É no apoio que recebe de certos dirigentes do Estado que o espiritismo conseguiu ganhar muito espaço na Igreja. O Espiritismo encontrou acomodação na Cúpula dos Anciãos e Conselheiros e na Igreja do Mboma (Ntemo António).

Por isso, se reflectirmos profundamente acerca dos dois capítulos bíblicos pronunciados pelo Dirigente Simão Toco, para se referir das práticas destes, chega-se facilmente a conclusão que os anciãos e conselheiros da Cúpula foram cúmplices na triste morte do Dirigente Simão Toco. Mas, também, é de reconhecer que em parte se isso aconteceu assim, porque também se ficou a dever do desleixo dos 12 Mais Velhos que na referida altura – se por excesso de confiança nos seus correligionários – deixaram o Dirigente sozinho abandonado nas mãos daqueles malfeitores que deixaram-lhe apodrecer ainda vivo. Pois não teve quem cuidasse dele no momento da doença, isto segundo informações que fomos ouvindo de alguns anciãos e conselheiros da Igreja e ao longo de algumas pregações.

E Simão Toco não foi um homem cruel para que no fim da sua vida faltasse alguém que tomasse conta dele. Mesmo que havia de morrer, mas que os 12 Mais Velhos ou seus familiares consanguíneos estivessem próximo dele para lhe tratarem, como a um outro doente qualquer, para que não chegasse de morrer em estado de putrefacção como morreu. Portanto, grupo Cúpula que foi autor por este acto condenável era – como se diz - na altura,  liderado pelo primeiro Pastor Kutendana João (?); mas outros afirmam que o principal cabecilha foi o ancião e conselheiro Panzo Firmon. Soubemos que, um dia depois da morte do Dirigente Simão Gonçalves Toco, o ancião e conselheiro Panzo Firmon tivera convocado um encontro geral de reunião com todos os membros da Tribo de Damba, sua tribo de pertença, tendo feito a seguinte declaração: «O Dirigente Simão Toco morreu. A Igreja vai precisar um novo dirigente. No entanto, o novo dirigente da Igreja se chamará Panzo Firmon. E vocês, a partir de hoje já não sois mais dignos de vos tratar de tocoístas, mas agora, passareis a vos chamardes de ‘panzuístas’.» Fim da citação.

Também, importa aqui referir que, a afirmação do irmão Afonso Nunes, de que tivera sido consagrado pelo pastor Kutendana João, só serviu para confirmar nossa suspeita no que concerne a autenticidade ou pureza do seu espírito. E ficou, para nós, bem notório: “Estamos diante dum espírito demoníaco que opera sob a capa de Simão Toco, mas que não é verdadeiro espírito de Simão Toco.” Todavia, nem todos conseguem notar isso, apenas os mais lúcidos o conseguiram. Mas de tudo isso, a verdadeira causa está na falta de informação no momento que as pessoas precisam.

O pastor Kutendana João arrependeu-se mais tarde e morreu uma semana depois de ter abandonado a Cúpula dos Anciãos e Conselheiros. Antes da sua morte, deixou orientação à família, segundo a qual, na sua morte, o seu ritual fosse realizado pelos 12 Mais Velhos.

O Panzo Firmon, antes da sua conversão no Tocoísmo era falsificador de dinheiro de magia. E em 1965, participa do desvio de dinheiro dos cofres da Igreja. O mesmo volta a envolver-se no escândalo financeiro perpetrado pelos Anciãos e Conselheiros da Cúpula e que se torna uma das primeiras causas da divisão da Igreja. E em 1984, o Panzo Firmon declara publicamente a divisão da Igreja e proclama uma nova Direcção Central da Igreja.

Realmente a verdade dói, mas deve ser dita. Mas, acreditamos nós que, o irmão Afonso Nunes que está a se intitular de Simão Toco, nem sequer conhece a veracidade dos factos. Ele não está a usar da verdade ao afirmar ser o único corpo que habita com o espírito do «Simão Toco». Pois, o que sabemos, todo verdadeiro tocoísta tem o Espírito Santo pedido por Toco em 1946, durante a Conferência Internacional Missionária Protestante e descido no dia 25 de Julho de 1949. Este é o Espírito de Deus que trabalhou com Simão Toco, trabalha no seio dos tocoístas e guia a Igreja. Ou noutras palavras, todos os tocoístas recebemos, cada um, uma porção do Espírito do Simão Toco. Ele morreu, mas deixou-nos o seu Espírito Santo. O tocoísta que não tem Espírito Santo, espiritualmente, anda morto.

No entanto, o espírito que vem habitando no corpo do irmão Afonso Nunes tem sua origem na efusão demoníaca de 19 de Setembro de 1982, ocorrida na localidade de Ntaya – Maquela do Zombo.

Todavia, não nos sentimos desencorajados acerca disso. A batalha é ainda muito forte, mas com o nosso dinamismo, espírito de entrega ao serviço, nós venceremos, porque Deus é connosco. Temos o poder do Espírito Santo. Alguns governantes se não conseguem entender a nossa causa, por não terem a ciência consigo; por desconhecer o princípio de imparcialidade nos seus julgamentos. Promoveram o espiritismo em cima, mas depois irão ressentir-se das consequências deste em qualquer país.

Nós encorajamos os 12 Mais Velhos a elaborarem uma estratégia de resgate das almas que foram desviadas. Temos de começar criar factos ou actividades de grande impacto, para sermos ouvidos por todos que existimos. Devemos ter coragem e prudência de realizarmos um movimento interno de quadros, tendo em conta as competências de cada um. Deve haver um maior reforço no quadro pastoral e de pregadores. Temos de incutir nos nossos dirigentes a mentalidade de andarem no interior e exterior do País. As viagens devem ser constantes, e assim termos uma Igreja em pleno funcionamento.

Finalmente, queremos apelar aos 12 Mais Velhos para que realizem um serviço espiritual para todos os Tocoísta, apelando há uma melhor presença e um envolvimento maior do Espírito Santo em acções de resgate dos membros em todas as localidades. Estamos a recordar a fórmula usada na altura para implantação do Tocoísmo na região de Mukaba. Simão Morreu, mas o Deus está e continuará sempre vivo.

Temos de abrir seminários permanentes na Igreja, onde os membros, particularmente os dirigentes, deverão adquirir ou melhorar os seus conhecimentos em matérias de religião. É, no entanto, este carácter de seminário que se revestem as V Jornadas do Coro Nova Esperança e representam uma homenagem ao Fundador do Tocoísmo, Profeta Simão Gonçalves Toco e todos quantos sacrificaram suas vidas para que a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo voltasse a erguer-se. Ámen.

LUANDA, JANEIRO
2009


[1] O que vai afectar a nossa harmonia virá dos vossos corações, pois conheceis as minhas pretensões.
[2] Mohamad, Sheik Aminuddin, “Muhammad, o Mensageiro de Deus”, pp382-383.
[3] Termo Kikongo que significa Jibóia.

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