Por: António Neves Álvaro[1]
Culto em Luanda em 1975
Nos
últimos tempos, tem sido possível o conhecimento e a compreensão das diferentes
sociedades, culturas e suas reacções face aos rápidos processos de
transformação social geradores de instabilidades sociais, graças aos aturados
estudos das religiões realizados pelas Ciências
das Religiões, estudos estes que permitem entender melhor a razão de ser
dos povos e civilizações que se globalizam e que em muitos casos vêm produzindo
múltiplos apelos à violência e aos «fundamentalismos»
face ao “choque de civilizações[2]”.
Razão
pela qual, falar dos desafios da globalização
para o Tocoísmo, é um exercício complexo e muito arriscado, isto, pela
originalidade do tema, da dimensão do fenómeno e do seu impacto directo nas
várias civilizações, sociedades, culturas, povos e religiões, que de forma
inesperada viram-se envolvidas numa situação estranha, que lhes impõe novos e sérios
desafios para a sua sobrevivência enquanto realidade social.
Nesta
apresentação, vamos procurar abordar o tema numa perspectiva que nos possa permitir
analisar transversalmente o fenómeno, muito mais na sua dimensão cultural, e
assim podermos compreender como os Tocoístas agem/reagem e se ajustam/resistem
perante este conjunto de transformações globais (politicas, económicas,
tecnológicas, culturais, religiosas, ideológicas e espirituais) e como tiram proveito do mesmo para a
expansão e globalização do Tocoísmo, sem perderem a sua essência identitária.
Daí
a importância que se reveste o estudo do
Tocoísmo[3], pois, mais dia, menos
dia, o Tocoísmo reagirá ante a padronização
cultural que resulta da globalização e que rapidamente relativiza todas as
culturas no mundo dentro dos valores ocidentais da modernidade liberalista. Na
verdade, não gostaríamos que a reacção
do Tocoísmo aos efeitos nefastos da globalização trouxessem fechamentos, tensões ou violências para com outras culturas e religiões no
mundo.
1.1.
Globalização/mundialização
O
termo globalização[4]tornou-se
comum para designar o fenómeno da modernidade que surge com a evolução das tecnologias de comunicação de massa que
são cada vez mais rápidos, eficazes e baratos5.
E resulta do acesso universal dos meios de comunicação de massa, onde a sua
face mais visível é a internet, a
rede mundial de computadores que possibilita um fluxo de trocas e intercâmbio
de ideias, de informações e não só em todo mundo. A globalização como tal6, é um «processo de interacção e integração entre as pessoas, empresas e
governos organizações religiosas, Igrejas, etc, de diferentes nações, culturas
e civilizações». Este processo tem sido impulsionado pela política e pela evolução tecnológica das últimas décadas, e aproxima, interliga,
expande valores e realidades locais para todo mundo e pretende uma integração
do mundo e do pensamento em um só mercado7.
Anthony
Gindes define-a como sendo “a
interdependência crescente entre povos diferentes, regiões e países em todo
mundo, na medida em que as relações económicas e sociais abrangem todo o mundo”
(693:2004).
O
termo globalização é muito mais usual em países como a Inglaterra e Alemanha,
ao passo que os Franceses utilizam a expressão “mundialização” para
identificar o «conjunto de transformações
mundiais8». Mas a popularização do termo globalização deveu-se muita mais a
influência da língua inglesa sobre os profissionais do mundo
económico-financeiro. E para além da utilização da palavra “mundialização”, em torno do termo globalização também gravita a
palavra “internacionalização9”.
E
vários defensores da globalização afirmam que este processo permite que as
populações e sociedades mais pobres tenham um rápido desenvolvimento económico,
dando-lhes a possibilidade de melhorarem os seus padrões de vida. Mas os que
defendem o contrário são de opinião que a criação
dum mercado livre sem restrições tem beneficiado apenas as empresas
multinacionais do mundo ocidental, em detrimento das empresas locais10. Dai que a resistência à globalização (movimento anti-globalização11) tomou forma quer a nível de governos,
como das populações por via das organizações da sociedade civil.
São factores
globalizantes, as mudanças políticas verificadas desde o fim da segunda
guerra mundial (1945), o rápido crescimento das formas de governação regionais
e internacionais, a difusão cultural
ocidental, as novas e intensificadas formas de produção e de consumo
(transnacionais), o avanço tecnológico e
sua difusão (fluxo de informação, a comunicação diversificada e via
satélite, a internet, telefone, fax, etc…), o crescente poderio das forças
globalizantes, isto é, os meios de comunicação globais (meios de comunicação de
massa, internet, a multimédia, as redes sociais, a publicidade, etc).
A globalização causou profundas mudanças no mundo que
transforma permanentemente as nossas vidas, verificando-se actualmente a
intensificação da interdependência; a transformação dos sistemas globais,
quebrando as formas padronizadas ou tradicionais da vida; aproximação crescente
entre países, povos, nações e culturas; a intensificação das redes comerciais
(integração económica e financeira) e as novas formas de produção e de consumo
que são cada vez mais globais.
Quanto aos seus riscos,
cabe-nos afirmar que a globalização é um processo de integração social aberto e contraditório, com
consequências difíceis de se prever e controlar12.
São vários os perigos e riscos, e que vão desde os ambientais, resultantes do aumento do
ritmo e de desenvolvimento industrial (a poluição, o aquecimento, a
desflorestação, etc); os de saúde -
uso de produtos químicos na alimentação, vírus, uso de transgénicos; a desigualdade cada vez maior entre ricos
e pobres, criando assimetrias regionais dependentes, etc.
Logo, a globalização ao não ser um fenómeno pacífico, apresenta aspectos positivos e negativos para
o Tocoísmo, pois, os Tocoístas actualmente ao invés de mundializarem os seus
valores, infelizmente procuram a todo custo «mundanizarem o Tocoismo13», devido a sua preocupação em
ajustarem-se a dinâmica do mundo, esquecendo-se que com a descida do Espirito
Santo, o Cristianismo havia sido Relembrado em 1949.
A perspectiva da acção do Tocoísmo ao enquadrar-se no “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a
toda criatura (S. Marcos 16:15)”, que foi reafirmado por Toco na Assembleia
Geral ocorrida em Mahenge no dia 26 de Julho de 1949 quando anuncia que “a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo foi
relembrada ontem dia 25.07.1949 e toda
autoridade sobre ela me foi dada por Nosso Senhor Jesus Cristo, ide transmitir à
toda gente tudo quanto vistes e ouvistes neste lugar”, a sua acção visa a reevangelização dos Cristãos e não só, e consequente conversão na
Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo relembrada em África.
1.2.
Tocoísmo
Para
esta reflexão, usaremos a definição14 concebida
pelos próprios Tocoístas. Para Nzila (2008:18), o Tocoísmo "é uma doutrina religiosa fundamentada no verdadeiro ensinamento
de Jesus Cristo, que liberta o homem das trevas do pecado. É um cristianismo
puro, a autêntica doutrina de Cristo e que havia sido ocultada ao longo dos
séculos", que teve a sua origem em 25 de Julho de 1949 em Leopoldville
actual Kinshasa, com a Relembrança15 da Igreja de Cristo fundada por Jesus
Cristo no ano 33 d.C. e deixada aos Apóstolos.
E
enquanto ideologia16, o Tocoísmo afirma-se como um movimento renovador de valores, que se pretende a escala mundial,
sendo uma força que procura influenciar a marcha do mundo visando a instauração
do reinado de Cristo. Esta ideologia tem por fim proceder a revisão de valores no mundo, assente
nos ideais espirituais transmitidos
por Deus à Simão Gonçalves Toco e pelo Espirito Santo. Esta ideologia
fundamenta-se em três elementos revisionistas:
·
Na visitação de Deus17 à segunda casa, a casa de Esaú após a
Casa de Jacob ter sido visitada;
·
Na Relembrança religiosa e espiritual;
·
E no resgate da bênção perdida por Esaú18.
Logo,
o Tocoísmo enquanto crença religiosa e
ideologia, veio pautar a fé e a conduta dos Tocoístas, modelando os
seus hábitos, costumes e «maneira de
pensar, sentir e agir» dentro da perspectiva do messiado evidenciado por Simão
Gonçalves Toco.
Visto
desta maneira, o Tocoísmo apresenta-se na sociedade global, como uma realidade
social portadora de todos os principais elementos
geradores de resistências e de reacções ao relativismo cultural do globalismo
capitalista. Aliás, o seu hino oficial «Voluntários
de Cristo em fileira19» composto
por Simão
Gonçalves Toco em Luanda em 1962, é uma autêntica declaração à guerra santa Tocoísta, ao
proclamar uma luta
por Cristo, «contra o mundo e contra as paixões do mal», apelando deste
modo a militância dos Tocoístas na guerra “da qual nasce a paz»,opondo-se assim à tudo que fere a moral de Deus no
mundo.
1.3.
O Tocoísmo perante os
valores da modernidade liberalista
Iniciaremos a abordagem deste item com uma
interessante e interrogante questão: Que
valores o Tocoísmo defende na sociedade?Será que os valores que defende são
compatíveis com os difundidos na sociedade moderna liberalista?
Fruto
da nossa constatação e militância no Tocoísmo, podemos afirmar que os Tocoístas são defensores de uma “perfeição
social e de nobres princípios elementares para a existência de uma humanidade
de paz, de concórdia, de amor, sem ambições desmedidas e sem conflitos”, por
isso opõem-se a tudo que fere a moral de Deus como já nos referimos. “O Tocoísmo trouxe valores sociais mais
cómodos para se viver num mundo de perfeita harmonia e paz”, tal como se
disse na obra «A Ideologia dos Tocoístas».
Do
levantamento até aqui realizado em torno do Tocoísmo pelo movimento literário
do GCNET, apurou-se que com a Relembrança, Simão Gonçalves Toco e o Espírito
Santo trouxeram ao mundo valores como o amor, a generosidade, a espiritualidade, a honestidade, a humildade, a solidariedade, o humanismo,
o amor à natureza e a espiritualidade. E estes valores difundidos pelo Tocoísmo,
de antemão estão em oposição à certos
valores da modernidade liberalista,
e são uma alternativa aos valores do liberalismo individualista capitalista, isto é, uma nova forma de estar
na sociedade moderna20. Também
foi possível verificar que o Tocoísmo surge e implanta-se em sociedades
modernas, e é um fenómeno sincrético religioso de autóctones que emerge nas
sociedades modernas, afirmando-se como uma religião de todos os tempos. Só por
isso, trouxe consigo valores do antigo testamento e outros
novos valores espirituais que se fundem com os da modernidade e da cultura
africana.
Logo,
do ponto de vista de valores, podemos afirmar seguramente que o Tocoísmo não é compatível em muitos aspectos com grande parte dos
valores difundidos pelo liberalismo
capitalista na sociedade moderna, muito
menos com os valores que o comunismo difundiu num passado muito recente, mas sim,
por um meio-termo21. Deste
modo, a abertura que o Tocoísmo admite aos crentes (escolhas,
opções e preferências individuais), deve pautar-se dentro dos parâmetros e valores pré-estabelecidos por Deus. A sua
acção deve cingir-se dentro da ética espiritual,
onde muitos dos seus aspectos são incompatíveis com os valores liberalistas e individualistas da cultura ocidental.
Daí
a razão do Tocoísmo privilegiar a solidariedade
em detrimento do individualidade/individualismo (a
liberdade do indivíduo de auto decidir o que quer, o que julga ser melhor para
si) e o comunitarismo ao invés do liberalismo (a competitividade e a
livre concorrência no mercado). É também
incompatível com o comunismo propalado
pela ideologia Marxista-Leninista que negava a existência de Deus e defendia o
primado da matéria sobre o espírito.
Um
outro aspecto que o Tocoísmo defende é o princípio
da naturalidade na humanidade. Os
preceitos da Igreja conformam estes valores e ao mesmo tempo os conserva, pois, estão intimamente
ligados com a sua espiritualidade,
uma vez que um dos pressupostos da fé do Tocoísta tem haver com a sua conduta
moral e cívica, e sendo o cumprimento das normas (preceitos) o princípio
fundamental da fé, logo quem viola uma das normas, torna-se incrédulo. Isto
porque quando o profeta orienta que algo deve ser assim, aquilo faz parte da fé
do crente. Neste caso, a função fundamental da fé é fazer renascer o crente e por
este facto, os Tocoístas
tornaram-se numa nova criatura em
Cristo na sociedade. É aí onde reside a relação entre fé e os valores defendidos
pelos Tocoístas. Quem tem fé, satisfaz o que Deus requer de si; quem se
identifica e porta-se mal como Tocoísta,
é sinónimo de que não tem fé e opõe-se aos ditames de Deus22.
Aqui está o que se tornou hoje num verdadeiro dilema social para o
Tocoísta e provavelmente no futuro
serámuito mais ainda: aceitar os
ditames de Deus (ditos e feitos dos Profetas) ou abraçar os valores da modernidade que se opõem grandemente aos ditames
de Deus. Resumindo, grande parte dos valores ocidentais da modernidade
afastam-no de Deus.
A
crença dos Tocoístas é um princípio unificador, pois, todos crêem em Jeová Deus
Todo-poderoso; em Jesus Cristo, o Salvador e no Espírito Santo, o Consolador.
Acreditam ainda na Relembrança da Igreja de Cristo; que Cristo virou o casaco; no
retorno físico-corporal de Mayamona no final dos tempos; na unicidade e
indivisibilidade do Tocoísmo; na assistência espiritual do Espírito Santo e dos
Mensageiros através do Vaticínio,e na origem espiritual dos preceitos da
Igreja.
Do
estudo que vem sendo realizado pela Nova Esperança Tocoísta a respeito dos «ditos e feitos» de Simão Toco, foi
possível compreender que ele mostrou o caminho do bem que conduz o homem a
salvação e a vida eterna, a felicidade dum além que se contrasta com a
felicidade dum estado mundano, terrestre e temporal. Em outras palavras,
diríamos que Deus idealizou a Relembrança da Igreja de Cristo que havia
desaparecido no mundo, para cumprimento do seu plano. E este caminho é: a perfeição cristã face a degeneração dos
verdadeiros ensinamentos de Cristo; a instauração de um movimento de salvação
universal inspirado e iluminado pelo Espírito Santo. Aqui a espiritualidade
é sinónimo de fraternidade, justiça social, solidariedade, alegria, amor a
natureza e a intimidade com o sobrenatural. Logo, emerge uma visão
revolucionária de uma nova e suprema ordem mundial, face ao colonialismo e as
injustiças sociais no mundo e uma forma de expressão sociocultural e de
autodeterminação cultural de um povo oprimido.
Para Simão Toco, Cristo governará este mundo. O projecto de
acção Tocoísta é algo por demais ambicioso e visa produzir uma revisão de valores no mundo; elevar a
humanidade à um estado de perfeição espiritual e natural - o
aperfeiçoamento da humanidade; a conquista e melhoramento do status
social dos verdadeiros adoradores de Deus; bem como a instauração de
uma nova ordem mundial Tocoísta sob reinado de Cristo na Cidade Santa do
Grande Rei e de um movimento de salvação universal inspirado e iluminado pelo
Espírito Santo.Deste modo, o Tocoísmo afirma-se como um factor activo na evolução
sociocultural das comunidades no mundo e aspira a ocorrência de
mudanças sociopolítico a escala mundial, combatendo assim os obstáculos do
verdadeiro progresso humano.
1.4. Pensadores
sobre o Tocoísmo
Cultos no Bairro Indigenas em 1975-76
Na sequência da nossa abordagem, é imperioso que
saibamos como esta categoria de actores do Tocoísmo está constituída, pois, à
si pesa a responsabilidade de projectar o Tocoísmo no mercado global.
A priori, os pensadores no Tocoísmo são elementos que
detêm um certo conhecimento científico, mas também exibem um saber
Tocoísta - conhecimento espiritual Tocoísta. Estes dois conhecimentos devem
ser dominados por esta categoria de Intelectual25.
1.4.1. Ideólogos
Tocoístas
Para
que o Tocoísmo até aqui se pudesse firmar, houve na verdade pensadores que
souberam interpretar o projecto de Deus implementado por Simão Toco desde o
Coro de Kibokolo, cujas acções foram determinantes no percurso da acção
Tocoísta. Porém, enquanto único gestor
da agenda da acção dos Tocoístas, o protagonismo de Simão Toco até 1984 foi
excessivamente evidente, ofuscando grandemente a mente de muitos dos seus
seguidores, que por este facto, abdicaram-se da sua acção racional.
Não
obstante ao que acabamos de referir, é possível apontar alguns ideólogos Tocoístas que se bateram para
a materialização do projecto Tocoísta.
Destacam-se os Mensageiros (Profetas
e Anjos)26 que assumiram a nobre
missão de assessorarem os Tocoístas em toda a sua acção mediante o vaticínio,
mas que têm a sua esfera de actuação limitada e dependente do consentimento dos
responsáveis da Igreja; os Anciãos e
Conselheiros que velam pela vida espiritual e doutrinária da Igreja, discernindo os bons dos maus espíritos,
fiscalizando a acção dos Vates e cooperando com os Mensageiros na concretização
dos desígnios de Deus na terra. Seguem-se os Vates, os Visionários27e os escassos pensadores que o Tocoísmo teve até muito recentemente28, não obstante os Redactores exercerem um edificante papel neste período de afirmação
e de implantação do Tocoísmo.
1.4.2. Intelligentzia
Tocoísta(Pensadores sobre o Tocoísmo)
Para a revista Tocomania edição nº
01, esta categoria de pensadores sobre o Tocoísmo“refere-se ao conjunto de pensadores
com mentes iluminadas, dedicados em actividades intelectuais, capazes de
fornecerem uma visão compreensiva do mundo (ideal Tocoísta), visando a purificação da Igreja, a disseminação da
ideologia e do saber Tocoísta, bem como a reconstrução da sociedade em que
estão inseridos, tendo como base edificadores, os valores espirituais emanados
por Deus, a saber, a espiritualidade, o humanismo, a solidariedade, a humildade,
o amor etc.Daí a Intelligentzia Tocoísta ser um movimento de
intelectuais, que possuem atitudes criativas, amantes da verdade e dos valores legados por Simão Toco à humanidade,
opondo-se deste modo a imobilidade e irracionalidade actualmente evidenciadas
pelos Tocoístas”.
Quanto a sua constituição, refere
que “este movimento está constituído por
vários Intelectuais Tocoístas e não só, mas que por ora trabalham isoladamente,
estando na forja a criação pela Nova Esperança Tocoísta do MLT: Movimento Literário Tocoísta, que visa tão-somente aglutinar todas ideias e sinergias tendentes
a harmonizar as acções racionais desenvolvidas pelos Tocoístas na sociedade. Pelos
seus feitos e empenho em prol do conhecimento e divulgação da essência do Tocoísmo,
é indiscutível que o GCNET-Grupo Nova Esperança Tocoísta adstrita a Direcção -
12 Mais Velhos, está na vanguarda deste movimento de Intelectuais Tocoístas,
mas fazem parte dele os Escritores Tocoístas, incluindo a emergente Editoria
Mumbeliana, os investigadores sociais, os estudantes universitários que
defendem suas teses sobre o Tocoísmo, dentre outros produtores intelectuais”.
A Intelligentzia Tocoísta deve agir
dentro das orientações e do princípio de obediência no «espírito e letra» do pensamento de Simão Toco(seus «ditos
e feitos»). Estes não devem evidenciar o seu racionalismo exacerbado
como tal, que possa pôr em causa o projecto
de acção do Tocoísmo emanado por Deus e apresentado por Mayamona. A fonte
deste para estar viva deve ser inspirada permanentemente pelo Espírito Santo
que detém todos os dons e sabedoria. Fazendo isto, a Igreja dos velhos tempos estará de volta, pois, o estudo
sistemático do pensamento dos Tocoístas, permitirá que se tenha exposta a rica
e imensa realidade ocultada até aqui e que se aloja em suas mentes.
1.4.3. Tocoistólogos
Já
na era pós «hibernação Tocoísta», o
despertar Tocoísta trás consigo uma nova categoria de pensadores que
fazem parte da Intelligentzia Tocoísta: os
Tocoistólogos que têm a missão de resgataremos genuínos valores do Tocoísmo e
realizarem os mais variados estudos em torno do Tocoísmo enquanto fenómeno
social29, numa perspectiva cientifica
e/ou Teológica. Quem são e o que fazem?
Aqui
vamos encontrar de início duas
categorias de Tocoistólogos: os Tocoístas e os Investigadores sociais não
Tocoístas. A nível dos Tocoístas, a Nova
Esperança Tocoísta desde 2004 desencadeou um movimento literário Tocoísta,
com abordagens numa perspectiva académica-teológica e que tem ajudado
grandemente no despertar dos Tocoístas, pois, trás constantemente novos dados,
interpretações e correcções sobre os «ditos»
e «feitos» de Simão Toco, tidas como
esquecidas ou ocultadas no Universo Tocoísta. O impacto que tiveram as obras já
produzidas, tem contribuído significativamente no processo de reevangelização e
de recuperação dos genuínos valores do Tocoísmo. Também é salutar o valioso
trabalho de mestrado de Abel M. V. Paxe
sobre as «Dinâmicas de Resiliência Social
nos Discursos e Práticas Tocoístas no Icolo e Bengo». Fazem parte desta
categoria, as várias monografias de Tocoístas, artigos, revistas, sites e blogs
que se debruçam sobre o «discurso e
prática» de Simão Toco e dos Tocoístas.
A
nível dos não Tocoístas, temos a destacar dois investigadores sociais que em
Portugal trabalham seriamente nos arquivos relacionados com o Tocoísmo
existentes na Torre do Tombo recolhidos pelo Governo colonial Português. Tratam-se
do Antropólogo Português Ruy
Blanes e da Historiadora Brasileira
Cléria Fereira e que felizmente têm partilhado este
material de valor acrescentado sobre a Igreja e os Tocoístas.
É tarefa dos Tocoistólogos na era pós hibernação
Tocoísta (depois de 25.07.1999):
· Defender a essência e pureza do Tocoísmo;
· Realizar os mais variados estudos em torno do Tocoísmo;
· Proceder estudos
sistemáticos sobre o pensamento de Simão Toco, dos Ngunga Ngele e dos
Tocoístas em torno daquilo que se pode chamar de: o pensamento filosófico, social, político, económico, tecnológico,
jurídico, matemático, psicológico, sociológico, terapêutico, arquitectónico,
artístico, antropológico, estilístico, comercial dos Tocoístas;
· Resgatar a memória colectiva dos Tocoístas, tendo em vista
a reposição do seu património histórico;
· Produzir a História
Geral do Tocoísmo;
· Divulgar o Ideal
e o projecto de acção Tocoísta;
· Resgatar os genuínos valores do Tocoísmo, suscitando
uma onda afirmativa de sentimento Tocoísta que penetrará no Universo Tocoísta;
· Resgatar a identidade dos Tocoístas30;
· Trabalhar no processo de Tocoistização da sociedade31,
visando a salvação do mundo e instauração do reinado de Cristo, cuja cidade
santa estará no norte de Angola;
· Reparar os erros e falsidades até aqui introduzidos no
Tocoísmo, chamando os pérfidos Tocoístas a razão;
· Definir os passos que devem ser dados à longo prazo,
com vista a criação de um Fórum de
Convergências Tocoísta ou uma Convenção
Tocoísta, que terá como finalidade a congregação de todos actores do
Universo Tocoísta e a formulação dos princípios sociais que regerão a sã
convivência pacífica na sociedade;
· Conformar a
ordem Tocoísta, que regerá a
sociedade que emergirá na Cidade Santa do Grande Rei;
· Anunciar o
evangelho de Cristo relembrado em África.
A trajectória
da acção literária no Tocoísmo apresenta-nos o seguinte percurso dos seus actores: 1º os Redactores/Escreventes
e os Escritores não Tocoístas (1943-1984); 2ºos
Copistas (1943 a actualidade);
3º os Escritores Tocoístas
(desde 1998); 4º os Tocoistólogos (desde 2004) e que
culminará com o surgimento do MLT-Movimento Literário Tocoísta ou a Intelligentzia Tocoísta como tal.
Também
foi possível verificar que no período de 1971 à 1984, alguns Redactores/Escreventes em Luanda e
Ntaya produziram documentos (relatórios circunstanciais da Igreja e Biografias
do Dirigente), baseando-se em fontes
orais não credíveis, ignorando por e simplesmente os Ngunga Ngele que exerceram
significativos papéis na Igreja no período de 1949-1961. Este erro foi seguido
pelos Escritores Tocoístas que desde 1998 vêm publicando
suas obras e que se basearam unicamente nos escritos dos Redactores/Escreventes
de que nos referimos há pouco32. Daqui
se pode facilmente compreender que na literatura Tocoísta exista várias correntes que estão ancoradas
na tradição oral e escrita dos seus respectivos Anciãos33.
1.5. Tendências do revivalismo
Tocoísta após um período de hibernação
Vale do Loge - 1950-1961
Não
nos seria possível falar dos desafios da globalização para o Tocoísmo, sem que
para tal disséssemos como se manifesta a dinâmica activística dentro de si e que
grupos estão mais propensos a reacções positivas e negativas deste fenómeno.
Daí que é imperioso que estudos sejam feitos, para que proporcionem elementos
fiáveis que sirvam de base para a avaliação do Tocoísmo quanto ao seu
ajustamento ou resistência as múltiplas transformações globais que se operam no
mundo. E para este trabalho, importa que falemos como se manifesta o
revivalismo Tocoísta, após ter observado um período de 15 anos de «hibernação».
Não
é novidade para ninguém dizer que a morte de Simão Toco provocou um tremendo
assolo no Tocoísmo, levando a um retrocesso marcado de mortes, prisões, lutas
de poder, separações, inimizades e ódio profundo entre irmãos. O período de
1984-1999 foi de autêntico distanciamento e desencontros, onde muitos Tocoístas
esqueceram-se dos ensinamentos que receberam, uns escandalizaram-se e outros
tornaram-se em verdadeiros inimigos da Igreja, combatendo-a de várias formas.
Logo,
estes 15 anos podem ser caracterizados como tendo sido um período de uma certa
estagnação, de profunda crise e de um estado de hibernação Tocoísta. E a
desunião destes foi acelerada pela acção do misticismo espiritista e pela desinformação religiosa (mentira), uma vez que surgiram muitos «pseudo enviados-mensageiros», todos em
nome de Simão Toco, e com práticas e discursos contrários, remetendo a
população Tocoísta numa tremenda confusão. Por este facto, é fácil compreender
como registaram-se estes acontecimentos, se tivermos em conta que nesta época
poucos conheciam os «ditos» e os «feitos» de Simão Toco, e os que
discerniam os «enviados» eram também
poucos, daí que a Igreja foi toda ela remetida na situação acima descrita.
Mas apesar
de tímidas, também houve acções positivas neste período, muito particularmente
em Luanda, visto que para além do
fenómeno «ressurgimento de Simão Toco» que tornou-se prática na maior
parte dos grupos Tocoístas, verificou-se igualmente manifestações de nova efusão do Espírito Santo em Luanda
e Ntaya, as primeiras tendências de
retorno ao Tocoísmo autêntico, o ecumenismo entre Tocoístas, a construção
do templo da «Igreja Mundial» e a
realização do Jubileu Tocoísta que teve lugar no dia 25 de Julho de 1999, por
sinal num domingo.
Deste
quadro negro, emergiram vários grupos no
seio dos Tocoístas e dentre muitos, vamos aqui avaliar apenas quatro categorias de revivalistas Tocoístas e suas
respectivas tendências internas que se apresentam activamente na sociedade.
Os
factos aqui descritos são verídicos, não reflectem o pensamento do autor desta
dissertação e grande parte deles foram apresentados e defendidos por cada um
dos grupos a quando dos processos de reunificação e reconciliação dos Tocoístas
ocorridos de 1986 à 1998, processos estes que produziram uma vasta quantidade
de documentação que pode ser consultada por qualquer investigador.
1.5.1.
Principais tendências revivalistas no activismo Tocoísta
Tal como já referimos, o revivalismo
Tocoísta actual está marcado por quatro principais tendências que resultam
das suas respectivas matrizes
identitárias e ideológica-doutrinais34, produzindo
também quatro principais variantes
do Tocoísmo, a saber: a variante
Padrã ou Ngunga Ngele, a variante Modernista, a variante Tradicionalista e a variante Etnicista, tendo como actores, os
principais grupos que emergiram no seio da Igreja após a morte do Dirigente,
que são: os Doze Mais Velhos (a
designação sempre existiu na Igreja desde 23.11.1949 - são os antigos
discípulos de Simão Toco e membros do Coro de Kibokolo desde 1943 e que está na
origem da Igreja), a Cúpula, o Mboma, as 18 Classes e 16 Tribos e outros grupos de menor expressão no Universo
Tocoísta. Cada um destes grupos, desde Março de 1984, de forma unilateral vem disputando a
liderança Tocoísta e reclama ser a legítima linhagem de sucessão35 do
legado deixado por Simão Gonçalves Toco, produzindo dinâmicas e realidades
Tocoístas díspares, com discursos e práticas contrários aos de Mayamona - Simão
Gonçalves Toco.
Com excepção da
Direcção da Igreja dirigida pelos Doze Mais Velhos que têm no Coro de Kibokolo
a linhagem espiritual deixada por
Simão Toco e dos do Mboma que procuram a todo custo adoptar o princípio de sucessão pela linhagem consanguíneo de
Simão Toco, os demais grupos Tocoístas engendraram a estratégia de liderança
utilizada pela Cúpula, consubstanciada no fenómeno ressurgimento de Simão Toco, que face a forte regionalização
Tocoista (veje na pagina nº 31) assiste-se
actualmente a tendência de etnização de
Simão Toco, onde algumas «Tribos da
Igreja» procuram fazer emergir dentro de si o seu Simão Toco, como estratégia de ascensão à liderança, tendo
como recurso o misticismo espiritista36
e a mentira religiosa37.
E
para a sua descrição, utilizaremos como critério de avaliação os seguintes
aspectos: 1. Origem do grupo; 2. Sua constituição; 3. O que o diferencia dos outros
grupos; 4. Onde e como assimilou os
«ditos e feitos» de Simão Toco e como
as põe em prática; 5. Qual o seu
despertar hibernético; 6. Qual o seu grau de desvios ao Tocoísmo Padrão38; 7.
Suas dinâmicas internas; 8. Rostos mais visíveis.
Revivalistas Conservadoritas - Ngunga
Ngele
Coro Voluntários de Cristo em Fileiro - Luanda/2000
Constituído
na sua maioria pelos Ngunga Ngele que implantaram o Tocoísmo em várias
localidades e em condições adversas, tendo convertido para a Igreja de Cristo
povos com realidades socioculturais diferentes, sendo eles Bakongo, repatriados
de Leopoldville para várias partes de Angola e não falantes das línguas locais
(o português, Kimbundu, Umbundu, etc). Foram seus principais eixos de acção no
país de 1950 à 1961: 1º Vale do
Loge/Norte de Angola/RDC; 2º Luanda/Noroeste
e Centro/Nordeste; e 3º Benguela/Centro/Leste e Sul de Angola. Os
integrantes deste Grupo estão na origem do surgimento do Tocoísmo, pois, a
partir do Coro de Kibokolo puderam assimilar os «ditos» de Toco e vivenciaram os seus «feitos» ao longo do período de 1943-1984 e suas práticas religiosas
estão muito próximas do Tocoísmo Padrão difundido por Simão Toco e pelo Espírito Santo. Esta tendência do Tocoísmo vive uma experiência ímpar, com suas
dinâmicas internas, onde a sua linha dura (a dos Radicalistas) procura manter a
sua posição hegemónica perante a Puritana e as sempre emergentes correntes Reformistas
e Pragmáticas, sem esquecer da dinâmica dos Ana Ngunza, e todos procuram
legitimar também as suas realidades históricas, culturais e sociais na Igreja. Muitos
dos Ana Ngunza que constituíram a Casa
de Oração, após longo tempo de afastamento, no ano de 2000 regressaram a sua
procedência. De notar que a «disputa»
existente em Luanda desde 1962 entre os Ngunga Ngele de Luanda/Benguela (Radicalistas)
e os do Vale do Loge/Ntaya (Puritanos)39,
vem gerando uma certa imobilidade no seu seio, por causa do conflito instalado
entre os defensores do primado da espiritualidade
e do retorno na Igreja dos valores Tocoístas a ela relacionados (Vale do
Loge/Ntaya - «Igreja rural») como
premissa da acção, e os defensores do primado da autoridade administrativa da «Igreja urbana» e da intelectualidade40.
Esta situação em parte resulta da autonomia que as três «Igrejas» gozavam até 1961 (a Igreja do Colonato,
de Luanda e de Benguela), como consequência directa dos condicionalismos
causados pela liberdade vigiada imposta pela PIDE e pela Administração
colonial. O seu grau de desvio ao genuíno
Tocoísmo não é muito acentuado, mas do ponto de vista espiritual nota-se
uma certa crise no exercício dos dons espirituais que possuem, isto, na gestão
da acção da Igreja. Também verifica-se que na actual configuração do Colégio
dos 12 Mais Velhos, estão representados elementos do Grupo dos Radicalistas
Conservadores e dos Puritanos moderados41.
Os
rostos mais visíveis dos protagonistas
Conservadoristas são: Daniel Araújo Mfinda, Pedro Ntumissungu Cardoso, Manuel
Toco Diakenga, Sebastião Muntu Makunzi,
Pedro Nzila, Mpululu Joseph, Muanga Pedro, Luvualu David, Mbona Pedro, Mavembo Sebastião, Makuikila Monteiro, Pedro Kanga,
Makolokila João, Donfonso Fernando Manzambi e Vuamambu João David, dentre
outros. Tem como principais tendências internas os seguintes grupos: os Radicalistas, os Puritanos, os
Reformistas, os Ana Ngunza
e os Pragmáticos.
Revivalistas Modernistas - Cúpula
Simão Toco rodeado dos responsáveis da Cúpula (Modernistas)
Até
aqui foi possível verificar que a sua principal característica reside no seu
activismo e protagonismo evidenciado desde os anos de 1955 ardilosamente em
assumirem a liderança da Igreja. São os evangelizados pelos Ngunga Ngele
(conservadores da pureza do Tocoísmo, quer os Puritanos, como os Radicalistas)
e sua principal frente opositora em Luanda e Benguela, que firmaram-se no
Tocoísmo e impuseram a sua própria dinâmica ante a liderança dos Ngunga Ngele
que tiveram dificuldades de se afirmarem nos centros urbanos (modernos) com uma realidade sociocultural
diferente da de Leopoldville, mas portadora de valores sociais urbanos, que
também foram evidenciados por Simão Toco que teve uma educação
ocidental, oferecendo-lhes a oportunidade de adoptarem estilos de vida muito
virados a ociosidade (glória mundana
e temporal), incompatíveis na altura aos valores Tocoístas baseados na
espiritualidade. O Grupo emerge a partir das Comunidades que surgiram, quer nos
principais centros urbanos do país, quer no seu interior, como consequência
directa da ausência de uma supervisão e fiscalização orientadora das
actividades da Igreja por parte dos Ngunga Ngele no período de 1950 à 1974, e
as novas elites que aí emergiram, impuseram a sua lógica de acção no Tocoísmo. Com
excepção da evangelização via epístolas, assimilaram os «ditos» e certos «feitos»
de Simão Toco através dos Ngunga Ngele que não foram muito profícuos na sua contínua
acção evangelizadora, daí os vários desvios que se verifica ante o Tocoísmo
Padrão. A tendência que emerge da Cúpula é a mais intrigante, pois, é produto
das suas fortes dinâmicas internas, marcadas pelas lideranças de Mpanzu
Filémon, Kutendana João
(Sengher), Afonso da Silva Botaz (Benguela), António Ferreira Lopes “Mfwenge”, Vemba
Ambrósio (Mbasi a Mbuta), Lopes Cayengue, José Carlos Pinto (Cabinda) e de outros42, contendo no seu seio muitos funcionários
da Administração do Estado. No quadro da disputa da liderança da Igreja, sempre
foram hábeis em forjaram factos religiosos e espirituais (misticismo Tocoísta)
que marcaram em parte o triste percurso do Tocoísmo de 1955 à 2000, pois que,
apoiando-se algumas vezes numa base numérica de crentes (Igrejas Urbanas; Tribos Norte, Sulana, Weste e Bembe; mantendo até aqui
desinformado os seus sedentos e ansiosos
crentes que não tiveram a oportunidade de interiorizarem e assimilarem os «ditos» e reais «feitos» de Simão Toco que deliberadamente são ocultados à estes)
e noutras em fenómenos como a politização
do Tocoísmo (violando categoricamente o preceito da não filiação
partidária), a etnização de Simão Toco através
da sua suposta aparição/ressurgimento/personificação,
tem sabido tirar proveito das fraquezas das outras grupos, tendências internas e
das oportunidades ímpares oferecidas pela Administração do Estado, visando a
sua manutenção, liderança e agora, a transformação da Igreja enquanto
Instituição Social que se globaliza, num gigantesco império no mercado globalista (Evangelho Social), que o levará
evidentemente a desfazer-se de grande parte dos genuínos valores espirituais do
Tocoísmo (preceitos) que se mostram inibidores ante o pluralismo e o relativismo
cultural globalista, como mais a frente nos iremos referir. Com o novo modelo
de organização religiosa adoptado em 2000 (Episcopado), as forças internas ou
tendências de pendor Misticista, Reformista e Pragmática tendem a diluir-se numa nova realidade Tocoísta em
formação, sob mando inicial da ala Radicalista
Modernista mas que por hora é gerida pelo Staff eleito pelo Bispo Afonso
Nunes. E todos aqueles que não se revêem neste princípio de acção religiosa
estão a separarem-se, pois, as dinâmicas internas neste grupo não ocorrem sem
conflitos de vária natureza. Aconteceu
com a nova e expressiva tendência
Centro-Sul do Bispo Primaz Osório Marcos (este grupo também já produziu
dissidências dentro de si) ancorado no Mensageiro de Kapelongo (1996-2000), com
o fenómeno Zazismo em Agosto de 2012
(Soyo e a Classe da Calemba em Luanda) e vai acontecer brevemente dentro das
Tribos de Ntaya/Maquela do Zombo e Norte, por causa do problema relacionado com
Sacerdotismo consanguíneo instituído
na Igreja e do estatuto religioso
que se procura dar aos familiares de Simão Toco que não consegue reunir
consensos, pois, qualquer uma das opções a serem adoptadas, ferirá os
princípios que proporcionaram o acordo de união entre a Cúpula e o Mboma43.
Dentro
desta categoria podemos encontrar as seguintes tendências internas mais
enérgicas: os Radicalistas, os Misticistas, os Reformistas, os Filhos
dos Bons Seguidores e por último os
Pragmáticos.
Revivalistas Tradicionalistas - Mboma
De
acordo a vasta documentação sobre o assunto, o revivalismo tradicionalista teve
a sua origem visível em Agosto de 1962, quando Simão Toco decide fixar no Ntaya
antigo os Tocoístas deslocados de guerra do Colonato do Vale do Loge e que
entram em choque com os Tocoístas da Comunidade de Ntaya aí residentes,
situação que vem se agravar ainda mais de 1964 à 198244. Sua principal característica foi o
esforço que empreendeu desde 1962 (com a criação da Regedoria de Ntaya,
principal missão Tocoísta depois do Vale do Loge), em adequar o Tocoísmo aos
valores difundidos pela religião Kidista
existente na região do Zombo antes do surgimento do Tocoísmo, um pouco estudado
por Silva Cunha45. As fontes internas do Tocoísmo
apontam como sendo uma das principais fontes
do espiritismo no Tocoísmo46 e de desestabilização
da acção dos Ngunga Ngele no Ntaya e em Luanda, a partir do «casamento» que houve entre estes e a
Cúpula nos finais dos anos 70 e início de 80. Antes do seu «casamento» com a Cúpula, afirmou-se como a principal frente de afronta e conflitualidade espiritual à Simão Gonçalves Toco (caso Sebastião Lucila em 1969/70 e Maria Kunga e João Zino nos anos 1976/82), aos
Tocoístas provenientes do Colonato do Vale do Loge residentes no Ntaya, de desvio as normas do Vaticínio na Igreja
e da tentativa de imposição do princípio de sucessão consanguíneo de Simão Toco na liderança Tocoísta. Esta tendência
sempre esteve aliada à Cúpula em
oposição aos Doze Mais Velhos (Ngunga
Ngele), tendo o 1º Pastor Kutendana João
como um dos principais elos de ligação (a principal evidencia disto foi a
criação da IPPL-Igreja Prenda Palanca-Mboma e o rito que realizam no Sadi na
campa do pai de Simão G. Toco, Ndombele Lobitopo). Não tiveram a possibilidade
de assimilarem de Simão Toco os «ditos e
feitos», mas sim através dos «Puritanos»
e pouco puseram em prática, visto que o caso «Lucila» os distanciou ainda mais de Simão Toco. Em Setembro de 1982
regista-se a divisão de Ntaya em duas parte e Pedro Massukinini, Mbela Nod,
declara o fim destes com o reforço que recebe do abismo de onde solicitara “7.000 espíritos malignos47”.
Com a vinda do Bispo Afonso Nunes, a principal revindicação desses irmãos
prende-se com a pretensa necessidade de“Nkambanização” Tocoísta do
Ntaya, um antigo projecto que tem sido difícil de implementar no Tocoísmo e
que num futuro breve resultará num verdadeiro «conflito patrimonial Tocoísta» de proporções inimagináveis e que
envolverá não somente o Governo angolano (tendo recentemente ditado o destino
político dos dois últimos Administradores do Município de Maquela do Zombo),
mas também os titulares do Governo Provincial do Uíge, do INAR-Instituto dos
Assuntos Religioso, dos Ministérios da Justiça e Cultura, a própria presidência
da República como ocorreu em 1988 e quiçá, a reedição na versão Tocoísta do
eterno conflito Israelo-árabe sobre a posse de Jerusalém, um conflito religioso
de carácter espiritual entre os Puritanos/Radicalistas Conservadoristas - «Tocoístas
espiritualistas» e os Tradicionalistas/Radicalistas Modernistas «Tocoístas
espiritistas». O projecto do controlo unilateral do túmulo de Simão Toco e da sua família por parte da união
Mboma/Cúpula, será um dos principais factores deste provável “conflito” na era global. Dito de outra
forma, é um contra censo dentro do Universo Tocoísta a pretensão hegemónico
desta «união Tocoísta» em
unilateralmente apropriar-se do património do Tocoísmo de que não foram
actores, mesmo sabendo que é uma obra de muitos e que os seus protagonistas dos
anos 50 (Luanda e Loge) e 60 (Ntaya) estarem ainda em vida e fazerem parte de
outros Grupos Tocoístas. E isto levanta várias inquietações: o porquê desta
atitude conflituosa? Quais são as suas verdadeiras motivações perante esta situação?
Quem são os seus ideólogos e o que pretendem alcançar com estes actos?
Os
rostos mais visíveis deste grupo são:
João Zino, João Mabingabinga, Domingos Videira, Sebastião Lucila, Maria Kunga, Pedro Massukinini (Mbela
Nod), António Soki, Ntemu António Kissenda, Domingos Luwawa e Paulo Pedro, dentre outros. Tem como
tendências na sua acção os seguintesTocoístas: os Misticistas, os Reformistas e os Pragmáticos.
Revivalistas Etnicistas - 18 Classes e
16 Tribos
O
último grupo de revivalistas Tocoístas é o que devido ao seu «fechamento», pouco se tem para dizer. Constituído
na sua maioria pelos Tocoístas da Região Kimbundu (Catete e Malange), Lestes de Angola e convertidos no Tocoísmo de
1962 à 1974. Em Luanda, foram muito activos nas actividades da Igreja, mas apenas
tiveram contacto com os «ditos» de
Simão Toco por via das epístolas e quando em vez, através dos Anciãos dos
Radicalistas Modernistas que muito se conflituavam e raramente dos Radicalistas
Conservadoristas. Depois da morte de Simão Toco, sua principal característica residiu
na tentativa de adaptar etnicamente a liderança da Igreja, à liderança política
então evidente em Angola (MPLA), acção protagonizada por alguns responsáveis de
Catete que utilizaram o espiritismo e o fenómeno ressurgimento de Simão Toco
(José Canhanga e Mateus Rogério). E estes se mostraram radicais (tentativa do
uso do Vaticínio para atingir fins políticos) e quiseram associar o facto de
Simão Toco ter sido ungido por Deus em Catete em Abril de 1950, terra natal do
Presidente António Agostinho Neto, para transformar esta localidade num santuário Tocoísta e no Centro das teofanias de Deus no Tocoísmo,
projecto que foi retomado actualmente pelo Bispo Afonso Nunes. Resta-nos saber
como o grupo das 18 Classes e 16 Tribos reagirá em função deste projecto que
saiu da sua alçada. Com as carramuças ocorridas em 1986 e 1987 que resultaram
na morte e prisão dos elementos propensos a politização do Tocoismo48, os
Misticistas separaram-se dos demais (Mateus Rogeiro e Tabernáculo do
Senhor) e para alguns destes, verifica-se um novo período de «hibernação Tocoísta», onde os
Pragmáticos pressionam os Reformistas a serem mais ousados e cooperativistas
com os grupos moderados dentro do Universo Tocoísta. O fechamento continua a
ser uma das suas características actuais mais evidentes. Por falta de
informação religiosa, nestes revivalistas há um acentuado desvio ao Tocoísmo
Padrão e foram seus protagonistas: Cristóvão
Tavares, José Kanhanga, Mateus Rogeiro, Gabriel Simão Manuel, Tiago dias da
Costa, João Pedro Alfredo, José António Victorino, Rui Mário Sachivama, João
Simão, António Adão Tomé, António Monteiro, Ernesto Dias Messo, dentre outros.
São
suas principais tendências internas são: os
Radicalistas, os Misticistas, os Reformistas e os Pragmáticos.
Apurar
os traços que caracterizam os distintos «grupos
internos» dentro do Universo Tocoísta, é mesmo uma tarefa difícil e que
requer um aturado trabalho de campo. Mas partindo da nossa experiencia naquilo
que constitui o quotidiano dos Tocoístas, bem como a literatura existente, vamos
procurar descreve-los tendo em atenção os seguintes aspectos: 1. O que defendem ou combatem? 2.
Como está marcado o conservadorismo
Tocoísta, o modernismo Tocoísta, o tradicionalismo
Tocoísta, o etnicismo Tocoísta
em cada um destes grupos que se interlaçam? 3. Como interpretam os ensinamentos de Simão Toco e os adaptam ao
progresso social e científico? 4. Suas clivagens? 5. Suas fortes inclinações a certos temas candentes e 6. De que tipo de Tocoísmosão
partidários.
· Radicalistas (Conservadoristas, Modernistase Etnicistas)
Emergem
todos em Luanda (Igreja Urbana), mas a sua configuração começa a ser melhor desenhada nos conflitos de 1964-1974, tendo o
«caso
Zander50» de Março de 1964 proporciado o maior momento de clivagens entre os mesmos. O aparecimento das Consolações em 1965 e posteriormente as
Classes e os 40 Mancebos, só veio dar corpo e estrutura das tendências então patentes, situação que ficou muito claro com
o surgimento oficial das Tribos em 1975-76 e com o aparecimento da Cúpula de
Anciãos e Conselheiros no periodo do «Buraco» e das prisões - de Junho de
1976 à Janeiro de 1979. São partidários de uma ideologia hegemónica (radicalismo
nas suas posições), cujo activismo sempre foi evidente.
Estão representados pelas figuras que lideraram o protagonismo da Igreja em
Luanda de Agosto de 1974 até as separações formais dos Tocoístas ocorridas em
Abril de 1984 entre Modernistas e
Conservadoristas/Etnicistas com Panzu Filemon
e Kutendana João a frente e em 1986 entre (Conservadoristas e Etnicistas com
Muanga Pedro e Cristóvão Tavares a liderarem. Cada um destes Radicalistas defende
o Tocoísmo a sua maneira, mas todos com
o seu enfoque direccionado no primado da
liderança da Igreja e têm uma forte inclinação na politização do Tocoísmo
(menos os Conservadoristas). É preciso não perder-se de vista que a existência
de três correntes de Radicalistas
(Conservadoristas, Modernistas e
Etnicistas) têm a sua respectiva génese baseada em factores que não será
possível ser abordado neste trabalho. Para eles, os ensinamentos de Simão Toco
devem ser seguidos à risca quando se trata de liderarem a Igreja, mas em relação
a fonte do Tocoísmo para as suas
acções, buscam-na nos seus respectivos Anciãos que se divergem quanto ao
conteúdo dos «ditos e feitos» de Simão Toco e somente os Radicalistas
Modernistas procuram adaptá-los ao progresso social e daí tirar todas as
vantagens materiais e sociais dela decorrente. Daí o aparecimento de
Reverendos, Bispos e outras designações renunciadas outrora pelo próprio Simão
Toco.
As
três tendências de Radicalistas têm clivagens com os Puritanos. De 1984 à 1987
registaram-se entre os Radicalistas Modernistas e Etnicistas fortes conflitos
que afectaram muitas famílias, e ao mesmo tempo verifica-se fortes afinidades dos dois com os respectivos
Misticistas de cada grupo. São partidários de um tipo de Tocoísmo que os
caracteriza: o Tocoísmo padrão, o Tocoísmo moderno e o Tocoísmo
popular.
· Puritanos (Conservadoristas)
Os
Puritanos e os Radicalistas Conservadoristas têm a mesma origem - o histórico Coro
de Kibokolo em Leopoldville, mas dividiram-se em Fevereiro de 1950 quando uns foram
enviados para o Colonato do Vale do Loge51e outros para Luanda e mais tarde alguns de Luanda foram enviados para Benguela. Valeu-lhes o epíteto de Puritanos,
pelo facto de no período de Fevereiro à Novembro de 1950 trabalharem arduamente
com Simão Toco no processo de implementação de uma série de acções de índole sacerdotais
e espirituais no âmbito da implantação
da Igreja de Cristo no mundo após sua relembrança em 25.07.194952. Com eles e somente eles, Simão Toco
depois do encontro com Deus em Catete em Abril de 1950,cria as verdadeiras
condições para o saudável funcionamento da Igreja que devia ser conduzida pelos
Tocoístas na sua ausência física, isto é, durante as suas deportações e exilo.
Daí a institucionalização do Vaticínio na Igreja, a criação do Tabernáculo e as
várias realizações que executa até 11 de Novembro de 1950, data que se retira
do Vale do Loge em direcção ao Sul de Angola. E estes acontecimentos vieram
demonstrar a natureza divina e universal da Igreja relembrada em Leopoldville.
Puritanos também porque continuam defendendo a pureza espiritual do Tocoísmo que se perdeu nos últimos tempos.
Para eles, o primado da espiritualidade
é a premissa incondicional da acção religiosa e são acérrimos do puro
exercício do vaticínio no Tocoísmo e da conservação do património espiritual do
Tocoísmo (ditos, feitos inéditos de Simão Toco e práticas Tocoístas até aqui não
reveladas no Universo Tocoísta), principal causa da sua recusa por parte dos Místicistas
tradicionalistas e pelos Radicalistas Modernistas.
De
1950 à 1984, sempre estiverem em áreas rurais (Vale do Loge e Ntaya) e estão
representados pelas figuras que travaram fortes disputas com os Revivalistas
Tradicionalistas no Ntaya e os Revivalistas Modernistas em Luanda
(particularmente de 1979-1983 pela afeição de Simão Toco por eles). São seus protagonistas Daniel
AraújoMfinda, Pedro Ntumissungu Cardoso, Manuel Toco Diakenga, Sebastião
Muntu Makunzi, Pedro Nzila, Domingo Afonso Nzila Pereira, Pedro Mumbela, Augusto
Mfumuzingi, Sebastião Binga Nimba Toco, dentre outros53.
Tem
relações ténuas, mas não discordantes com todos os grupos que defendem o legado
espiritual deixado por Simão Toco, quer com os Ana Ngunza, Reformistas e Pragmáticos.
A sua acção em Luanda está bloqueada/condicionada pelos
Radicalistas Conservadoristas e os seus Ana Ngunza e Reformistas, encontraram na
Nova Esperança Tocoísta, no Coro de David, Voluntario de Cristo em Fileira e
noutros Grupos constituído por jovens, o seu local propício de actuação, onde
desenvolvem suas acções em prol do Tocoísmo. São partidários de um Tocoísmo genuíno ou seja, o Tocoísmo
padrão.
· Reformistas (Conservadoristas, Modernistas, Tradicionalistas e
Etnicistas)
A
reforma na Igreja (o reformismo Tocoísta)passou a ser apanágio dos
Tocoistas54a partir dos apelos de Simão Toco nos idos anos
de 1971-1974, e esteve associada ao
pecado e a desordem dos Tocoístas, por
causa das suas lutas de poder e incompetências dos líderes da Igreja de então.
Como se disse nas Profecias de Mayamona,
rodapé nº 101, pág. 87,“na visão de Toco,
esta reforma era global, desde o interior de cada um até o social, passando pela
restruturação e adaptação da Igreja aos ventos dos tempos modernos. …A tónica
do discurso da sua correspondência de 1971 à 1974, para além da resolução dos
vários problemas que lhe colocavam resultantes dos conflitos entre Tocoístas,
estava assente em apenas dois aspectos: na
reforma no Tocoísmo e na evangelização
daqueles que não conheceram os seus anúncios nas etapas anteriores.
Infelizmente os responsáveis da Igreja nesta altura, não cumpriram com as suas
orientações”.
Numa
das passagens das suas epístolas, dizia Toco: “Este ano é o ano de arrependimento. Este ano é o ano de pedir perdão
a Deus dos nossos pecados e diga tudo o que fez a Ele. I S. João 1:9. À partir
de agora, todas as desordens que haviam nos tempos passados não podem mais
existir. Começamos a orientar a Igreja de 1973 até a sua vinda, mas há no Tocoísmo
pessoas que não querem cumprir a reforma
e estão se tornando hipócritas e escarnecedores. Durante os anos a seguir, continuarão as reformas. Seguir-se-ão
novas ordens na Igreja. Nós também vamos fazer uma reforma na nossa Igreja de
Cristo. Vamos tirar certas leis Tocoístas e aumentar algumas porque o mundo
religioso de hoje está fazendo reformas. Temos de facilitar certas coisas que
fazem desviar os servos de Cristo noutros caminhos e vamos cumprir o que a
Bíblia manda. Portanto, a reforma da Igreja continuará. Cedo ou tarde essa
Igreja há-de ser encontrada pelo próprio dono, Cristo Jesus”. In: Profecias de Mayamona, pag. 87-88. No
entanto, a reforma devia ser feita tendo em atenção o princípio espiritual da Igreja:
a Relembrança e o Vaticínio. Logo, a mesma estava
relacionada com o seu activismo e
não com o seu relativismo ante aos
credos e dinâmicas das demais religiões como se verifica hoje em grande medida
nos Reformistas e Modernistas.
Os
Reformistas emergem nos centros urbanos
nos mais variados quadrantes da sociedade Angolana e em Tocoístas com uma certa
instrução, quer escolar como religiosa (algumas
vezes, com instrução ou influência religiosa não Tocoísta que procuram
introduzir no Tocoísmo). Estes aceitam os «ditos» do profeta, mas reclamam reformas profundas na Igreja em
quase todos sectores, principalmente na sua doutrina e preceitos, apelando ao
pluralismo Cristão de que o Tocoísmo se defende. Também clamam pelo atraso que
se verifica na Igreja por razões de ordem religiosa (fechamento do Tocoísmo).
Os
Reformistas são todos partidários de um Tocoísmo moderno ou
de um modernismo Tocoísta, que deve ser mais pluralista, ecuménico e
mais aberto ao progresso religioso. São pouco apegados aos rígidos preceitos da
Igreja e tendem a adoptar um Vaticínio muito mais virado ao avivamento
espiritual e carismático de pendor pentecostalista (quer o de origem
ocidental/Brasileiro, como o que provem da RDC). Logo, o Vate usando o seu
carisma e prerrogativas, tende a ser considerado como um «profeta Tocoísta ou um emissário de Deus», o que é contra o princípio
do Vaticínio que só admite um único profeta no seio do Tocoísmo (Simão Toco) e
que considera o Vate apenas como um simples «envelope» e nada mais. Dai que os
Misticistas espiritistas exploram este lado fraco dos Reformistas e,
aproveitando dos seus parcos conhecimentos sobre os «ditos e feitos» de Toco, associados a sua baixa espiritualidade,
engendram constantemente o surgimento de pseudo enviados de Simão Toco que são
muito bem acolhidos. E por esta via, sãoencetadas muito facilidade as desejadas
reformas/mudanças. Aqui, os Misticistas utilizam o Vaticínio para as suas acções «espíritas» que se consubstanciam na
realização de «milagres» e «obras» que arrastam milhares de Tocoístas.
Na generalidade, os
Reformistas de várias correntes Tocoístas defendem:
Ø A reforma administrativa e doutrinária na Igreja;
Ø O primado simbólico e devocional de Jesus Cristo na
acção eclesiástica da Igreja, como figura central no culto Tocoísta. A
exaltação de Simão Toco pela maioria dos Tocoístas aqui é tida pelos
Reformistas (principalmente os Teólogos e os Reformistas de influência Católica,
Baptista, Evangélica e pentecostalista) como um desvio ao Cristianismo;
Ø A abolição de alguns hinos «proféticos» enigmáticos e
dos «discursos»
e «práticas»
Tocoístas que consideram não terem carácter ou sustentabilidade teológica;
Ø A corrente dos Reformistas de pendor pentecostalista
declara a Bíblia como a única autoridade divina na Igreja, em contravenção com
a prática eclesiástica que se observa no Universo Tocoísta, que dão o mesmo
estatuto aos «ditos» de Simão Toco e que relacionam com a Bíblia Sagrada.
Isto é: Toco sabe o que Cristo disse;
e procuram a todo custo libertar a mulher Tocoísta do cumprimento dos «pesados» preceitos que julgam não ter
sustentabilidade bíblica: o não uso de jóias,
desfriso, a maquilhagem, o uso do «véu»,
o não uso de trajes masculino, etc.
Ø A maioria dos Reformistas argumentam que Toco deixou
uma herança pesada e inconcisa, apelando ao retorno do Tocoísmo ao Cristianismo.
O
rol de apelações dos Reformistas
Tocoístas é tanto, que apenas o
passado Tocoísta e a acção dos Misticistas os «prendem» na Igreja, situação que está a ser muito difícil para a
juventude com uma certa instrução teológica extra-Tocoista. Esta situação
arrastou muitos Tocoístas para as Igrejas carismáticas e pentecostalistas com
doutrinas de «prosperidade social» e
outros ainda criaram suas próprias congregações Tocoístas que vão se
multiplicando cada vez mais.
Os
Reformistas têm clivagens com os Puritanos, Radicalistas (Conservadores,
Modernistas e Etnicistas), os Ana Ngunza ea Casa de Oração. Como já nos
referimos, os Radicalistas Modernistas e os Misticistas espiritistastêm sabido
tirar proveitos junto destes e torna-los num perfeito aliado, ao satisfazer
suas espectativas psicológicas e espirituais com a emergência constante de «novos profetas» que trazem sempre novos discursos.
Também os Reformistas têm como dócil aliado os Pragmáticos. Depois dos
Pragmáticos, os Reformistas formam o grosso da população no Universo Tocoísta e
com os apelos dos pseudo «enviados» Pedro Sangumba (Março de 1984), «Mensageiro» Fernando Tchiwale (Dezembro de 1996) e Afonso Nunes em 2000 comopseudo «personificação
de Simão Toco», a maior parte aderiram a Igreja da «Direcção Universal». Logo, daqui podemos concluir que os
Reformistas Conservadoristas e Etnicistas que abandonaram estes grupos devido
as crises, separando-se ou criando novas congregações Tocoistas55, pois, apresentam características que
precisam ser muito bem estudadas.
· Ana Ngunza (Conservadoristas e Puritanistas)
Quem
são os Ana Ngunza (osFilhos dos
profetas) na Igreja? Este grupo de Tocoístas quase desconhecido no Universo Tocoísta,
na verdade foi criado em Luanda aos 09 de Março de 1976 por Simão Toco, para o
anúncio da Boa Nova56. São
jovens Tocoístas (de Luanda e Ntaya), filhos dos antigos repatriados do Congo
Belga em 1950 para Angola, os "Ngunga Ngele". Um dos
seus responsáveis em Luanda é o Ancião Domingos
Pensa Kibeta e no Ntaya foram Simão Luyaye e António Mário Cuva Macanga.
Devido a crise reinante no Tocoísmo, depois da morte do Profeta, os Ana Ngunza de Luanda (filhos dos Radicalistas Conservadoristas)
criaram a Casa de Oração que
congregava também um bom número dos filhos dos responsáveis da Cúpula
(Radicalistas modernistas), que no cômputo geral pouco ou nada fizeram em prol
do Tocoísmo, pois, muitos deles deixaram de observar os preceitos da Igreja e
de se rever no ideal Tocoísta. Alguns
dos rostos visíveis Casa de Oração
foram Chico Afonso,
José Podia, Diassongui e tantos outros e constituíram até o ano de 2000
uma espécie de jovens intelectuais Tocoísmo. Em 2000, com o surgimento do
actual Bispo Afonso Nunes, os mais radicais tiveram que aderir ao Revivalismo Modernista
e Conservadorista, restando actualmente um grupo muito reduzido. Os Ana
Ngunza do Ntaya mantiveram-se leais aos seus Anciãos até ocorrer o êxodo
das populações de Ntaya para Luanda, onde alguns dos seus membros vêem
emprestando o seu dinamismo na acção da Igreja dirigida pelos 12 Mais Velhos. Os
Ana Ngunza de Luanda que não aderiram a Casa de Oração, formaram o Coro Luvuvamu
e mais tarde o Coro 25 de Julho adstrito a Direcção da Igreja dirigida pelos 12
Mais Velhos.
Com
o surgimento da Nova Esperança Tocoísta em 1992
e do seu activismo espiritual em 1994, estes, mediante suas acções e
discursos vem reclamando igualmente o estatuto de Ana Ngunza, prosseguindo assim a sua missão que visa promover a unificação dos Tocoístas no Mundo,
através do resgate dos valores espirituais do Tocoísmo e de todo legado
espiritual deixado por Simão Toco: seus «ditos
e feitos57».
Os
Ana Ngunza representam uma das categorias de Tocoístas mais desconcertante,
pois, sendo intelectuais assumidos nos anos de 1976-1984, estando na fonte do Tocoísmo
e tendo o beneplácito de Simão Toco, deles esperava-se muito mais do que
fizeram. A sua abstenção e afastamento junto dos seus Anciaos58 foi fatal para o Tocoísmo, pois, com a
sua acção, bem teriam alterado o curso trilhado pela Igreja desde 1984.Os de
Luanda até o ano de 2000,defenderamsem sucesso um neutralismo Tocoísta procuraram evidenciar o seu intelectualismo59.
No
geral, verificou-se a ausência de uma acção coordenada e de intercâmbio entre
os de Luanda e os de Ntaya, situação que teve consequências dramáticas para o Tocoísmo.
Os mesmos continuam interpretando os ensinamentos de Simão Toco dentro duma
visão muito próxima da de Simão Toco, e assumem-se como os guardiões do legado do Tocoísmo, mas têm dificuldades de adaptarem
este ensinamento ao progresso social. Apenas a Nova Esperança Tocoísta tem
procurando aplicar os métodos científicos na sua acção de resgate da memória
colectiva dos Tocoístas. Os Ana Ngunza travam clivagens com os Reformistas,
Modernistas, Misticistas e Pragmáticos. A Nova
Esperança Tocoísta (Reformistas Puritanistas)
desde o seu surgimento, regista na sua acção fortes clivagens comos Ana Ngunza
Conservadoristas, apesar de actualmente baixar de intensidade, a semelhança das
clivagens que se verificam entre os Radicalistas Conservadoristas e os
Puritanos. É também hostilizado pelos Radicalistas Conservadoristas,
Modernistas e por todos os Misticistas
espiritistas. Sofre igualmente afrontas por parte dos Reformistas e nos seus
discursos reclama não ser bem compreendido pelos Pragmáticos. Esta reacção dos Tocoístas
ante a acção da Nova Esperança, é um caso que merece ser muito bem estudado.
Pouco se sabe acerca dos Filhos dos Bons Seguidores da Ex Cúpula.
· Misticistas (Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas)
A
acção dos Misticistas no seio do Tocoísmo
é algo visível, inegável e que
ditou em muitos momentos o percurso trilhado pelos Tocoístas. Tal como ocorreu
com o misticismo em outras religiões, no Tocoísmo esta corrente de crentes “busca...a comunhão com a identidade, com
consciente ou consciência de uma derradeira realidade, divindade, verdade
espiritual, ou Deus através da experiência directa ou intuitiva60”. Os
entendidos no assunto afirmam que o misticismo é um “... sistema religioso que possui Deus como transcendente”, e que
resulta numa “... religião em seu estado
mais apurado61”.
Mas
William Stoddart em «O que é
Misticismo?» foi muito mais profundo ao caracterizar o misticismo “... como a dimensão interior ou espiritual contida em todas as
religiões - cada religião sendo entendida como uma Revelação Divina separada e
específica. A religião compreende uma “periferia”
e um “centro”; em outras palavras,
um exoterismo e um esoterismo. O exoterismo é a expressão
ou veículo providencial do esoterismo interno a ele, e o esoterismo é a
essência supra-formal do exoterismo correspondente. É por isso que o misticismo
ou esoterismo - erroneamente visto por alguns como não-ortodoxo - não pode de forma alguma subverter o
formalismo religioso do qual ele é a seiva”.
Aqui está o fundamento que melhor nos permite
compreender a essência da acção dos Misticistas62 no
seio do Tocoísmo. A par de tudo que se disse e ficou por
se dizer sobre misticismo, temos a ressaltar a existência da “experiência mística”, “doutrina
mística” e “via ou caminho místico” no Tocoismo63, ou mesmo da sua “heresia intrínseca, que não é nada mais que uma violação grosseira da ‘sua
‘estrutura formal”. E posto isto, cabe-nos agora discorrermos
sobre o fenómeno espiritual que nos propusemos descrever: a acção dos Misticistas Tocoístas.
De referir que vamos nos ater apenas ao misticismo espiritista
dos Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas,
face aos fenómenos e processos adversos que vêm produzindo no Tocoísmo.
Correntes místicas no revivalismo Tocoísta
A
semelhança do que ocorreu nas demais religiões que desenvolveram suas correntes
místicas, oTocoísmo não foge a regras e produziu o seu misticismo que ainda não
foi estudado e muito menos sistematizado. No Tocoísmo, as crenças paralelas à
religião principal, o esoterismo ou a «... religião de mistérios», correspondem ao gnosticismo
Cristão, a Kabala Judaica e ao sufismo Islâmico. Isto porque as crenças místicas da maioria dos Tocoístas (busca da elevação
espiritual64) proporcionaram que
para além do vaticínio, houvesse
aqueles que se aproveitassem desta tendência dos Tocoístas, e evidenciassem as
suas tradicionais práticas espirituais estranhas ao Tocoísmo, atrapalhando-os e
desviando-os nesta busca da espiritualidade. E atendendo as suas várias realidades espirituais, é evidente que nem
todos grupos Tocoístas praticam o mesmo misticismo. O Misticismo dos Conservadoristas (Puritanistas
e Radicalistas) difere do dos demais[5],
pois, está muito próximo do praticado por Simão Toco a partir do Coro de
Kibokolo e no Vale do Loge. E apesar da aparente semelhança e analogias em
muitos aspectos, o misticismo Tradicionalistas,
Modernistas e Etnicistas (Misticismo espiritista66) que
tem muitos protagonistas, está muito
mais próximos das experiências místicas extra-Tocoista.
A acção dos espíritos através dos Misticistas espiritistas não é um
fenómeno recente no Tocoísmo, pois, esta corrente de Tocoístas existe desde a
primeira hora e esteve sempre presente em
todas suas fases de evolução, sendo responsável por grande parte dos
acontecimentos que marcaram o período negro do Tocoísmo. Mas a Igreja de Cristo
foi levantada no mundo para contrapor-se as forças do mal e livrar todos que
estiverem presos nas garras de satanás.
E há muita gente no Tocoísmo que se diz Vate, mas que não trabalha com Espírito
de Deus, mas sim, com os espíritos de seus antepassados. Outros
trabalham com os Génios do mal e espíritos de maléficos67. O difícil problema que os Tocoístas enfrentam
é como distinguirem a acção do espiritismo que é um contravalor no Tocoísmo,
em relação a acção do Vaticinio68, ou seja, como distinguir um do outro, se são fenómenos espirituais?
Partindo
do facto de que a sistematização do Tocoísmo está a ocorrer apenas no período do revivalismo, situação que
vem favorecendo a possibilidade dos actuais grupos puderem introduzir as suas «ideologias» e «doutrinas» diferentes das da
Igreja, tarefa que os «Misticistas» melhor
sabem fazer, podemos concluir que são defensores de um Tocoísmo adaptado as suas
«aspirações e crenças», o que vem demonstrar
em como Simão Toco esteve certo ao bloquear suas acções desde 1953. Daí que
estes combatem os Tocoístas
Conservadores e procuram a todo custo «desconstruir» os seus feitos: as crises do Tocoismos são antes de tudo
conflitos espirituais.
Mas
como está marcado o misticismo Tocoísta?A
sua configuração estrutural não difere da dos grupos anteriormente analisados. Tão-somente
as evidencias registadas ao longo da história do Tocoísmo nos permitem
distingui-los em misticismo
espiritualista (Conservadorista)
e misticismo
espiritista (Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas). E apenas o estudo
historico-biografico dos seus protagonistas nos poderão ajudar a determinar em
concreto o seu conteúdo e que fins perseguem na Igreja. Das acções praticadas
desde 1984 podemos aferir o seguinte:
· As recentes crises do Tocoísmo são antes de tudo conflitos
espirituais. A divisão e todos grandes desvios que ocorrem desde 1984 no seio
dos Tocoístas tem sido actos engendrados pelos Misticistas espiritistas;
· As constantes evocações celebração de rituais na campa do ancião Bitopo no Sadi
e em locais tradicionalmente conhecidos, com o intuito de influenciarem os
acontecimentos que ocorrem no seio dos Tocoístas;
· A veneração de Simão Toco, da sua família carnal, do
seu túmulo e do tumulo do seu pai;
· A dissimulação de espíritos no seio dos Tocoístas;
· A realização de práticas espirituais e o uso de símbolos
estranhos ao Tocoísmo, não criados por Simão Toco quando esteve em vida;
· Manifestações espíritas no seio dos Tocoístas;
· Tendência de substituição do Vaticínio pelas práticas
espiritas;
· Combate aos Vates;
· A promoção do «mensageirismo»
no Tocoísmo como mecanismo de ascensão na liderança. São as aparições, os
enviados e os ressurgimentos de Simão Toco defendidos pela Ex Cúpula, pelas 18
Classes e 16 Tribo (antes de separaram-se) e pela Direcção Centro-Sul de Osório
Marcos69, dentre os variadíssimos factos
espiritas ocorridos até a presente data.
Esta
categoria de Tocoístas revivalistas procuram interpretar os ensinamentos de
Simão Toco não necessariamente como este legou a humanidade, pois, com excepção
dos Conservadoristas que praticam um Tocoísmo muito próximo do padrão, nota-se
a tendência dos demais introduzirem actualmente suas crenças nas práticas
Tocoístas. Apenas os Misticistas Modernistas
tendem adapta-los ao progresso social, mas já de uma forma muito deturpada.
Como temos vindo a referenciar,
os Misticistas rivalizam-se entre si, verificando-se fortes afinidades entre os
Tradicionalistas e Modernistas que agem em frentes diferentes, mas de forma concertada
contra os Conservadoristas, ou seja, é a união entre os Tocoístas espiritistas
que preservaram as práticas tradicionais oriundas da cultura tradicional
africana que vinham sendo combatidas desde 1949 e a dos Tocoístas modernistas
que sempre manifestaram tendências temporais70. Entre
os Misticistas Modernistas e Etnicistas vem se
registando conflitos de proporções alarmantes, daí o distanciamento existente entre
ambos. Mas são ténuas, senão mesmo de equidistância as relações entre os Misticistas Conservadoristas e os Etnicistas e quase não existe
qualquer ligação entre os Misticistas Puritanistas
e os Etnicistas.
Os
Misticistas espiritista
(Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas) têm fortes inclinações a
promoverem figurais espirituais (enviados, mensageiros e visionários de Simão
Toco), preservam práticas, costumes e tradições locais (das regiões) e na
generalidade são partidários de um Tocoísmo Esotérico ou de um esoterismo Tocoísta que procuram evidenciar.
Por
tudo que se disse, fica o alerta de que o Vaticínio desregrado torna-se muito
delicado por causa do comportamento das pessoas e da existência de dois tipos
de espíritos (Espírito de Deus e o espírito de Satanás) que aparecem a operarem
nos Tocoístas. O Espírito Santo
edificae guia os Tocoístas para o bom caminho e o segundo é infiltrado, destruidor
e desencaminha os Tocoístas. Daí a existência de muitos falsos Vates71 que sao dissimuladores espíritos, mentirosos
(charlatões), burladores e promotores de acções maléficas.
· Pragmáticos (Conservadoristas, Modernistas, Tradicionalistas e Etnicistas)
O pragmatismo Tocoísta é resultado dos
tempos modernos. A nova geração de Tocoístas surgidos no período do pós morte de
Simão Toco, não foi educado religiosamente nos Sucursais e Lares como na época
das gerações precedentes (a de 1949-1974 e a de 1974-1984)72. Logo, são portadores de ideais
liberais e pragmáticos, defendendo um Tocoísmo
liberal. Seus gostos e estilos de vida estão associados aos valores democráticos
e do liberalismo. Sua principal característica reside no facto de serem um dos
principais partidários do activismo Tocoísta.
Daí o pragmatismo Tocoísta estar
marcado pelo seu esforço em ver o Tocoísmo muito mais voltado para as questões
sociais e práticas da vida social e cristã, como a educação, a moralidade, as
acções humanitárias, os direitos humanos, a comunicação, o ecumenismo, etc.
Defendem
o Pluralismo Tocoísta, muito mais na
perspectiva da relativização dos valores Tocoístas aos do Cristianismo e da
modernidade. Combatem o Conservadorismo
Tocoísta e todo tido de inactivismo.Encontram
nos Reformistas um ideal parceiro nas suas acções, mas são «presas» fáceis dos Radicalistas e dos
Misticistas que lhes impõem a sua lógica de mando, por desconhecerem grande
parte dos reais «ditos e feitos» de
Simão Toco. Isto pressupõe dizer que os Pragmáticos Conservadoristas e Etnicistas
apresentam características que os demais Pragmáticos não possuem e que lhes
permitem manter a sua espectativa religiosa nos grupos a que pertencem73.
Pelo
facto de grande parte serem filhos de pais Tocoístas e não conheceram outros
credos e culturas, ou por se converterem recentemente ao Tocoísmo, têm grande
respeito e admiração pela figura de Simão Toco enquanto Profeta venerado e
testemunhado por muitos, cujo ensinamentos procuram adaptar ao progresso social
e científico. Quase todos eles são resultado de uma branda socialização
religiosa, pois, partilham ideais e valores Tocoístas, mas estando fortemente
enraizados nos ideais liberais e da sociedade moderna.
Seu
ponto forte é o domínio das TICs e o facto de serem racionais intelectuais bem
inseridos nas modernas sociedades a que pertencem. Resta saber como estes se
posicionarão ante o Tocoísmo à nível das diásporas Tocoístas e nas sociedades
ocidentalizadas, ou seja, que tipo de Tocoísmo serão partidários.
TENDÊNCIAS
ACTUAIS DO REVIVALISMO TOCOISTA
|
|||
Conservadoristas
(Doze Mais Velhos)
|
Modernistas
(Cúpula)
|
Tradicionalistas
(Mboma)
|
Etnicistas
(18 Classes e 16 Tribos)
|
· Radicalistas
· Puritanos
· Misticistas
· Reformistas
· Ana Ngunza
· Pragmáticos
|
· Radicalistas
· Misticistas
· Reformistas
· Filhos dos Bons Seguidores
· Pragmáticos
|
· Misticistas
· Reformistas
· Pragmáticos
|
· Radicalistas
· Misticistas
· Reformistas
· Pragmáticos
|
Até que ponto podemos encontrar algum
denominador comum entre as quatro categorias de revivalistas Tocoístas e suas
respectivas tendências internas?
As
evidências mostram existir sim um denominador comum73, não obstante que com o passar do
tempo, a matriz ideológica-doutrinária de cada uma vai se firmando cada vez
mais, fruto das suas experiências, emergindo assim novos elementos culturais no
seio dos Tocoístas e que estão a produzir variações nos aspectos identitários destes:
presentemente estamos perante uma identidade
Tocoísta padrã e suas respectivas variantes.
A tónica do activismo Tocoísta está marcada pela existência de uma ordem Tocoísta constituída por muitos ideais e visões, visto que na
sua projecção social, as actuais lideranças Tocoístas não se fiam no mesmo Ideal Tocoísta (ver mais adiante)
traçado por Simão Gonçalves Toco, visto a desconhecerem.
E
perante esta dura realidade (dinâmicas, activismos e revivalismos Tocoísta
díspares), impõe-se aos autodenominam-se «Tocoístas
espiritualistas», portadores dos genuínos valores espirituais, a urgente
responsabilidade em difundirem o Tocoísmo
padrão dentro do Universo Tocoísta, sob pena do mesmo vir a ser desvirtuado
como se assiste presentemente, pois, “todos reclamam serem Tocoístas, mas
auto-excluem-se; todos apresentam discursos e práticas diferentes
contradizendo-se em muitos aspectos; todos têm o seu «Simão Gonçalves Toco» e
cada grupo pratica um Vaticínio diferenciado dos demais. É um
sacrilégio admitir isto no seio do Tocoísmo ante a presença dos Anciãos Ngunga
Ngele, os iniciadores do Tocoísmo e que pouco ou nada fazem para evitarem tais
situações anómalas tenham lugar na sociedade, em defesa do património e legado
espiritual deixado por Simão Gonçalves Toco no mundo74.
Dentro
do Universo Tocoísta e face ao revivalismo
(activismo) e do inactivismo Tocoísta, os quatro grupos
são partidários de Tocoismos diferenciados que são: o Tocoísmo Padrão (genuíno), o
Tocoísmo Moderno, o Tocoísmo
Tradicionalista, o Tocoísmo Popular e o Tocoísmo Esotérico muito enraizado em todos. Por conseguinte, as respectivas tendências internas
evidenciam «Tocoismos» muito mais díspares
e contraditórios, a saber: o conservadorismo
Tocoísta, o modernismo Tocoísta, o tradicionalismo
Tocoísta, o etnicismo Tocoísta. E
estes se multiplicaram em Puritanismo
Tocoísta, Radicalismo Tocoísta, Misticismo Tocoísta, Reformismo Tocoísta, Pragmatismo
Tocoísta, Neutralismo Tocoísta,
Intelectualismo Tocoísta, Pluralismo Tocoísta, Liberalismo Tocoísta e esoterismo
Tocoísta.
Neste trabalho, não analisamos a questão
relacionada com o nacionalismo Tocoísta
que surgirá dentro de algumas décadas, visto que somente agora estar em curso o
processo da sua internacionalização no mundo. O que há de facto e que também não nos debruçamos sobre ele, é a
tendência regionalista do Tocoísmo
em Angola88, muito impulsionada
pelo modelo de organização eclesiástica adoptada com a criação das Tribos na Igreja e que proporcionou até aqui a existência de 16 Regiões Eclesiásticas em Angola, a saber: as Tribos Sulana, Weste, Nambuangongo, Malange,
Luanda, Catete, Muxima, Dembos, Dande, Bembe, Damba, Kibokolo, Ntaya-Maquela do
Zombo(e RDC), Norte, Côkwe e N’Dalatando. E em cada região, existe uma
Direcção regional local que se comunica com as Igrejas e Classes locais, e de
igual modo com Direcção da Tribo em Luanda.
Deste modo, importa que
se saiba como cada um dos grupos e tendências
reagirá ante a globalização e por conseguinte, como vão globalizar o
Tocoísmo num mundo cada vez mais globalizante. Na verdade, a nossa tarefa no próxima capítulo será a
de avaliar o tipo de globalismo Tocoísta
a ser evidenciado por cada um deles.
[1] Tema inicialmente elaborado no
âmbito da realização da 1ª Conferência
de Quadros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo que teve lugar em
Luanda, no Centro Religioso do Palanca de 07 à 09 de Março de 2013. O mesmo foi
melhorado com o intuito de caracterizar os principais fenómenos e processos que
emergem em torno do globalismo Tocoista que acelera o seu revivalismo.
[2] De acordo a encyclopedia - encydia beta, in http://pt.encydia.com/, “Choque de
civilizações é o nome que recebe uma teoria a respeito das relações
internacionais. Tal como se conhece hoje em dia, foi formulada em um artigo de
Samuel Huntington publicado
na revista estadounidense Foreign Affairs em
1993 e transformado posteriormente em um livro em 1996”».
[3] De facto, o estudo científico do
Tocoismo está em curso. Nos proximos momentos surgirão muitos trabalhos
interessantes sobre o Tocoismo.
[4] Baptista afirma que globalismo
enquanto ideologia «“é a visão do mercado
mundial, da ideologia do neoliberalismo”, da substituição da política e de
todas instâncias (cultura, sociedade civil, ecologia, religião) pelo logos
mercadológico, ou melhor, pela política do mercado total». In: Paulo A.
Nogueira Baptista, Globalização e as
teologias da libertação e do pluralismo religioso, Horizonte: Belo
Horizonte, v.5, n. 9, p.68. dez. 2006.
5“A tecnologia tem sido o
principal condutor da globalização”, uma vez que o desenvolvimento
da tecnologia de informação “proporciona
ferramentas aos agentes económicos para identificar e captar oportunidades
económicas de forma muito mais rápida, gerando a fase da expansão capitalista,
pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtêm-se
como consequência o aumento acirrado da concorrência”. In: Wikipedia.
6 É um fenómeno gerado pela dinâmica do capitalismo que procura formar
uma aldeia
global que permita a rápida expansão
do mercado, já que nos países centrais ditos desenvolvidos os
mercados internos estão saturados. In: Wikipédia.
7A maior
parte dos estudiosos sobre a globalização são unânimes em afirmarem que ela teve a sua origem no período que vai do
fim da segunda guerra mundial quando a economia capitalista atingiu o seu auge
com a expansão acelerada e ininterrupta da internacionalização da economia,
tendência que foi intensificada com a entrada em cena de instituições
internacionais, e o fim da guerra-fria que provocou um impacto nos sectores
industrializados, gerando um estímulo para novos avanços com o objectivo de se
promover uma nova humanidade. Neste período, começaram a surgir mudanças na
Europa oriental e nos Estados Unidos da América, depois nos países do terceiro
mundo, no extremo oriente e no Japão na década de 80. Na nova ordem social,
surgem outros centros de poder, abrangendo várias escalas: local, regional,
continental e mundial.
8 Segundo Baptista, Wanderley
define mundialização ao “processo de aumento gradativo de relações,
contactos e fluxos que se estabelecem entre os mais variados povos, ocupando
regiões dispersas do mundo, nos campos económicos, político, cultural e
religioso. Desde sempre este processo foi tenso, repleto de tensões e
conflitos”. In: Paulo A. Nogueira Baptista, Globalização e as teologias da libertação e do pluralismo religioso,
Horizonte: Belo Horizonte, v.5, n. 9, p.57. dez. 2006.
9 Baptista define internacionalização “como sendo um processo ‘endógeno’ ou ‘exógeno’,
portanto, atinge a dinâmica interna ou externa que acontece substancialmente
nos Estados e entre Estados e entidades que transcendem aos Estados,
especialmente, com o surgimento da sociedade capitalista”. Por sua vez,
Wanderley a define “como o conjunto de
relações intraestatais, interestatais e com o surgimento de instâncias
supranacionais nas quais as decisões são tomadas fora do âmbito nacional”.
In: Paulo A. Nogueira Baptista, Globalização
e as teologias da libertação e do pluralismo religioso, Horizonte: Belo
Horizonte, v.5, n. 9, p.58. dez. 2006.
10 Celso Furtado, os desafios da
globalização.
11Ver Wikipedia
12 Idem.
13 Expressão constantemente
utilizada por Maturino Nzila, para referir o complexo dos Tocoistas perante os
defensores da teologização do Tocoismo na perspectiva do Cristianismo
actualmente difundido, isto é, da necessidade de adequar-se o Tocoismo à
teologia Cristã.
14 Estudiosos sobre o Tocoísmo no
período colonial e na actualidade, (Margarido, Gonçalves, Pereira), concluíram
que o mesmo "tem por base a crença
messiânica da transformação do mundo para a instauração do paraíso na terra,
sinalizando a chegada do Messias e do fim dos tempos" e "surge como uma resposta concreta a uma
situação de crise".
15 É de referir que com a Relembrança,
o Tocoísmo reata uma realidade judaico-cristã
num contexto afro-cristã, daí que
nas acções dos Tocoístas está implícita uma gama de elementos
histórico-geográfico-culturais que vai resultar num perfeito sincretismo sócio-religioso, que produz
o que é comummente designado por Tocoísmo. Por outra, o Manual de Ensino
Tocoísta (2013:146) entende-se por Relembrança“… ao conjunto de actos que
tiveram o seu ponto culminante nos acontecimentos do dia 25.07.1949 e nos dias
seguintes até ao repatriamento para Angola, como consequência da descida do
Espírito Santo solicitado em Julho de 1946, através dos quais se dá o
reaparecimento da Igreja de Cristo no mundo e o retorno de grande parte dos
aspectos directamente a ela relacionadas”. A Relembrança ocorre quando um grupo de 12x3-1 Cristãos, membros
do Coro de Kibokolo, pertencentes a Igreja Baptista da Sociedade Missionária
Baptista (BMS), dirigidos por Simão Gonçalves Toko e reunidos em oração,
perguntam à Deus sobre o pedido do Espírito Santo feito em 1946 na Conferência
Internacional Missionária Protestante de Leopoldville. Neste acto foi derramado
o Espírito Santo que relembra a Igreja
de Cristo e toda realidade nela existente no tempo de Cristo e dos
Apóstolos. In, «A Relembrança da Igreja
de Cristo».
16 Argumentos extraídos da obra “A
Ideologia dos Tocoístas”. Nela afirma-se que esta ideologia é “uma forma de expressão sociocultural ou de
autodeterminação cultural de um povo oprimido e subjugado; a mais pura
perfeição religiosa face a degeneração dos verdadeiros ensinamentos de Cristo;
a via que permitirá a instauração da
espiritualidade, sinónimo de fraternidade, justiça social, solidariedade,
alegria, amor a natureza e a intimidade com o sobrenatural”.
17 O
hino oficial dos Tocoistas Rei do Céu
andará composto na BMS de Mbanza Kongo por Nenkaka é por demais evidente: "Deus
visita Africa, suas trevas dissipa".
18 Toco após a operação que lhe foi submetido ao coração em Outubro de
1973 nos Açores/Portugal, diz: "Afinal o que o meu Deus me dissera ainda em
Angola de que eu deveria ir à Europa recuperar a bênção de Esaú é o que acabava
de se cumprir. Quer dizer, os homens ao doarem o seu sangue para o meu
corpo, devolveram por intermédio do sangue a bênção que Jacob havia roubado ao
Esaú. Génesis 27:1-40. Viram o que o capítulo diz. Eu fui à Europa a buscar da vossa bênção. E trouxe a vossa bênção
que tinha sido usurpada desde o tempo de Esaú. Leiam Hebreus 7:3. Doze vezes fui gerado, este nascimento é o
último. O mundo só vê o Simão que é homem alto; mas o Cristo que é mais
baixo e tem falado às pessoas a partir das minhas costelas, ninguém consegue vê-lo".
Directrizes 1:413-416.
19 1. Voluntários de Cristo em
Fileiras; Prometemos por Cristo lutar; Levantemos a sua bandeira; E à ele que
faremos reinar. 2. Nós queremos
marchar na vanguarda; Desfraldando o invencível pendão; Ser de Cristo a ninguém
a covarda; Que de Cristo é já todo cristão. 3. Nós lutamos por Cristo na terra; Contra o mundo e contra as
paixões do mal; Ser linguista é um nome da guerra; Guerra santa da qual nasce a
paz. 4. Antes a morte em batalha de
Cristo; Que na lama covarde morrer; Derramar nosso sangue por Cristo; E no
sangue de Cristo vencer. CORO: Cristo vence, Cristo reina; Jesus Cristo triunfará.
20 E é nesta “nova forma do Tocoísta estar na
sociedade moderna liberalista” onde reside todo o problema do Tocoísmo
com o capitalismo e as suas várias formas de representação social: a económica,
a política, a ideológica, a tecnológica, a cultural, a espiritual, etc. Pois, o Tocoísta enquanto ser social,
ajusta o seu agir aos ditames de Deus, ainda que isto signifique sacrificar a
sua criatividade intelectual.
21 O comunitarismo privilegia a solidariedade
social, mas admite e respeita as pequenas iniciativas individuais e
privadas.
22
Vide em 2.5 sobre o globalismo Tocoista.
23Nzila (2008:12-13) é muito mais profícuo ao afirmar de que os Tocoístas
acreditam: na existência dos anjos (criaturas de Deus e invisíveis ao olho
humano, mas que desempenham missões importantes no Universo); na segunda vinda
de Cristo; na ressurreição dos mortos; no Juízo Final; na Vida Eterna; nos
homens de Deus ou profetas enviados por Deus, o Todo-poderoso; mencionados ou
não na Bíblia Sagrada, em diferentes épocas e lugares da terra para
transmitirem a sua vontade aos povos; sendo o senhor Simão Gonçalves Toco o
Último Mensageiro de Deus que encerrou a carreira dos profetas no segundo
milénio do Cristianismo.
24 Consta na obra «A Relembrança da
Igreja de Cristo», pág.17. Reproduzimos quase na íntegra por afigurar-se
necessária.
25 Ser intelectual Tocoísta implica
necessariamente fazer uso do seu
intelecto para pensar, reflectir, analisar e estudar as concepções,
fenómenos e acontecimentos do seu tempo, a fim de encontrar soluções
compactíveis com os propósitos de Deus para si e para a humanidade. Este saber
do Tocoísta é conferido nas Instituições de Ensino académico e Tocoísta.
Normalmente, o intelectual é alguém
que é definido pelo meio social em que está inserido, que o distingue como
alguém que está ligado a prática científica e académica (Instituições do Ensino
Superior) e que é portador de uma autoridade científica. O seu saber
tecnico-cientifico, opõe-se ao saber não tecnico e não científico. E tem uma
relação privilejada com o poder e relaciona-se
com a sociedade através do seu status de intelectual. In: Tocomania edição nº 01, pág. 04. Vide
rodape nº 28, 40 e 59.
26 Deus, constatando que Toco se ausentaria por longo tempo do seio dos
Tocoístas face a grandiosidade do projecto
de acção Tocoísta, estabelece o Vaticínio e a assistência dos profetas
Israelitas, que os assessoram na execução do seu programa. Assim, em 28 de
Junho de 1950 no Vale de Loge, Deus envia os profetas (Mensageiros) e demais
entidades espirituais na Igreja.
27 O mlayswanismo (arrebatamento) no Tocoísmo é uma das principais
experiencias dos Visionários Tocoístas que teve vários casos, mas o mais
mediatizado foi o que ocorreu com o Ancião Mbona
Pedro em Luanda em 1950 quando foi transportado espiritualmente pelo
Dirigente para o Vale do Loge, a fim de ser submetido a uma formação espiritual
durante 12 dias e em Novembro de 1983 quando Simão Toco, transmutando-o, leva-o
a visualizar a Cidade Santa do Grande Rei no norte de Angola. Este Ancião
actualmente se encontra em Benguela, onde reside desde 1953. Para além de outros, houve também o caso de Simão Masanza no Vale do Loge.
28 Do levantamento que o GCNET se
fez sobre a história da literatura do
Tocoísmo, verificou-se que ao longo do período de 1943-1984 a acção dos
intelectuais foi quase nula por razões que a seu tempo virão a ribalta,
prejudicando de que maneira a Igreja, visto que o contributo destes afigura-se
extremamente necessário para que houvesse o progresso que se pretende. Neste
período, o único intelectual no Tocoísmo foi Simão Gonçalves Toco e os demais
abstiveram-se. Em outras palavras diremos que no geral, a racionalidade na
acção dos Tocoístas foi quase nula, pois, tal como hoje, os Tocoístas sempre
estiveram dependentes do Tabernáculo e dos Vates. Podemos enumerar alguns
pensadores Tocoistas: 1. Os Redactores,
destacando-se Daniel Araújo Mfinda, Domingos Afonso Nzila Pereira, Luvualu
David, Donfonso F. Manzambi, Vuaituma Sebastião, Pedro Nsolani, Makolokila
João, Pedro Mumbela, NdombaxiMalungu, Sansão Afonso, dentre outros; 2. Os Copistas, dentre eles Manuel David Paxe, António Mário KuvaMakanga,
Gonçalves Francisco, Paracleto Mumbela, Maturino P. Nzila e António Neves
Alvaro, etc; 3. Os Escritores são: Maturino Pedro Nzila,
Pedro Santos Agostinho, Melo Nzeyitu Josias, Simão Kibeta, Albino Joaquim
Kisela. Logo, os Tocoistólogos
surgem apenas depois do ano 2000.
29 Mas qual será a conduta e atitude que os Tocoistólogos devem
evidenciar na sua acção? Eles devem:
· Direccionar a sua acção a partir das fontes primárias e secundarias do
Tocoismo;
· Conhecer os «ditos e os feitos» de Simão
Gonçalves Toco;
· Conhecer a história e a historiografia da Igreja de
Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo;
· Conhecer o Ideal
e o projecto de acção Tocoísta;
· Agir dentro do princípio da unicidade e indivisibilidade do Tocoísmo. O intercâmbio e a
concertação de ideias entre os produtores (actores e autores) literários é uma
premissa fundamental na acção do intelectual;
· Banir a presunção e a má interpretação das profecias
de Simão Toco;
· Conhecer as normas de funcionamento do Vaticínio na
Igreja;
· Acautelar-se da tendência de alguns Vates que se
apresentam na Igreja como profetas (ressurgimento).
30 A Identidade dos Tocoístas
já foi tema de abordagem e uma brochura foi lançado pelo Grupo Coral Nova
Esperança Tocoísta em 2008. Ai foi dito que “a
Identidade Tocoísta é a relembrança da identidade do Povo eleito de Deus -
Israel, pois, O Tocoísmo é a revisão de toda obra divina já feita no mundo”.
Vários elementos constituem a «identidade Tocoístas», dentre os
quais destacam-se os seguintes: A história e geografia da Igreja de Nosso Senhor
Jesus Cristo no Mundo, a ética, usos e costumes dos Tocoístas e o património
cultural e espiritual da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, etc. A estrela de oito quinas é o principal
símbolo de identidade dos Tocoístas e existe de duas formas: como símbolo material e como símbolo espiritual; como símbolo
material ela nos identifica sobremaneira
no contexto das nações: "A estrela de oito quinas representa o (8)
oitavo Reino de Deus na terra". Este é o maior património que
África possui em relação aos demais continentes (S. Mateus 2:2-3).
31 Hoje por hoje, a Tocoindade já é um facto no mundo. Tocoindade é a qualidade do que é ser
Tocoísta e pode definir-se como sendo, o
conjunto dos Tocoístas espalhados pelo mundo fora, coesos pela homogeneidade da
fé, cultura, instituições e leis. Pode ser entendida ainda pelos seus
valores culturais e normas que distinguem os Tocoístas de outros grupos
sociais, pois, estes têm consciência de possuírem uma identidade própria que os diferencia dos demais grupos sociais no
mundo. E é por todos visíveis, que hoje já não é difícil qualificar uma
determinada acção como sendo Tocoística.
32 E para se evitar cair neste
erro, daí que a acção literária da Nova Esperança Tocoista ter feito
inicialmente um levantamento historiográfico
e bibliográfico sobre o Tocoismo e para esta apresentação ter-se trabalhado com quatro principais tipos de fontes: 1. As epístolas do Dirigente e seus relatórios; 2. Os registos, actas e relatórios da
Igreja no período de 1950-1961; 1962-1974; 1975-1983; 3. A recolha de depoimentos dos Ngunga Ngele (fontes
primárias/secundárias do Tocoismo); 4.
Os registos, informações e relatórios da PIDE e do Governo Belga sobre Simão
Toco e os Tocoistas.
33 «“A acção dos “Ngunga Ngele” após o repatriamento, esteve bem firmada na acção
profética do Dirigente Simão Gonçalves Toco. O Espírito Santo foi o sopro da
vida que os conduziu à Cristo Jesus, permitindo-lhes o pleno conhecimento da
revelação de Deus. Foi graças ao Espírito Santo que conseguiram orientar a
Igreja relembrada na verdade e manterem-se em perfeita sintonia com o Dirigente
sempre em desterro. Os Anciãos são os fiéis depositários da mensagem de Deus
trazida por Toco. São testemunhas do que ele disse e fez. Após sua morte, os Anciãos dirigidos pelos 12 Mais
Velhos, anunciam que Mayamona é o enviado do Senhor, o restaurador da Igreja
de Cristo e que Jesus Cristo é o Senhor e salvador da humanidade”. A fonte Anciânica está
contituida pela memória dos Anciãos sobre ensinamentos de Toco;
sobre a revelação de Deus; e pelos feitos que resultam do Vaticínio. Ao passo
que o Ensino religioso dos Anciãos
- a Catequese, está composto: pelo ensino oral do
Evangelho de Cristo; pelas instruções espirituais e religiosas aos Anciãos e
Conselheiros e aos Catecúmenos; e pelo
ensino da doutrina da Igreja de Cristo.
Tradição
oral: Esta
tradição surge após a morte do Dirigente e formou-se na base da acção profética
de Simão Toco e que foi se evidenciando ao longo da acção evangélica dos
Anciãos da Igreja desde 1949. Esta tradição é constituída pelas pregações de Toco (seus ditos e feitos), pela manifestação do
poder de Deus na acção dos Tocoistas; da contemplação da Sua glória na acção
dos Ngunga Ngele e pelo Tabernáculo do Senhor onde continuam a fluir as
mensagens divinas. Finalidade da formação da tradição oral dos Anciãos: Para
o ensino da doutrina aos catecúmenos e para pregação oral dos Anciãos no culto.
Tradição escrita: Esta tradição encontra-se em
formação. Toco legou-nos muito material escrito em Português e em Kikongo, onde
está depositada toda mensagem que recebeu do Senhor para a humanidade e que
precisa de ser recolhido, seleccionado e compilado em brochuras. A Torre do
Tombo em Portugal tem se revelado como uma das fontes com acervo documental dos
Tocoistas melhor organizado. Neste caso, temos as epístolas e as directrizes do
Dirigente, os anúncios e profecias de Mayamona, o material litúrgico para a
catequese e culto, as recomendações espirituais dos mensageiros, as revelações
divinas, o testemunho de fé dos Anciãos e outros materiais. A compilação
da “memória dos Anciãos da Igreja” levará muito mais tempo para ser
recolhida em forma de depoimentos, testemunhos ou narrativas, para posterior
tratamento e publicação como sendo, “História
da acção dos Anciãos ou vida e obra dos Anciãos”. Esta memória está
constituída por relatos, testemunhos, actos, feitos, etc e grande parte dela já
está recolhida e tratada pelo GCNET». Extraida da obra: A Relembrança da Igreja de Cristo,
pág. 78-81.
34 Para melhor se compreender as identidades ideologica-doutrinaria dos
grupos que constituem o actual revivalismo Tocoista, há que se recuar na
génese da formação das próprias comunidades Tocoistas e Igrejas, conhecer os
seus principais actores, sua situação religiosa pré-Tocoista e factores que estão na base da sua adesão ao
Tocoismo. E de 1950 à 1974 como se orientavam religiosamente, sua ligação com
Vale do Loge até 1961 e com Luanda até 1974, grau de instrução Tocoista dos
seus Anciãos e Conselheiros, e como lidaram com a problemática do Espirito na
Igreja. Isto porque cada um destes quatro grupos tiveram varias influencias extra-Tocoistas ao longo deste periodo
e a maioria não teve acesso ao verdadeiro ensino e doutrina administrado por
Simão Toco.
35 Linhagem de sucessão no Tocoismo: No «Manual de
Ensino Tokoista» pág. 170, esta problemática foi tratada como se segue.Que linhagens de sucessão foram promovidas
na Igreja a revelia ao espirito e orientação do Profeta Simão Gonçalves Toko? Após
a morte do Dirigente Simão Gonçalves Toko, muitos responsáveis da Igreja, em
desobediência a orientação do Profeta Simão Gonçalves Toko instituiram as
seguintes linhagens de sucessão na Igreja:
a. Linhagem
Pastoral:
reivindicada pelo 1º e 2º Pastores:
A Igreja dirigida pelos irmãos da Cúpula dos Anciãos e Conselheiros lidera as
estatísticas dos Vates que já se levantaram, uns apresentando-se como «Mensageiros» e outros como o próprio «Profeta Simão Gonçalves Toco», enquanto
as 18 Classes e 16 Tribos conheceram até aqui dois casos apenas: José Kanhanga (JC-Jesus Cristo, letras
gordas) e Mateus Rogeiro (Cristo
Negro). Bem podemos ver como estes dois Vates de Jesus Cristo e Arcanjo Miguel
usaram a condição de vate para oquestrarem mecanismos que lhes posibilitaram a
ascenção na liderança da Igreja. Impaciente, o 1º Pastor procurou outra via para acelerar a sucessão de Simão
Toko, ao contactar em 1982 os irmãos do Grupo
Ntemu António e realizarem o polémico ritual tradicional na campa do velho
NdombeleBitopo, pai de Simão Toko;
b. Linhagem
de Representação:
reivindicada pelas 18 Classes e 16 Tribos: Segundo estes irmãos, cabia as 18
Classes e 16 Tribos enquanto órgão directivo da Igreja, indicar quem deveria
suceder Simão Toko na liderança, daí a sua demarcação da Igreja deixada por
Simão Toko em 1985/86, após os irmãos da Cúpula o terem feito em 22 de Abril de
1984, logo a seguir a morte do Dirigente;
c. Linhagem
consanguinea:
reivindicada pelos membros do Grupo Ntemu António Kisenda (IPPL/MBOMA) ou
alguns parentes consanguíneos do Dirigente e retomada pela Direcção Universal:
Quanto a problemática da sucessão
familiar, Toko em 1950 a partir do Colonato do Vale do Loge, deixou
orientações bem claras quer aos seus familiares, quer a Igreja, relativamente
ao posicionamento de equidistância que seus familiares deviam adoptar nos
assuntos da Igreja. Nos anos 80, voltou a reiterar aos seus parentes, para não
se imiscuíssem nos assuntos da Igreja;
d. Linhagem
de mensageirismo
(aparições, enviados e ressurgimentos): defendida pela ex-Cúpula de Anciãos e
Conselheiros e pelo irmão Mateus Rogeiro então das 18 Classes e 16 Tribo e
Direcção Centro-Sul do irmão Osorio Marcos. O Vaticinio é a via comummente
utilizada pela Cupula e seus dissidentes e que pelos vistos continuará a ser
muito utilizada face a cega obediência dos Tokoistas aos espiritos que surgem
na Igreja e a ausência da análise e fiscalização dos mesmos, tal como
recomendara o Dirigente.
36 Sobre o espiritismo na perspectiva Tocoista,
faremos recurso as observações constantes na pág. 156-157 da obra «O
encontro de Catete e as demais manifestações divinas na Igreja de Nosso Senhor Jesus
Cristo»: “O espiritismo enquanto um contravalor no seio dos Tocoístas é um
facto inegável. Ele existe e coexiste com o Vaticínio e é uma problemática
muito séria, actual e que vem produzindo efeitos nefastos na vida de muita
gente. E estes dois processos espirituais (vaticínio e espiritismo) se
confundem, principalmente naquelas comunidades e Igrejas cujo Anciãos não
tiveram uma preparação espiritual ao nível dos desafios espirituais assumidos
pela Igreja, que é a de «quebrar o poder
das forças ocultas». Aí, por razões várias, os seus Vates (os dissimuladores de espíritos ou falsos Vates) passaram à agentes do espiritismo. O Vaticínio
torna-se muito delicado por causa do comportamento das pessoas e a existência
de dois tipos de espíritos (Espírito de Deus e espírito de Satanás); … os dois
Espíritos aparecem a operar na Igreja. O primeiro edifica e o segundo é
destruidor. O Espírito Santo guia os membros da Igreja ao bom caminho; enquanto
o espírito Satânico desencaminha os membros da Igreja. A presença dos dois
Espíritos na Igreja depende da permissão dos próprios membros. Senão Deus
destinou um só Espírito à sua Igreja. O outro é infiltrado”. E esta
situação está na base da crise de valores e da cegueira espiritual reinante
seio dos Tocoístas.
37 A mentira e a desinformação
religiosa (deturpação e fabricação de novos e falsos dados sobre o
Tocoísmo) de um tempo a esta parte passou a ser uma realidade entre os
Tocoístas, daí a necessidade que se instalou em alguns círculos do universo
Tocoísta, em se passar a crivo todo dado
e facto sobre a Igreja e Simão Toco. A atitude de criação de novos e falsos
dados, vinda de responsáveis da Igreja, demonstra o seu não acatamento das determinações de Deus e a não observância da inviolabilidade das orientações e recomendações
de Simão Gonçalves Toco e do Espírito Santo.
38 O Tocoismo Padrão é aquele
que está em harmonia com os ensinamentos de Simão Toco e que reflecte a luz do
Espirito Santo. Este Tocoismo sobreviverá ante a «decantação» que abalou a Igreja desde os anos 60 e que foi
anunciada em Fevereiro de 1975 no Ntaya quando Toco disse: «Há pessoas que não estão a agir em conformidade com a sã doutrina. Uns
estão a fazer as coisas de propósito para me experimentarem. Mas digo: vão enganando os homens do mundo, porque à
mim, ninguém pode enganar. Continuem a praticar as vossas maldades enquanto
é cedo. Porque há-de chegar o momento em que muitos se arrependerão. O fim não
está longe. A Igreja passará por um processo de decantação. Todos vós passareis por sete depurações.
Não vos esqueçais: Sete vezes sereis peneirados. E só depois de passardes por
estas sete depurações, é que cada um poderá cantar a sua vitória na fé. Saibam
o que foi dito: “Muitos chamados e
poucos escolhidos”. É isto que irá acontecer-vos, visto que muitos no vosso
meio não quereis deixar os maus caminhos. Orai bastante, para que possa estar
na porta de entrada no reino de Deus. Digo isto, por ser sentimentalista, e vir
favorecer a entrada de muita gente». In: Profecias de Mayamona, pag. 129.
O Tocoismo
Padrão é igualmente aquele que não perdeu a sua pureza, pois Toco dissera
em 1975:“No meu regresso dos Açores, eu disse aos Anciãos e Conselheiros de que
ainda não era o momento de meter as mãos no trabalho da Igreja, porque
verifiquei que a Igreja já não se encontrava conforme a trouxemos”.
Pag. 117. Disse mais a partir dos Açores sobre os «Verdadeiros Tocoistas»:“Os
cristãos que não querem unir-se com os seus iguais, não são verdadeiros
seguidores de Cristo. Ele veio ao mundo e ensinou o AMOR. Não querem saber o
que Espírito diz: se o Simão morrer, que fareis no meio da Igreja?Por isso se totalizou
40.478 Tocoístas verdadeiros, mas se
não porem-se a pau, esse número será
dividido em 8 partes e o quociente será chamado verdadeiros seguidores de
Cristo. Muitos chamados e poucos escolhidos”. In: Profecias de
Mayamona, pag. 92.
39 Aqui está uma evidência do
impacto que o Tocoismo teve no meio Rural e Urbano, pois, produziu ao longo de
34 anos (1950-1984) realidades socio-religiosas que opuseram (Tocoistas defensores do primado da
espiritualidade como premissa da acção religiosa e os defensores do primado da
autoridade administrativa e intelectual), elementos oriundos do mesmo
grupo (Coro de Kibokolo) em Leopoldville em 1950 de onde foram repatriados para
Angola em Janeiro de 1950.
40 Confira ainda o radape nº 25, 28
e 59.
41 A fixação dos Puritanos em
Luanda nas últimas duas décadas vem produzindo no seu seio uma errosão dos princípios puritanistas, gerando novas
tendencias, onde os mais moderados, que influenciados pela vivência na urbe, procuram
harmonizar a sua maneira de «pensar, sentir e agir Tocoista» com a dos Radicalistas
e formam o actual Colegio dos 12 Mais Velhos em Luanda.
42 Toco em 1983, despediu-se destes
irmãos através dos seguintes capítulos que enviou a cada um deles: Salmos de David 41:5-9 e em Actos dos Apóstolos 20:28-36. Posteriormente mandou distribuir aos
Tocoistas.
43 A Tribo Norte que sempre
garantiu a sua base “maioritaria”, não abdicará este trunfo em detrimento de uma “minoria”
da Tribo do Ntaya-Makela do Zombo. Estes por sua vez têm Ntaya e o Sacerdocio
como principal trunfo para se imporem no mando da Igreja como actualmente se
pode verificar, onde tem conseguido suplantar em alguns sectores os
radicalistas da ex-Cupula. Mas a tentativa de integrar no sacerdocio familiares
de Simão Toco que sempre militaram no Grupo dos 12 Mais Velhos-Ngunga Ngele,
ameaça deitar por terra esta estrategia, pois, a «força espiritual da sua
mistica», foge-lhes das mãos. E com a perca do controlo do Sacerdocio, os
partidários do Tocoismo tradicionalista (Mboma)
saberão criar novos cenarios espirituais e não só, para manterem o aparente
control da situação. Mas é de reconhecer que com a erecção do enorme patrimonio
em Luanda, isto ha-decausionar os actos de muitos dos seus membros, conforme
ficou demonstrado na tentativa de separação ocorrida em 2012 orquestrada pelo
movimento do Ancião Diungu Diungu da
Tribo Weste eque não logrou exito.
44 Como se pode verificar na obra
publicada pela Nova Esperança Toco sob titulo «Cometa Crente», pág. 13 e
confirmada no documento de 30 páginas elaborado pela IPPL-Igreja Prenda Palanca
(Mboma), datada de 28.02.1997 no âmbito do processo de reunificação, sob o
título «Reformas ocorridas na INSJCM e a razão da nossa existência»,
este Grupo de Tocoistas, apesar de aderir ao Tocoísmo, sempre teve a sua
religião pré-Tocoismo, cuja data fixam-na em 1937, situação que se tornou
visível a quando do caso «Sebastião Lucila» em 1969/70 e «Mbela Nod» em Setembro de 1982.
45
Está na base desta situação, o choque
cultural que resulta dos valores éticos-morais emanados no Tocoismo através
do Vaticinio e que remeteu os Tocoistas num conflito espiritual com as «religões
tradicionais» anteriormente existentes. Dentre os vários movimentos
espiritistas, o que mais reagiu ante a acção dos Tocoistas na região do Zombo
face ao «choque cultural» provocado
pelos valores que difundiam, foi o movimento tradicionalista que emanou do
remanescente do Kidismo e do
Kimbanguismo que aderem ao Tocoismo
na região Zombo. Já a 28 de Julho de 1949, Jesus Cristo alertara a Simão Toco:
«“sofrereis muitos anos, mas não será
aqui em Leopoldville onde o Espírito verdadeiro dos discípulos de Cristo poderá
trabalhar verdadeiramente, porque o
diabo espalhou o seu espírito maligno nesta cidade para vos confundir.
Sereis presos pelas autoridades Belgas, mas tu Simão, mesmo que os teus irmãos
abandonem a Igreja de Cristo, tu aguentes. A Bíblia e o Espírito Santo que
recebestes irão ajudar-te.Diga aos teus irmãos, que depois da cadeia, levareis a bola
para Angola, vossa terra natal, mas não tenhais medo. Sereis perseguidos ao
máximo e espalhados para quase toda parte de Angola”. A bola quer dizer, a
palavra de Deus” e estando nos Açores, Toco escreve: «Dito e certo. O que o Espirito me dizia foi o que aconteceu naquela
terra. A palma da mão virou, quer dizer, a palma da mão é o negro e o branco.
Mas para Angola, nunca o Espirito de Deus me dissera que expulsássemos os
brancos. Mas sim, “vão para a vossa
terra levar a bola e hão-de ensinar quase a maior parte de Angola, brancos,
negros e mestiços. Mas vão sofrer primeiramente. Orai sempre ao vosso Jeová
Deus, mesmo que as autoridades portuguesas não queiram. Entrem nas vossas casas
e façam a oração de Pai Nosso que está nos céus. Eu nunca vos abandonarei, se
perseverarem até a minha vinda”. Foi o que o Espirito nos disse, mas o espirito que opera nos Kimbanguistas
meteu confusão em tudo e começaram a expandir o Kimbanguismo em Angola; E
começamos a expulsar os Kimbanguistas que se introduziram no meio do Tocoismo e
a mandar calar os seus espíritos. Mas esse trabalho está demorando porque estou
muito longe. Mas graças à Deus e em colaboração com os meus irmãos, a acção
deste espirito está diminuindo». Profecias de Mayamona pag. 43.
46 Em outra ocasião Toco afirma: “Muita coisa se passou... O que é certo,encontramos em Maquela do Zombo o espírito maligno que dificultou o
trabalho. Era o espírito daqueles que lutam para ganharem o mundo, os Kimbanguistas,
Mpadistas e Machuas de Brazzaville, mas eu consolava sempre os verdadeiros
Tocoistas, confortando-os na verdadeira fé em Nosso Senhor Jesus Cristo”.
Profecias de Mayamona pag. 43. E este espírito agigantou-se no Ntaya no periodo
de 1976-1983.
47Segundo Vasco Nzila, «… O irmão Pedro Masukinini havia nos dito no Ntaya quando se criou uma
Comissão composta por Vasco Pedro Nzila e Pululu Francisco: “Eu mandei uma carta lá no abismo e pedi o
reforço de 7.000 espíritos e quem tentar levantar a cabeça vai apanhar”.
Para o efeito, fez-se um trabalho
espiritual com todos os Vates do Ntaya, para podermos chegar à Luanda epara
impedir que estes espíritos do anti-Cristo entrassem na Igreja. No último
dia, foi-se na casa do Dirigente, mas este disse: “não quero ver ninguém a fazer trabalho espiritual cá, porque o mesmo
espírito que fostes impedir no Ntaya já cá entrou, visto ser carnal o trabalho
que lá fizestes”. E a Igreja dividiu-se. Portanto, é este conflito que está
em todas as nossas divisões. O objectivo é somente único». Nzila, as Crises no Tocoismo, pag. 50.
48 O Tribunal Popular
Revolucionário de Luanda, no dia 17.02.1989 procedeu a condenação de 18 Anciãos deste Grupo a prisão
efectiva, sendo 08 à 19 anos de
prisão, 03 à 16 anos, 01 à 15 anos, 01 à 10 anos, 04 à 6
anos e 01 à 5 anos de prisão
respectivamente. Estes em 1992 beneficiam da amnistia geral no ambito do
processo de paz angolano.
49 Vale lembrar que o autor desta apresentação em termos
de posicionamento dentro do Universo Tocoistas, é produto de três principais
realidades tendenciais e revivalisticas. Sendo filho de pai Radicalista
Modernista fortemente influenciado por Puritanos de onde assimilou os «ditos» e «feitos» de Toco após ter passado na Missão da BMS em Kibokolo como
estudante, e de mãe que pertenceu a Comunidade onde emerge o movimento
tradicionalista Tocoista, militou na Igreja de Cabinda de 1972 à 1986 e na
Cupula de 1986-1988 de onde toda família foi transferida para a Direcção
dirigida pelos 12 Mais Velhos após negociações entre as respectivas Tribos das
duas Direcções Tocoistas. De 1990 à 1993 fez parte de um colectivo de cinco
jovens Tocoistas no Huambo (em cumprimento do serviço militar) constituído por
irmãos das 18 Classes e 16 Tribos, tendo se tornado membro do GCNET em 1993 até
a presente data.
50É Donfonso F. Manzambi quem nos
descreve o sucedido:“Terminado este ano
de 1963, em Janeiro de 1964, quando
festejávamos o fim do ano de 1963, abriu-se mais outras confusões no seio da
Igreja. Mas não eram os Tocoístas que tinham lutado. Então os traidores, os
bufos foram mentir as autoridades que houve uma luta entre os Tocoístas e desta
luta resultou na morte de uma pessoa e as autoridades portuguesas tomaram
medidas de acabar com os cultos”. In: «A
trajectória histórica da Igreja de Cristo», 2009, pág 26. De referir que o
TocoistaZander que havia sido dado por morto reaparece dias depois, mas o
conflito que se abriu daí entre os Tocoistas, foi de proporções alarmantes.
51 Simão Toco estando no Colonato do Vale do Loge anuncia: ”Não fui eu quem vos escolhi. Foi o próprio
Deus que me tinha enviado para ir a vossa busca, porque vos tem consagrado para
lhe construirdes as suas santas cidades. Tendes uma grande missão de Deus para
cumprirdes. Hão-de construir-lhe três cidades: A primeira cidade é esta que agora começastes aqui, na região do
Bembe; A segunda cidade será erguida
na região do Zombo; A terceira
cidade será erguida na região do Kwimba. Serão estas três cidades santas que ireis erguer para o vosso Deus. Estas cidades
terão o mesmo estatuto que têm as Missões da BMS. Por isso, trabalhem, porque
futuramente tudo isso será vosso”.
Disse mais: “Bem-aventurados sois vós que saístes duma cidade cheia de glória
mundana para a mata. Mais fácil será a salvação para vós do que os vossos
irmãos que foram para Luanda. Porque saíram da cidade de Leopoldville para
outra com maior glória mundana”.
52 É de referir que de Fevereiro de 1950 à 17 de Novembro, altura em que
Toco parte com a familia para Luanda em direcção ao Colonato de Caconda,
desenvolve inúmeras acções de índole espiritual e não só, todas enquadradas
dentro dos propósitos de Deus manifestes em Catete, dentre as seguintes: A
criação de um conjunto de condições materiais e espirituais para o
funcionamento da Igreja de Cristo em toda sua extensão; A materialização no Colonato do Vale do Loge de uma
série de orientações recebidas de Jeová Deus em Catete; A normalização das
práticas religiosas que se estende até 1955; A preparação dos Anciãos para
conduzirem a Igreja na sua ausência física face as missões que haveria de
cumprir noutras localidades; A oração (jejum) de pedido do Espirito dos
Profetas na Igreja para auxiliar os Tocoistas no âmbito das missões da
Igreja de Cristo; A oração de pedido para o surgimento dos movimentos
de luta armada em Angola, visando a descolonização de Angola; O concerto
com Deus no monte Sinai para a salvação de toda humanidade; A descida do
Espirito dos Profetas na Igreja a partir do Vale do Loge aos 28 de Junho de 1950; A
institucionalização do Vaticinio e
do Tabernáculo do Senhor na Igreja de Cristo (a comunicação
generalizada entre Deus e os crentes da Igreja de Cristo) e a realização de
vários ritos que culminaram com o cumprimento dos propósitos de Deus, tido como
importantes para os planos de Deus na terra.
53 A lista é enorme. Só no Vale do
Loge eram mais de 600 e no Ntaya acima de 1500 elementos. O Maestro Tocoista de
todos os tempos Simão Lázaro, é um
Puritanista por essência, mas teve fulgorosas passagens junto dos Radicalistas
Conservadoristas e Etnicistas.
54 Toco apelava aos Tocoistas a procederem reformas em quase todas áreas
que conformam as práticas Tocoistas (trajar
dos Tocoistas, casamento, noivado, na administração com a criação de Classes, 40 Mancebos, Sucursais e no funcionamento correcto da Igreja. Estas orientações
já foram compiladas pela Nova Esperança Tocoistae estão na obra «Directrizes do Dirigente-Para o melhor
funcionamento da Igreja de Cristo».
55 Foram os casos de Lundi Mbongo,
Augusto Bernardo, Afonso Makiese, «profeta» Isaias da Igreja Profetica Mundial,
João Miguel Joana, Osório Marcos, Tabernaculo Central, etc.
56 Os Anciãos da Cupula rejeitaram junto de Simão Toco esta denominação,
apresentando a de «Filhos de Bons
Seguidores».
57 Seu periplo à todos grupos
revivalistas do Tocoismo de 1994 à 1998, as suas jornadas de reflexão sobre vida e obra de Simao Toco que realizam
de 02 a 10 de Janeiro de cada ano, bem como os seus festivais musico-culturais que envolve grupos corais dos demais
grupos de Tocoistas, muito contribuíram para a aproximação dos Tocoistas
desavindos. O seu movimento literário
vem correspondendo
com a expectativa do grupo, permitindo que muitos Tocoistas pudessem conhecer
melhor a realidade histórica do Tocoismo, contribuindo assim no processo de reevangelização dos Tocoístas
e da recuperação dos seus genuínos valores.
58 Verificou-se que muito dos integrantes dos 40 Mancebos (A,B,C e D) e
alguns Ana Ngunza à quem Toco
depositara sua confiança para o anúncio do «Evangelho» e do «caminho
do bem», desistiram da Igreja, porque
encaravam-na como um lugar de analfabetos com quem deviam manter uma certa
distância, pois, a elite que liderou os destinos da Igreja esteve
maioritariamente constituído por iletrados e semi-analfabetos, que nutriam uma
certa aversão aos racionais intelectuais. O seu distanciamento em parte está
provido de razão, porque muitos Anciãos que estavam na condução dos destinos da
Igreja, temiam os intelectuais e perseguiram-nos, fazendo tudo para
desencorajá-los a agirem em prol da Igreja. Estes não evidenciavam a consumação
do projecto de acção Tocoista, mas sim a preservação dos seus cargos e nada
fizeram para superarem-se académica e intelectualmente. Os Anciãos na
generalidade, não passaram o testemunho a nova geração, tornaram os seus cargos
vitalícios e vetam a possibilidade de haver sucessão e ascensão. Com isto, um
número considerável de Tocoístas estão em casa e esperam um milagre ou uma
oportunidade específica: A viragem da
realidade dos factos e a mudança do sistema das coisas. Aguardam pelo tio
Mayamona e pelo cumprimento das suas profecias. Esta é a razão do grande
protagonismo apresentado pela Direcção liderada pelo Bispo Afonso Nunes. A nova geração de Tocoistas têm uma
crença apoiada naquilo que os seus Anciãos viram, ouviram e esperam. A maioria
é dependente ou seguidista. Outros perderam o ânimo e a confiança neles, e
somente acreditam em Mayamona e nos seus ditos e feitos.
59 De facto,
Toco apelara
aos Mancebos e defensores da Igreja: "… O Tocoísmo deve procurar Mancebos
que saibam uma língua comum, para mais cedo ou mais tarde puderem fazer algo
importante para a segunda vinda de Cristo. Mas é pena que os rapazes que
estudam a língua portuguesa não se interessam servir à Cristo. Pobre africano
que até aqui não pensam, nem prevêem o futuro…Vós Mais Velhos, não deveis
invejar os rapazes que sabem a língua portuguesa e que estão vos ajudando na
palavra de Deus, porque se não haver cristãos que saibam o português, quando
vós Mais Velhos morrerem, quem ficará no vosso lugar? Eu gostaria que os
rapazes que estudam nas escolas superiores e filhos dos Tocoistas, não
esquecessem da Igreja de Cristo para mais cedo ou mais tarde a defenderem.
Quero que os jovens estudem até ao ensino
superior para que mais tarde ou mais cedo, venham a ser os defensores da
Igreja". Directrizes 7:345-346;11:145. Vide rodapé nº 25, 28 e 40.
60 Segundo a Wikipedia e «o que é Misticismo» de Wiliam Stoddart,
Misticismo «do grego μυστικός, transliterado mystikos, um iniciado em uma religião de mistérios» é uma religião que procura
enfatizar a atenção imediata da relação direta e íntima com Deus, ou com a
espiritualidade, com a consciência da Divina Presença. E “vai além da religião tradicional por permitir uma experiência direta e
pessoal com a divindade ou com a espiritualidade em questão. Porém essa união
com o todo só é possível através de uma dedicação espiritual que capacita o ser
humano a se livrar das tentações mundanas.
O iniciado que alcançou
o ‘segredo’ é chamado um ‘místico’”.
61
“... Na prática o misticismo só
surge dentro do arcabouço de uma das religiões reveladas. De fato, seria
justo dizer que o misticismo constitui a dimensão interior ou espiritual de
toda religião. Misticismo é esoterismo, enquanto que o arcabouço religioso
exterior é o respectivo exoterismo. O exoterismo é para todos, ao passo que o
correspondente esoterismo é somente para aqueles que a ele se sentem chamados”. In: «o
que é Misticismo» de WiliamStoddart.
62 De acordo com a
Wikipedia,"o místico é aquele que
aspira a uma união pessoal ou a unidade com o Absoluto, que ele pode chamar de
Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, etc”.
63 Para Wiliam Stoddart em,
«o alegado objeto tanto da “experiência
mística” quanto da “doutrina mística”
é a Realidade Suprema. A doutrina mística pode chamá-la de Um, Si, Puro Ser, ou
outro nome, e a experiência mística é considerada como sendo a união com ela,
em qualquer grau e de qualquer modo que seja. Com este fim, fala-se também de “via mística” ou “caminho místico”. A doutrina mística e a metafísica ou teologia
mística são uma única e mesma coisa. A experiência mística, quando num grau
total ou ao menos suficiente, é a salvação ou liberação. E o propósito do
caminho místico é a “realização
espiritual”, isto é, a progressão do
exterior ao interior, da crença à visão, ou, em termos escolásticos, da
Potência ao Ato».
64 É mística para os seres humanos todas as coisas
empregues para criar a relação direta com a espiritualidade: uma vela, uma
oração, um vaso de flores, um totem, “pois
é o instrumento usado por estes para criar a relação deste poder... O homem acredita no poder da vela e da
oração, mas não sabe como este poder age” http://meeu.com.br/ceu/tag/misticismo/. O vaticínio como tal, está em volta de acções de
natureza mística.
65 Deus simplificou a sua relação direta e íntima com os
Tocoistas, ao instituir o Vaticinio em Junho de 1950, tendo como
protagonistas os Vates,
Pombos, Sacerdotes, Mensageiros
(Profetas e Anjos), Anciãos e
Conselheiros, Discernidores de
Espirito e os Visionários ou
videntes. O mlayswanismo
(arrebatamento) até aqui tem sido uma das principais experiências místicas dos
Visionários Tocoístas, onde os casos
mais mediatizados foram os ocorridos com o Ancião Mbona Pedro em Luanda em finais de 1950 e Novembro de 1983 e Simão Masanza em 1950. A
experiencia espiritual pessoal guiada é outra forma de realização espiritual esotérica Tocoista. Para mais
informações sobre o assunto, consulte a obra «O encontro de Catete e as demais manifestações divinas na INSJCM» recentemente
produzida pelo GCNET.
66 Utilizamos aqui
a expressão misticismo ao invés de espiritismo (doutrina dos que se
comunicam com espiritos) por julgarmos ser mais tecnicamente abrangente em
termos de fenómenos espirituais esotéricos e também para evitar que haja uma
certa conotação com outros factores do fenómeno como a sua ruralidade ou
origem urbana, ou mesmo com o espiritismo sistematizado por Allan Kardec. E por misticismo espiritista queremos
qualificar a acção do Grupo de Tocoistas que praticam uma acção de interferência
no ritmo normal da vida à partir do plano extra-físico. Os espiritualistas enxergam o espiritismo (a magia, a feitiçaria, os
adivinhos, curandeiros, encantadores, quimbandeiros, Umbandistas,
candobletistas, e demais espiritistas) como uma acção de interferência no ritmo
normal da vida à partir do plano extra-físico, já que aqueles que se entregam a
ela sabem que o mundo espiritual determina em grande parte a dinâmica do mundo
físico e que, de lá, fica as vezes bem mais fácil influir sobre as situações e
as pessoas, pois se conta com a influência mental subtil e a invisibilidade. Porém, em 1949, Deus enviou o Espírito Santo
a África que veio contrapor estas práticas. In: “Encontro de Catete e demais manifestações divinas na Igreja de Cristo”,
Pag 153.
67 A «magia
maléfica» ou «feitiçaria» foi
usada pelos nossos antepassados como recurso para determinar as causas dos
infortúnios que viviam (doenças, acidentes, mortes, seca, chuvas torrenciais,
trovoadas), apontando sempre alguém como causador destes infortúnios. E hoje,
as religiões reconhecem a existência de duas forças ocultas que lutam pelo
controlo da humanidade, as forças
demoníacas e as forças activas ou vivas de Deus. Os religiosos
responsabilizam os demónios como causadores dos infortúnios vividos pela
humanidade, como guerras, desastres, pestes, falta de sorte … e dizem que as
forças activas são defensoras dos homens.
68
Espiritismo no Tocoismo é um contravalor em relação ao Vaticinio onde se pratica o
espiritualismo. Bem sabemos que esta pratica não regulada, confunde-se em
grande medida com as praticas espirituais exercidas pelos africanos antes do
contacto com o cristianismo. Daí que
muitos ao se converterem no Tocoismo, não abdicaram das suas tradicionais
práticas espiritistas pre-cristãs.
69 Via utilizada por estes face a
cega obediência dos Tocoistas aos espiritos que surgem, por não estrem
preparados para lidarem com os fenomenos espirituais.
70 “O casamento perfeito entre estas duas
correntes (Tradicionalistas e Modernistas) para melhor fazerem frente aos
Tocoístas espiritualistas, num momento crucial da vida do Tocoísmo, remeteu a
Igreja numa crise profunda sem precedentes que precipitou a morte de Toco
conforme denúncia sua e dos Anciãos 12 Mais Velhos, bem como a consequente
divisão da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo declarada pela Cúpula
em Abril de 1984 após o fim do cumprimento unilateral dos 90 dias, em memória
do desaparecimento físico de Toco, marcando o início do aparecimento dos
«mensageiros de Simão Toco do pós morte», cujo primeiro «mensageiro» foi o
então adolescente Pedro Sandumba ainda em 1984, não obstante o «Erausto
Tesoureiro da Cidade - Nlundi Mbongo» iniciar as suas proezas anos antes”. In: “O vaticinio na Igreja de Cristo”, pág.
11.
71 Muitos Vates são acusados de promoverem acções maléficas e engendrarem
deturpações no seio da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. São os
efeitos indesejáveis que resultam do exercicio de um vaticínio desregrado na
Igreja.
72 Primeira geração de Tocoístas (1949 à 1974 - 25 anos). Estes na sua maioria antes
de serem Tocoístas eram Católicos, Protestantes, Metodistas, Kidistas,
Kimbanguistas, ateus, etc. Consequentemente possuíam outros credos e certo tipo
de fé. A sua conversão ao Tocoísmo, na maior parte deles foi por intermédio de
milagres, prodígios, sinais e promessas fiáveis Foi um momento ímpar que
viveram e desta forma renunciaram tudo para seguirem a Cristo. Aceitaram as
prisões, açoites, torturas, desterros, trabalhos forçados e mortes para
ganharem Cristo e a vida eterna. Segunda
geração de Tocoístas (1974 à 1999 - 25 anos). Estes Tocoístas nasceram na
Igreja e não conheceram outros credos ou culturas tradicionais. A sua conversão
foi mediante a aceitação voluntária de Cristo Jesus como seu único Salvador.
Não creram por causa dos sinais, prodígios ou milagres. A Igreja é parte
integrante da história da sua vida. São os fieis continuadores da grande obra
erguida pôr Deus por intermédio de Simão Toco e de seus Anciãos pertencentes a
primeira geração.
73 De acordo o JET-Jornal Evangélico Tocoista, edição nº
10, de 23.11.2010, pág. 16, “1. Todos os Tocoístas
acreditam em: Deus Pai, o
Todo-Poderoso; Nosso Senhor Jesus
Cristo, o Salvador; Espírito Santo, o Consolador, Instrutor e Guia; Venerável
Dirigente Simão Gonçalves Toco, o
Mensageiro de Deus, Bom Pastor;
Igreja de Nosso Senhor Jesus; Cristo no Mundo, relembrada em 25.07.1949; Bíblia
Sagrada, o Livro Sagrado. 2. Têm ainda: os mesmos Mandamentos da Lei de Deus;
os mesmos Preceitos da Igreja; os mesmos Ritos; os mesmos hinos centrais (Rei
do céu andará, Voluntários de Cristo em fileira, Quando a vida terreal findará,
Quando o Senhor Jesus regressar e Hinos de casamento, Santa Ceia e fúnebres);
os mesmos dias de celebrações: 5 de Abril (em 1943, o Profeta Simão Toko funda
o Coro de Kibokolo do qual nascera a
Igre-ja, no ex. Congo Belga); 25 de Julho (em 1949, desce o Espírito Santo e a
Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo é relembrada, isto aconteceu na
cidade de ex. Leopoldville, actual Kinshasa - RDC, na altura sob o domínio
Belga); 22 de Outubro (em 1949, o Profeta Simão Gonçalves Toco e seus
discípulos são presos pelas autoridades colonialistas belgas no ex. Congo
Belga); 31 de Agosto (em 1974, o Profeta Simão Toco regressa em África
proveniente dos Açores -Portugal onde cumprira
11 anos de cativeiro); 25 de Dezembro (ano 7, nasce nosso senhor Jesus
Cristo «Na-tal»); 10 de Janeiro (1984), após seu desaparecimento físico a 1 de
Janeiro do mesmo ano, os restos mortais do Profeta Simão Toco são enterrados na
localidade de Ntaya - Maquela do Zombo); 24 de Fevereiro (1918), nasce o
Profeta Simão Toco na localida-de de Zulumongo-Sadi-Maquela do Zombo, na
província angolana do Uige); mesmas datas de baptismo e Santa Ceia: Abril; Agosto;
Dezembro.3.
Seguem todos a mesma Doutrina. 4. Todos contam a mesma História da Igreja. 5.
Dedicam, todos, a mesma reverência à esposa do Profeta Simão Gonçalves Toco, a
Dona Rosa Maria Toco, e que reconhecem como sua Mãe sofredora e sim-bolo de
sofrimento da Mulher Cristã em África. 6. Reconhecem os 12 Mais Velhos como
verdadeiros iniciadores da Igreja e foram constituídos, pelo Profeta Simão
Gonçalves Toco, como principais Sacerdotes da Igreja de Nosso senhor Jesus
Cristo no Mundo, com missão análoga dos 12 Apóstolos de Cristo e que vem
exercendo desde 23 de Novembro de 1949, data em que foram eleitos por mandato
perene. 7. Respondem todos pelos mesmos atributos: Tocoísta, Cristão ou Adorador de Deus”.
74 Podemos ler no prefácio da obra “Profecias de Mayamona” de que «A acção dos “Ngunga Ngele” sempre
esteve firmada na acção profética do Dirigente, enquanto fiéis depositários da
mensagem de Deus trazida por ele. Estes são testemunhas do que ele disse e fez.
Daí que o Evangelho de Cristo que lhes foi concedido através dos seus ensinos e
profecias, é a fonte permanente da verdade e que dá vida e orienta a Igreja de
Cristo relembrada em África. Todos os Tocoístas e Igrejas, serão verdadeiros,
tão-somente se aceitarem este ensino e revelação de Deus, e não só manterem-se
fiéis à ela, mas também defendê-la e conservá-la contra todas as distorções ou
adulterações. Rejeitar os ensinos dos Anciãos da Igreja, é rejeitar o próprio
Mayamona e quem lhe enviou na terra. E torna-se tarefa de todos dar
continuidade da missão e mistérios apostólicos, anunciando continuamente ao
mundo e aos Tocoístas a mensagem trazida por eles, através da proclamação e do
ensino fieis no poder do Espírito Santo. Só por isso, a revelação de Deus à
Mayamona conforme foi transmitida aos Tocoístas de 1942 à 1984, nunca deve ser
substituída ou revogada por revelações, testemunho ou profecias posteriores a
morte do profeta».
88 Igrejas Regionais em Angola: “Por determinação do Dirigente, existem 16 Regiões Eclesiásticas da Igreja em Angola,
sedeadas no interior da República de Angola e representadas na Direcção Central
da Igreja em Luanda pelas 16 Tribos. As Igrejas Regionais são as comunidades
representantivas de crentes, constituidas pelas Classes circunscritas à um
determinado espaço geográfico; A Igreja tem o seu principio de divisão
territorial que é anterior a independencia de Angola”. In: «Manual de Ensino Tokoista», pág.
154-155.Daí a existência de 05 regiões eclesiásticas na Província do Uige e uma
em toda região Sul de Angola. Uma questão
para reflexão de todos.
75 Assim está pincelada a ideologia dos Tocoista. As oito
nações que Deus deu o Seu poder para representarem ou organizarem bem o mundo: Babilónia, Egipto, Grécia, Roma, França,
Alemanha, Inglaterra e América.
76No Manual de Ensino Tokoista podemos ler na pág. 172-173: “Esta estrela é composta de oito pontas,
sendo que cada uma corresponde a um reino que Deus levantou na terra para fazer
reinar a justiça no mundo. Daniel 7:27. Esta
estrela tem ainda os seguintes significados: a) Significa a «Luz de Deus
para toda a humanidade» e é sinónimo de perfeita harmonia (paz), alegria (júbilo) e música
(canto); b) O Selo do
Deus vivo que marca os servos de Deus. Apocalipse 7:1-8; c) Mostra que África
também recebeu a luz de Deus; d) Simboliza que o reino de Deus está muito próximo; e) Como símbolo religioso, representa os oito reinos que Deus levantou na terra; e) Mas ela existe também em forma de um octograma, constituído pela união de dois quadrados e que formam uma estrela de oito pontas, conhecida
entre os Tocoístas por «Ntetembwa nkilelo», símbolo do povo eleito de Deus
no final dos tempos”.
Não li ainda, mas parece-me ser um profundo trabalho de pesquisa. Nos próximos dias vou dispensar um tempo para aprecia-lo. Independentemente de qualquer coisa, desde já, há que se parabenizar o autor pela preocupação e disposição no estudo e na difusão do que possa ser o tocoísmo.
ResponderExcluirCerto. è apenas a primeira parte. Vem aí a segunda. Será bem vinda a sua critica e contribuições. O Tocoismo precisa ser estudado para se evitar situações anómalas previsiveis
Excluirbonito trabalho apesar de algumas coisas que não concordo, mas desejo força
ResponderExcluirCaros Tocoista, alguém pode me dizer quando será o fim do Senhor Afonso Nunes ? já estou farto da mentira desse camarada do partido do MPLA.
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