sexta-feira, 19 de julho de 2013

O TOCOISMO PERANTE OS DESAFIOS DA GLOBALIZAÇÃO (Iª PARTE)

Por: António Neves Álvaro[1]


Culto em Luanda em 1975

1.   CONSIDERAÇÕES GERAIS[1]

Nos últimos tempos, tem sido possível o conhecimento e a compreensão das diferentes sociedades, culturas e suas reacções face aos rápidos processos de transformação social geradores de instabilidades sociais, graças aos aturados estudos das religiões realizados pelas Ciências das Religiões, estudos estes que permitem entender melhor a razão de ser dos povos e civilizações que se globalizam e que em muitos casos vêm produzindo múltiplos apelos à violência e aos «fundamentalismos» face ao “choque de civilizações[2].

Razão pela qual, falar dos desafios da globalização para o Tocoísmo, é um exercício complexo e muito arriscado, isto, pela originalidade do tema, da dimensão do fenómeno e do seu impacto directo nas várias civilizações, sociedades, culturas, povos e religiões, que de forma inesperada viram-se envolvidas numa situação estranha, que lhes impõe novos e sérios desafios para a sua sobrevivência enquanto realidade social.

Nesta apresentação, vamos procurar abordar o tema numa perspectiva que nos possa permitir analisar transversalmente o fenómeno, muito mais na sua dimensão cultural, e assim podermos compreender como os Tocoístas agem/reagem e se ajustam/resistem perante este conjunto de transformações globais (politicas, económicas, tecnológicas, culturais, religiosas, ideológicas e espirituais) e como tiram proveito do mesmo para a expansão e globalização do Tocoísmo, sem perderem a sua essência identitária.

Daí a importância que se reveste o estudo do Tocoísmo[3], pois, mais dia, menos dia, o Tocoísmo reagirá ante a padronização cultural que resulta da globalização e que rapidamente relativiza todas as culturas no mundo dentro dos valores ocidentais da modernidade liberalista. Na verdade, não gostaríamos que a reacção do Tocoísmo aos efeitos nefastos da globalização trouxessem fechamentos, tensões ou violências para com outras culturas e religiões no mundo.

1.1.  Globalização/mundialização

O termo globalização[4]tornou-se comum para designar o fenómeno da modernidade que surge com a evolução das tecnologias de comunicação de massa que são cada vez mais rápidos, eficazes e baratos5. E resulta do acesso universal dos meios de comunicação de massa, onde a sua face mais visível é a internet, a rede mundial de computadores que possibilita um fluxo de trocas e intercâmbio de ideias, de informações e não só em todo mundo. A globalização como tal6, é um «processo de interacção e integração entre as pessoas, empresas e governos organizações religiosas, Igrejas, etc, de diferentes nações, culturas e civilizações». Este processo tem sido impulsionado pela política e pela evolução tecnológica das últimas décadas, e aproxima, interliga, expande valores e realidades locais para todo mundo e pretende uma integração do mundo e do pensamento em um só mercado7.
                         
Anthony Gindes define-a como sendo “a interdependência crescente entre povos diferentes, regiões e países em todo mundo, na medida em que as relações económicas e sociais abrangem todo o mundo” (693:2004).

O termo globalização é muito mais usual em países como a Inglaterra e Alemanha, ao passo que os Franceses utilizam a expressão “mundialização” para identificar o «conjunto de transformações mundiais8». Mas a popularização do termo globalização deveu-se muita mais a influência da língua inglesa sobre os profissionais do mundo económico-financeiro. E para além da utilização da palavra “mundialização”, em torno do termo globalização também gravita a palavra “internacionalização9.

E vários defensores da globalização afirmam que este processo permite que as populações e sociedades mais pobres tenham um rápido desenvolvimento económico, dando-lhes a possibilidade de melhorarem os seus padrões de vida. Mas os que defendem o contrário são de opinião que a criação dum mercado livre sem restrições tem beneficiado apenas as empresas multinacionais do mundo ocidental, em detrimento das empresas locais10. Dai que a resistência à globalização (movimento anti-globalização11) tomou forma quer a nível de governos, como das populações por via das organizações da sociedade civil.

São factores globalizantes, as mudanças políticas verificadas desde o fim da segunda guerra mundial (1945), o rápido crescimento das formas de governação regionais e internacionais, a difusão cultural ocidental, as novas e intensificadas formas de produção e de consumo (transnacionais), o avanço tecnológico e sua difusão (fluxo de informação, a comunicação diversificada e via satélite, a internet, telefone, fax, etc…), o crescente poderio das forças globalizantes, isto é, os meios de comunicação globais (meios de comunicação de massa, internet, a multimédia, as redes sociais, a publicidade, etc).

A globalização causou profundas mudanças no mundo que transforma permanentemente as nossas vidas, verificando-se actualmente a intensificação da interdependência; a transformação dos sistemas globais, quebrando as formas padronizadas ou tradicionais da vida; aproximação crescente entre países, povos, nações e culturas; a intensificação das redes comerciais (integração económica e financeira) e as novas formas de produção e de consumo que são cada vez mais globais.

Quanto aos seus riscos, cabe-nos afirmar que a globalização é um processo de integração social aberto e contraditório, com consequências difíceis de se prever e controlar12. São vários os perigos e riscos, e que vão desde os ambientais, resultantes do aumento do ritmo e de desenvolvimento industrial (a poluição, o aquecimento, a desflorestação, etc); os de saúde - uso de produtos químicos na alimentação, vírus, uso de transgénicos; a desigualdade cada vez maior entre ricos e pobres, criando assimetrias regionais dependentes, etc.

Logo, a globalização ao não ser um fenómeno pacífico, apresenta aspectos positivos e negativos para o Tocoísmo, pois, os Tocoístas actualmente ao invés de mundializarem os seus valores, infelizmente procuram a todo custo «mundanizarem o Tocoismo13», devido a sua preocupação em ajustarem-se a dinâmica do mundo, esquecendo-se que com a descida do Espirito Santo, o Cristianismo havia sido Relembrado em 1949.

A perspectiva da acção do Tocoísmo ao enquadrar-se no “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura (S. Marcos 16:15)”, que foi reafirmado por Toco na Assembleia Geral ocorrida em Mahenge no dia 26 de Julho de 1949 quando anuncia que “a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo foi relembrada ontem dia 25.07.1949 e toda autoridade sobre ela me foi dada por Nosso Senhor Jesus Cristo, ide transmitir à toda gente tudo quanto vistes e ouvistes neste lugar”, a sua acção visa a reevangelização dos Cristãos e não só, e consequente conversão na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo relembrada em África.

1.2.    Tocoísmo

Para esta reflexão, usaremos a definição14 concebida pelos próprios Tocoístas. Para Nzila (2008:18), o Tocoísmo "é uma doutrina religiosa fundamentada no verdadeiro ensinamento de Jesus Cristo, que liberta o homem das trevas do pecado. É um cristianismo puro, a autêntica doutrina de Cristo e que havia sido ocultada ao longo dos séculos", que teve a sua origem em 25 de Julho de 1949 em Leopoldville actual Kinshasa, com a Relembrança15 da Igreja de Cristo fundada por Jesus Cristo no ano 33 d.C. e deixada aos Apóstolos.

E enquanto ideologia16, o Tocoísmo afirma-se como um movimento renovador de valores, que se pretende a escala mundial, sendo uma força que procura influenciar a marcha do mundo visando a instauração do reinado de Cristo. Esta ideologia tem por fim proceder a revisão de valores no mundo, assente nos ideais espirituais transmitidos por Deus à Simão Gonçalves Toco e pelo Espirito Santo. Esta ideologia fundamenta-se em três elementos revisionistas:
·        Na visitação de Deus17 à segunda casa, a casa de Esaú após a Casa de Jacob ter sido visitada;
·        Na Relembrança religiosa e espiritual;
·        E no resgate da bênção perdida por Esaú18.
Logo, o Tocoísmo  enquanto crença religiosa e ideologia, veio pautar a e a conduta dos Tocoístas, modelando os seus hábitos, costumes e «maneira de pensar, sentir e agir» dentro da perspectiva do messiado evidenciado por Simão Gonçalves Toco.
Visto desta maneira, o Tocoísmo apresenta-se na sociedade global, como uma realidade social portadora de todos os principais elementos geradores de resistências e de reacções ao relativismo cultural do globalismo capitalista. Aliás, o seu hino oficial «Voluntários de Cristo em fileira19» composto por Simão Gonçalves Toco em Luanda em 1962, é uma autêntica declaração à guerra santa Tocoísta, ao proclamar uma luta por Cristo, «contra o mundo e contra as paixões do mal», apelando deste modo a militância dos Tocoístas na guerra “da qual nasce a paz»,opondo-se assim à tudo que fere a moral de Deus no mundo.
1.3.    O Tocoísmo perante os valores da modernidade liberalista
Iniciaremos a abordagem deste item com uma interessante e interrogante questão: Que valores o Tocoísmo defende na sociedade?Será que os valores que defende são compatíveis com os difundidos na sociedade moderna liberalista?
Fruto da nossa constatação e militância no Tocoísmo, podemos afirmar que os Tocoístas são defensores de uma “perfeição social e de nobres princípios elementares para a existência de uma humanidade de paz, de concórdia, de amor, sem ambições desmedidas e sem conflitos”, por isso opõem-se a tudo que fere a moral de Deus como já nos referimos. “O Tocoísmo trouxe valores sociais mais cómodos para se viver num mundo de perfeita harmonia e paz”, tal como se disse na obra «A Ideologia dos Tocoístas».

Do levantamento até aqui realizado em torno do Tocoísmo pelo movimento literário do GCNET, apurou-se que com a Relembrança, Simão Gonçalves Toco e o Espírito Santo trouxeram ao mundo valores como o amor, a generosidade, a espiritualidade, a honestidade, a humildade, a solidariedade, o humanismo, o amor à natureza e a espiritualidade. E estes valores difundidos pelo Tocoísmo, de antemão estão em oposição à certos valores da modernidade  liberalista, e são uma alternativa aos valores do liberalismo  individualista  capitalista, isto é, uma nova forma de estar na sociedade moderna20. Também foi possível verificar que o Tocoísmo surge e implanta-se em sociedades modernas, e é um fenómeno sincrético religioso de autóctones que emerge nas sociedades modernas, afirmando-se como uma religião de todos os tempos. Só por isso, trouxe consigo valores do antigo testamento  e  outros novos valores espirituais que se fundem com os da modernidade e da cultura africana.

Logo, do ponto de vista de valores, podemos afirmar seguramente que o Tocoísmo não é compatível  em muitos aspectos com grande parte dos valores difundidos pelo liberalismo capitalista  na sociedade moderna, muito menos com os valores que o comunismo  difundiu num passado muito recente, mas sim, por um meio-termo21. Deste modo, a  abertura  que o Tocoísmo admite aos crentes (escolhas, opções e preferências individuais), deve pautar-se dentro dos parâmetros e valores pré-estabelecidos por Deus. A sua acção deve cingir-se dentro da ética espiritual, onde muitos dos seus aspectos são incompatíveis com os valores liberalistas e individualistas  da cultura ocidental.

Daí a razão do Tocoísmo privilegiar a solidariedade em detrimento do  individualidade/individualismo (a liberdade do indivíduo de auto decidir o que quer, o que julga ser melhor para si) e o comunitarismo ao invés do liberalismo (a competitividade e a livre concorrência no mercado).  É também incompatível com o comunismo propalado pela ideologia Marxista-Leninista que negava a existência de Deus e defendia o primado da matéria sobre o espírito.

Um outro aspecto que o Tocoísmo defende é o princípio da naturalidade  na humanidade. Os preceitos da Igreja conformam  estes valores e ao mesmo tempo os conserva, pois, estão intimamente ligados com a sua espiritualidade, uma vez que um dos pressupostos da fé do Tocoísta tem haver com a sua conduta moral e cívica, e sendo o cumprimento das normas (preceitos) o princípio fundamental da fé, logo quem viola uma das normas, torna-se incrédulo. Isto porque quando o profeta orienta que algo deve ser assim, aquilo faz parte da fé do crente. Neste caso, a função fundamental da fé é fazer renascer o crente e por este facto, os Tocoístas  tornaram-se  numa nova criatura em Cristo na sociedade. É aí onde reside a relação entre fé e os valores defendidos pelos Tocoístas. Quem tem fé, satisfaz o que Deus requer de si; quem se identifica e porta-se  mal como Tocoísta, é sinónimo de que não tem fé e opõe-se aos ditames de Deus22.

Aqui está o que se tornou hoje num verdadeiro dilema social para  o  Tocoísta e provavelmente no futuro  serámuito mais ainda: aceitar os ditames de Deus (ditos e feitos dos Profetas) ou abraçar os valores da modernidade que se opõem grandemente aos ditames de Deus. Resumindo, grande parte dos valores ocidentais da modernidade afastam-no de Deus.

Crença dos Tocoístas23

A crença dos Tocoístas é um princípio unificador, pois, todos crêem em Jeová Deus Todo-poderoso; em Jesus Cristo, o Salvador e no Espírito Santo, o Consolador. Acreditam ainda na Relembrança da Igreja de Cristo; que Cristo virou o casaco; no retorno físico-corporal de Mayamona no final dos tempos; na unicidade e indivisibilidade do Tocoísmo; na assistência espiritual do Espírito Santo e dos Mensageiros através do Vaticínio,e na origem espiritual dos preceitos da Igreja.

Ideal Tocoista24

Do estudo que vem sendo realizado pela Nova Esperança Tocoísta a respeito dos «ditos e feitos» de Simão Toco, foi possível compreender que ele mostrou o caminho do bem que conduz o homem a salvação e a vida eterna, a felicidade dum além que se contrasta com a felicidade dum estado mundano, terrestre e temporal. Em outras palavras, diríamos que Deus idealizou a Relembrança da Igreja de Cristo que havia desaparecido no mundo, para cumprimento do seu plano. E este caminho é: a perfeição cristã face a degeneração dos verdadeiros ensinamentos de Cristo; a instauração de um movimento de salvação universal inspirado e iluminado pelo Espírito Santo. Aqui a espiritualidade é sinónimo de fraternidade, justiça social, solidariedade, alegria, amor a natureza e a intimidade com o sobrenatural. Logo, emerge uma visão revolucionária de uma nova e suprema ordem mundial, face ao colonialismo e as injustiças sociais no mundo e uma forma de expressão sociocultural e de autodeterminação cultural de um povo oprimido.

Para Simão Toco, Cristo governará este mundo. O projecto de acção Tocoísta  é algo por demais ambicioso e visa produzir uma revisão de valores no mundo; elevar a humanidade à um estado de perfeição espiritual e natural - o aperfeiçoamento da humanidade; a conquista e melhoramento do status social dos verdadeiros adoradores de Deus; bem como a instauração de uma nova ordem mundial Tocoísta sob reinado de Cristo na Cidade Santa do Grande Rei e de um movimento de salvação universal inspirado e iluminado pelo Espírito Santo.Deste modo, o Tocoísmo afirma-se como um factor activo na evolução sociocultural das comunidades no mundo e aspira a ocorrência de mudanças sociopolítico a escala mundial, combatendo assim os obstáculos do verdadeiro progresso humano.

1.4. Pensadores sobre o Tocoísmo

  
 Cultos no Bairro Indigenas em 1975-76

Na sequência da nossa abordagem, é imperioso que saibamos como esta categoria de actores do Tocoísmo está constituída, pois, à si pesa a responsabilidade de projectar o Tocoísmo no mercado global.

A priori, os pensadores no Tocoísmo são elementos que detêm um certo conhecimento científico, mas também exibem um  saber Tocoísta - conhecimento espiritual Tocoísta. Estes dois conhecimentos devem ser dominados por esta categoria de Intelectual25.

1.4.1.     Ideólogos Tocoístas

Para que o Tocoísmo até aqui se pudesse firmar, houve na verdade pensadores que souberam interpretar o projecto de Deus implementado por Simão Toco desde o Coro de Kibokolo, cujas acções foram determinantes no percurso da acção Tocoísta. Porém, enquanto único gestor da agenda da acção dos Tocoístas, o protagonismo de Simão Toco até 1984 foi excessivamente evidente, ofuscando grandemente a mente de muitos dos seus seguidores, que por este facto, abdicaram-se da sua acção racional.

Não obstante ao que acabamos de referir, é possível apontar alguns ideólogos Tocoístas que se bateram para a materialização do projecto Tocoísta. Destacam-se os Mensageiros (Profetas e Anjos)26 que assumiram a nobre missão de assessorarem os Tocoístas em toda a sua acção mediante o vaticínio, mas que têm a sua esfera de actuação limitada e dependente do consentimento dos responsáveis da Igreja; os Anciãos e Conselheiros que velam pela vida espiritual e doutrinária da Igreja, discernindo os bons dos maus espíritos, fiscalizando a acção dos Vates e cooperando com os Mensageiros na concretização dos desígnios de Deus na terra. Seguem-se os Vates, os Visionários27e os escassos pensadores que o Tocoísmo teve até muito recentemente28, não obstante os Redactores exercerem um edificante papel neste período de afirmação e de  implantação do Tocoísmo.

1.4.2.     Intelligentzia Tocoísta(Pensadores sobre o Tocoísmo)


Para a revista Tocomania edição nº 01, esta categoria de pensadores sobre o Tocoísmo“refere-se ao conjunto de pensadores com mentes iluminadas, dedicados em actividades intelectuais, capazes de fornecerem uma visão compreensiva do mundo (ideal Tocoísta), visando a purificação da Igreja, a disseminação da ideologia e do saber Tocoísta, bem como a reconstrução da sociedade em que estão inseridos, tendo como base edificadores, os valores espirituais emanados por Deus, a saber, a espiritualidade, o humanismo, a solidariedade, a humildade, o amor etc.Daí a Intelligentzia Tocoísta ser um movimento de intelectuais, que possuem atitudes criativas, amantes da verdade e dos valores legados por Simão Toco à humanidade, opondo-se deste modo a imobilidade e irracionalidade actualmente evidenciadas pelos Tocoístas”.

Quanto a sua constituição, refere que “este movimento está constituído por vários Intelectuais Tocoístas e não só, mas que por ora trabalham isoladamente, estando na forja a criação pela Nova Esperança Tocoísta do MLT: Movimento Literário Tocoísta, que visa tão-somente  aglutinar todas ideias e sinergias tendentes a harmonizar as acções racionais desenvolvidas pelos Tocoístas na sociedade. Pelos seus feitos e empenho em prol do conhecimento e divulgação da essência do Tocoísmo, é indiscutível que o GCNET-Grupo Nova Esperança Tocoísta adstrita a Direcção - 12 Mais Velhos, está na vanguarda deste movimento de Intelectuais Tocoístas, mas fazem parte dele os Escritores Tocoístas, incluindo a emergente Editoria Mumbeliana, os investigadores sociais, os estudantes universitários que defendem suas teses sobre o Tocoísmo, dentre outros produtores intelectuais”.

A Intelligentzia Tocoísta deve agir dentro das orientações e do princípio de obediência no «espírito e letra» do pensamento de Simão Toco(seus «ditos e feitos»). Estes não devem evidenciar o seu racionalismo exacerbado como tal, que possa pôr em causa o projecto de acção do Tocoísmo emanado por Deus e apresentado por Mayamona. A fonte deste para estar viva deve ser inspirada permanentemente pelo Espírito Santo que detém todos os dons e sabedoria. Fazendo isto, a Igreja dos velhos tempos estará de volta, pois, o estudo sistemático do pensamento dos Tocoístas, permitirá que se tenha exposta a rica e imensa realidade ocultada até aqui e que se aloja em suas mentes.

1.4.3.     Tocoistólogos

Já na era pós «hibernação Tocoísta», o despertar Tocoísta  trás  consigo uma nova categoria de pensadores que fazem parte da Intelligentzia Tocoísta: os Tocoistólogos que têm a missão de resgataremos genuínos valores do Tocoísmo e realizarem os mais variados estudos em torno do Tocoísmo enquanto fenómeno social29, numa perspectiva cientifica e/ou Teológica. Quem são e o que fazem?

Aqui vamos encontrar de início duas categorias de Tocoistólogos: os Tocoístas e os Investigadores sociais não Tocoístas. A nível dos Tocoístas, a Nova Esperança Tocoísta desde 2004 desencadeou um movimento literário  Tocoísta,  com abordagens numa perspectiva académica-teológica e que tem ajudado grandemente no despertar dos Tocoístas, pois, trás constantemente novos dados, interpretações e correcções sobre os «ditos» e «feitos» de Simão Toco, tidas como esquecidas ou ocultadas no Universo Tocoísta. O impacto que tiveram as obras já produzidas, tem contribuído significativamente no processo de reevangelização e de recuperação dos genuínos valores do Tocoísmo. Também é salutar o valioso trabalho de mestrado de Abel M. V. Paxe sobre as «Dinâmicas de Resiliência Social nos Discursos e Práticas Tocoístas no Icolo e Bengo». Fazem parte desta categoria, as várias monografias de Tocoístas, artigos, revistas, sites e blogs que se debruçam sobre o «discurso e prática» de Simão Toco e dos Tocoístas.

A nível dos não Tocoístas, temos a destacar dois investigadores sociais que em Portugal trabalham seriamente nos arquivos relacionados com o Tocoísmo existentes na Torre do Tombo recolhidos pelo Governo colonial Português. Tratam-se do Antropólogo Português  Ruy  Blanes e da Historiadora Brasileira  Cléria Fereira  e que felizmente têm partilhado este material de valor acrescentado sobre a Igreja e os Tocoístas.

É tarefa dos Tocoistólogos na era pós hibernação Tocoísta (depois de 25.07.1999):

·      Defender a essência e pureza do Tocoísmo;
·      Realizar os mais variados estudos em torno do Tocoísmo;
·      Proceder estudos  sistemáticos sobre o pensamento de Simão Toco, dos Ngunga Ngele e dos Tocoístas em torno daquilo que se pode chamar de: o pensamento filosófico, social, político, económico, tecnológico, jurídico, matemático, psicológico, sociológico, terapêutico, arquitectónico, artístico, antropológico, estilístico, comercial dos Tocoístas;
·      Resgatar a memória colectiva dos Tocoístas, tendo em vista a reposição do seu património histórico;
·      Produzir a História Geral do Tocoísmo;
·      Divulgar o Ideal e o projecto de acção Tocoísta;
·      Resgatar os genuínos valores do Tocoísmo, suscitando uma onda afirmativa de sentimento Tocoísta que penetrará no Universo Tocoísta;
·      Resgatar a identidade dos Tocoístas30;
·      Trabalhar no processo de Tocoistização da sociedade31, visando a salvação do mundo e instauração do reinado de Cristo, cuja cidade santa estará no norte de Angola;
·      Reparar os erros e falsidades até aqui introduzidos no Tocoísmo, chamando os pérfidos Tocoístas a razão;
·      Definir os passos que devem ser dados à longo prazo, com vista a criação de um Fórum de Convergências Tocoísta ou uma Convenção Tocoísta, que terá como finalidade a congregação de todos actores do Universo Tocoísta e a formulação dos princípios sociais que regerão a sã convivência pacífica na sociedade;
·      Conformar a ordem Tocoísta, que regerá a sociedade que emergirá na Cidade Santa do Grande Rei;
·      Anunciar o evangelho de Cristo relembrado em África.

A trajectória da acção literária no Tocoísmo  apresenta-nos  o seguinte percurso dos seus actores:  1º  os Redactores/Escreventes e os  Escritores não Tocoístas  (1943-1984);  os Copistas (1943 a actualidade);os Escritores  Tocoístas  (desde 1998); 4º  os Tocoistólogos (desde 2004) e que culminará com o surgimento do MLT-Movimento Literário  Tocoísta ou a Intelligentzia Tocoísta como tal.

Também foi possível verificar que no período de 1971 à 1984, alguns Redactores/Escreventes em Luanda e Ntaya produziram documentos (relatórios circunstanciais da Igreja e Biografias do Dirigente), baseando-se  em fontes orais não credíveis, ignorando por e simplesmente os Ngunga Ngele que exerceram significativos papéis na Igreja no período de 1949-1961. Este erro foi seguido pelos Escritores  Tocoístas que desde 1998 vêm publicando suas obras e que se basearam unicamente nos escritos dos Redactores/Escreventes de que nos referimos há pouco32. Daqui se pode facilmente compreender que na literatura Tocoísta  exista várias correntes que estão ancoradas na tradição oral e escrita  dos  seus respectivos Anciãos33.

1.5. Tendências do revivalismo Tocoísta após um período de hibernação

Vale do Loge - 1950-1961

Não nos seria possível falar dos desafios da globalização para o Tocoísmo, sem que para tal disséssemos como se manifesta a dinâmica activística dentro de si e que grupos estão mais propensos a reacções positivas e negativas deste fenómeno. Daí que é imperioso que estudos sejam feitos, para que proporcionem elementos fiáveis que sirvam de base para a avaliação do Tocoísmo quanto ao seu ajustamento ou resistência as múltiplas transformações globais que se operam no mundo. E para este trabalho, importa que falemos como se manifesta o revivalismo Tocoísta, após ter observado um período de 15 anos de «hibernação».

Não é novidade para ninguém dizer que a morte de Simão Toco provocou um tremendo assolo no Tocoísmo, levando a um retrocesso marcado de mortes, prisões, lutas de poder, separações, inimizades e ódio profundo entre irmãos. O período de 1984-1999 foi de autêntico distanciamento e desencontros, onde muitos Tocoístas esqueceram-se dos ensinamentos que receberam, uns escandalizaram-se e outros tornaram-se em verdadeiros inimigos da Igreja, combatendo-a de várias formas.

Logo, estes 15 anos podem ser caracterizados como tendo sido um período de uma certa estagnação, de profunda crise e de um estado de hibernação Tocoísta. E a desunião destes foi acelerada pela acção do misticismo espiritista  e pela desinformação religiosa (mentira),  uma vez que surgiram muitos «pseudo enviados-mensageiros», todos em nome de Simão Toco, e com práticas e discursos contrários, remetendo a população Tocoísta numa tremenda confusão. Por este facto, é fácil compreender como registaram-se estes acontecimentos, se tivermos em conta que nesta época poucos conheciam os «ditos» e os «feitos» de Simão Toco, e os que discerniam os «enviados» eram também poucos, daí que a Igreja foi toda ela remetida na situação acima descrita.

Mas apesar de tímidas, também houve acções positivas neste período, muito particularmente em Luanda, visto que para além do fenómeno «ressurgimento de Simão Toco» que tornou-se prática na maior parte dos grupos Tocoístas, verificou-se igualmente manifestações de nova efusão do Espírito Santo em Luanda e Ntaya, as primeiras tendências de retorno ao Tocoísmo autêntico, o ecumenismo entre Tocoístas, a construção do templo da «Igreja Mundial» e a realização do Jubileu Tocoísta que teve lugar no dia 25 de Julho de 1999, por sinal num domingo.

Deste quadro negro, emergiram vários  grupos no seio dos Tocoístas e dentre muitos, vamos aqui avaliar apenas quatro categorias de revivalistas Tocoístas e suas respectivas tendências internas que se apresentam activamente na sociedade.

Os factos aqui descritos são verídicos, não reflectem o pensamento do autor desta dissertação e grande parte deles foram apresentados e defendidos por cada um dos grupos a quando dos processos de reunificação e reconciliação dos Tocoístas ocorridos de 1986 à 1998, processos estes que produziram uma vasta quantidade de documentação que pode ser consultada por qualquer investigador. 

1.5.1. Principais tendências revivalistas no activismo Tocoísta
Tal como já referimos, o  revivalismo Tocoísta actual está marcado por quatro principais tendências que resultam das suas respectivas matrizes identitárias e ideológica-doutrinais34,  produzindo  também quatro principais variantes do Tocoísmo, a saber: a  variante  Padrã  ou Ngunga Ngele, a variante  Modernista, a variante  Tradicionalista e a variante  Etnicista, tendo como actores, os principais grupos que emergiram no seio da Igreja após a morte do Dirigente, que são: os Doze Mais Velhos (a designação sempre existiu na Igreja desde 23.11.1949 - são os antigos discípulos de Simão Toco e membros do Coro de Kibokolo desde 1943 e que está na origem da Igreja), a Cúpula, o Mboma, as 18 Classes e 16 Tribos  e  outros grupos de menor expressão no Universo Tocoísta. Cada um destes grupos, desde Março de 1984,  de forma unilateral vem disputando a liderança Tocoísta e reclama ser a legítima linhagem de sucessão35  do legado deixado por Simão Gonçalves Toco, produzindo dinâmicas e realidades Tocoístas díspares, com discursos e práticas contrários aos de Mayamona - Simão Gonçalves Toco.
Com excepção da Direcção da Igreja dirigida pelos Doze Mais Velhos que têm no Coro de Kibokolo a linhagem espiritual deixada por Simão Toco e dos do Mboma que procuram a todo custo adoptar o princípio de sucessão pela linhagem consanguíneo de Simão Toco, os demais grupos Tocoístas engendraram a estratégia de liderança utilizada pela Cúpula, consubstanciada no fenómeno ressurgimento de Simão Toco, que face a forte regionalização Tocoista (veje na pagina nº  31) assiste-se actualmente a tendência de etnização de Simão Toco, onde algumas «Tribos da Igreja» procuram fazer emergir dentro de si o seu Simão Toco, como estratégia de ascensão à liderança, tendo como recurso o misticismo espiritista36  e a mentira  religiosa37.

E para a sua descrição, utilizaremos como critério de avaliação os seguintes aspectos: 1. Origem do grupo; 2. Sua constituição; 3. O que o diferencia dos outros grupos; 4. Onde e como assimilou os «ditos e feitos» de Simão Toco e como as põe em prática; 5. Qual o seu despertar hibernético;  6. Qual o seu grau de desvios ao Tocoísmo Padrão38; 7. Suas dinâmicas  internas; 8. Rostos mais visíveis.

Revivalistas Conservadoritas - Ngunga Ngele

Coro Voluntários de Cristo em Fileiro - Luanda/2000

Constituído na sua maioria pelos Ngunga Ngele que implantaram o Tocoísmo em várias localidades e em condições adversas, tendo convertido para a Igreja de Cristo povos com realidades socioculturais diferentes, sendo eles Bakongo, repatriados de Leopoldville para várias partes de Angola e não falantes das línguas locais (o português, Kimbundu, Umbundu, etc). Foram seus principais eixos de acção no país de 1950 à 1961: 1º Vale do Loge/Norte de Angola/RDC; 2º Luanda/Noroeste e Centro/Nordeste; e  3º Benguela/Centro/Leste e Sul de Angola. Os integrantes deste Grupo estão na origem do surgimento do Tocoísmo, pois, a partir do Coro de Kibokolo puderam assimilar os «ditos» de Toco e vivenciaram os seus «feitos» ao longo do período de 1943-1984 e suas práticas religiosas estão muito próximas do Tocoísmo Padrão difundido por Simão Toco e pelo Espírito Santo. Esta tendência do Tocoísmo vive uma experiência ímpar, com suas dinâmicas internas, onde a sua linha dura (a dos Radicalistas) procura manter a sua posição hegemónica perante a Puritana e as sempre emergentes correntes Reformistas e Pragmáticas, sem esquecer da dinâmica dos Ana Ngunza, e todos procuram legitimar também as suas realidades históricas, culturais e sociais na Igreja. Muitos dos Ana Ngunza que  constituíram a Casa de Oração, após longo tempo de afastamento, no ano de 2000 regressaram a sua procedência. De notar que a «disputa» existente em Luanda desde 1962 entre os Ngunga Ngele de Luanda/Benguela (Radicalistas) e os do Vale do Loge/Ntaya (Puritanos)39, vem gerando uma certa imobilidade no seu seio, por causa do conflito instalado entre os defensores do primado da espiritualidade e do retorno na Igreja dos valores Tocoístas a ela relacionados (Vale do Loge/Ntaya - «Igreja rural») como premissa da acção, e os defensores do primado da autoridade administrativa da «Igreja urbana» e da  intelectualidade40.  Esta situação em parte resulta da autonomia que as três «Igrejas» gozavam até 1961 (a Igreja do Colonato, de Luanda e de Benguela), como consequência directa dos condicionalismos causados pela liberdade vigiada imposta pela PIDE e pela Administração colonial. O seu grau de desvio ao genuíno  Tocoísmo não é muito acentuado, mas do ponto de vista espiritual nota-se uma certa crise no exercício dos dons espirituais que possuem, isto, na gestão da acção da Igreja. Também verifica-se que na actual configuração do Colégio dos 12 Mais Velhos, estão representados elementos do Grupo dos Radicalistas Conservadores e dos Puritanos moderados41.

Os rostos mais visíveis  dos protagonistas Conservadoristas são: Daniel Araújo  Mfinda, Pedro Ntumissungu Cardoso, Manuel Toco Diakenga, Sebastião Muntu  Makunzi, Pedro Nzila, Mpululu Joseph, Muanga Pedro, Luvualu David, Mbona Pedro, Mavembo  Sebastião, Makuikila Monteiro, Pedro Kanga, Makolokila João, Donfonso Fernando Manzambi e Vuamambu João David, dentre outros. Tem como principais tendências internas os seguintes grupos: os Radicalistas, os Puritanos, os Reformistas,  os  Ana Ngunza  e os Pragmáticos.

Revivalistas Modernistas - Cúpula

Simão Toco rodeado dos responsáveis da Cúpula (Modernistas)

Até aqui foi possível verificar que a sua principal característica reside no seu activismo e protagonismo evidenciado desde os anos de 1955 ardilosamente em assumirem a liderança da Igreja. São os evangelizados pelos Ngunga Ngele (conservadores da pureza do Tocoísmo, quer os Puritanos, como os Radicalistas) e sua principal frente opositora em Luanda e Benguela, que firmaram-se no Tocoísmo e impuseram a sua própria dinâmica ante a liderança dos Ngunga Ngele que tiveram dificuldades de se afirmarem nos centros urbanos (modernos) com uma realidade sociocultural diferente da de Leopoldville, mas portadora de valores sociais urbanos,  que  também foram evidenciados por Simão Toco que teve uma educação ocidental, oferecendo-lhes a oportunidade de adoptarem estilos de vida muito virados a ociosidade (glória mundana e temporal), incompatíveis na altura aos valores Tocoístas baseados na espiritualidade. O Grupo emerge a partir das Comunidades que surgiram, quer nos principais centros urbanos do país, quer no seu interior, como consequência directa da ausência de uma supervisão e fiscalização orientadora das actividades da Igreja por parte dos Ngunga Ngele no período de 1950 à 1974, e as novas elites que aí emergiram, impuseram a sua lógica de acção no Tocoísmo. Com excepção da evangelização via epístolas, assimilaram os «ditos» e certos «feitos» de Simão Toco através dos Ngunga Ngele que não foram muito profícuos na sua contínua acção evangelizadora, daí os vários desvios que se verifica ante o Tocoísmo Padrão. A tendência que emerge da Cúpula é a mais intrigante, pois, é produto das suas fortes dinâmicas internas, marcadas pelas lideranças de Mpanzu  Filémon, Kutendana João (Sengher),  Afonso da Silva Botaz (Benguela), António Ferreira Lopes “Mfwenge”Vemba Ambrósio  (Mbasi a Mbuta), Lopes Cayengue, José Carlos Pinto (Cabinda) e de outros42, contendo no seu seio muitos funcionários da Administração do Estado. No quadro da disputa da liderança da Igreja, sempre foram hábeis em forjaram factos religiosos e espirituais (misticismo Tocoísta) que marcaram em parte o triste percurso do Tocoísmo de 1955 à 2000, pois que, apoiando-se algumas vezes numa base numérica de crentes (Igrejas Urbanas; Tribos Norte, Sulana, Weste e Bembe; mantendo até aqui desinformado os seus sedentos e ansiosos crentes que não tiveram a oportunidade de interiorizarem e assimilarem os «ditos» e reais «feitos» de Simão Toco que deliberadamente são ocultados à estes) e noutras em fenómenos como a politização do Tocoísmo (violando categoricamente o preceito da não filiação partidária), a etnização de Simão Toco através da sua suposta aparição/ressurgimento/personificação, tem sabido tirar proveito das fraquezas das outras grupos, tendências internas e das oportunidades ímpares oferecidas pela Administração do Estado, visando a sua manutenção, liderança e agora, a transformação da Igreja enquanto Instituição Social que se globaliza, num gigantesco império no mercado globalista (Evangelho Social), que o levará evidentemente a desfazer-se de grande parte dos genuínos valores espirituais do Tocoísmo (preceitos) que se mostram inibidores ante o pluralismo e o relativismo cultural globalista, como mais a frente nos iremos referir. Com o novo modelo de organização religiosa adoptado em 2000 (Episcopado), as forças internas ou tendências de pendor Misticista, Reformista e Pragmática tendem a diluir-se numa nova realidade Tocoísta em formação, sob mando inicial da ala Radicalista Modernista mas que por hora é gerida pelo Staff eleito pelo Bispo Afonso Nunes. E todos aqueles que não se revêem neste princípio de acção religiosa estão a separarem-se, pois, as dinâmicas internas neste grupo não ocorrem sem conflitos de vária natureza.  Aconteceu com a nova e expressiva tendência Centro-Sul do Bispo Primaz Osório Marcos (este grupo também já produziu dissidências dentro de si) ancorado no Mensageiro de Kapelongo (1996-2000), com o fenómeno Zazismo em Agosto de 2012 (Soyo e a Classe da Calemba em Luanda) e vai acontecer brevemente dentro das Tribos de Ntaya/Maquela do Zombo e Norte, por causa do problema relacionado com Sacerdotismo consanguíneo instituído na Igreja e do estatuto religioso que se procura dar aos familiares de Simão Toco que não consegue reunir consensos, pois, qualquer uma das opções a serem adoptadas, ferirá os princípios que proporcionaram o acordo de união entre a Cúpula e o Mboma43.

Dentro desta categoria podemos encontrar as seguintes tendências internas mais enérgicas: os Radicalistas, os Misticistas, os Reformistas, os Filhos dos Bons Seguidores e por último os Pragmáticos.

Revivalistas Tradicionalistas - Mboma

De acordo a vasta documentação sobre o assunto, o revivalismo tradicionalista teve a sua origem visível em Agosto de 1962, quando Simão Toco decide fixar no Ntaya antigo os Tocoístas deslocados de guerra do Colonato do Vale do Loge e que entram em choque com os Tocoístas da Comunidade de Ntaya aí residentes, situação que vem se agravar ainda mais de 1964 à 198244. Sua principal característica foi o esforço que empreendeu desde 1962 (com a criação da Regedoria de Ntaya, principal missão Tocoísta depois do Vale do Loge), em adequar o Tocoísmo aos valores difundidos pela religião Kidista existente na região do Zombo antes do surgimento do Tocoísmo, um pouco estudado por Silva Cunha45. As fontes internas do Tocoísmo apontam como sendo uma das principais fontes do espiritismo no Tocoísmo46  e de desestabilização da acção dos Ngunga Ngele no Ntaya e em Luanda, a partir do «casamento» que houve entre estes e a Cúpula nos finais dos anos 70 e início de 80. Antes do seu «casamento» com a Cúpula, afirmou-se como a principal frente de afronta e conflitualidade espiritual à Simão Gonçalves Toco (caso Sebastião Lucila em 1969/70 e Maria Kunga e  João Zino nos anos 1976/82), aos Tocoístas provenientes do Colonato do Vale do Loge residentes no Ntaya, de desvio as normas do Vaticínio na Igreja e da tentativa de imposição do princípio de sucessão consanguíneo de Simão Toco na liderança Tocoísta. Esta tendência sempre esteve aliada à Cúpula em oposição aos Doze Mais Velhos (Ngunga Ngele), tendo o 1º Pastor Kutendana João como um dos principais elos de ligação (a principal evidencia disto foi a criação da IPPL-Igreja Prenda Palanca-Mboma e o rito que realizam no Sadi na campa do pai de Simão G. Toco, Ndombele Lobitopo). Não tiveram a possibilidade de assimilarem de Simão Toco os «ditos e feitos», mas sim através dos «Puritanos» e pouco puseram em prática, visto que o caso «Lucila» os distanciou ainda mais de Simão Toco. Em Setembro de 1982 regista-se a divisão de Ntaya em duas parte e Pedro Massukinini, Mbela Nod, declara o fim destes com o reforço que recebe do abismo de onde solicitara “7.000 espíritos malignos47. Com a vinda do Bispo Afonso Nunes, a principal revindicação desses irmãos prende-se com a pretensa necessidade deNkambanização” Tocoísta do Ntaya, um antigo projecto que tem sido difícil de implementar no Tocoísmo e que num futuro breve resultará num verdadeiro «conflito patrimonial Tocoísta» de proporções inimagináveis e que envolverá não somente o Governo angolano (tendo recentemente ditado o destino político dos dois últimos Administradores do Município de Maquela do Zombo), mas também os titulares do Governo Provincial do Uíge, do INAR-Instituto dos Assuntos Religioso, dos Ministérios da Justiça e Cultura, a própria presidência da República como ocorreu em 1988 e quiçá, a reedição na versão Tocoísta do eterno conflito Israelo-árabe sobre a posse de Jerusalém, um conflito religioso de carácter espiritual entre os Puritanos/Radicalistas Conservadoristas - «Tocoístas espiritualistas» e os Tradicionalistas/Radicalistas Modernistas «Tocoístas espiritistas». O projecto do controlo unilateral do túmulo de Simão Toco e da sua família por parte da união Mboma/Cúpula, será um dos principais factores deste provável “conflito” na era global. Dito de outra forma, é um contra censo dentro do Universo Tocoísta a pretensão hegemónico desta «união Tocoísta» em unilateralmente apropriar-se do património do Tocoísmo de que não foram actores, mesmo sabendo que é uma obra de muitos e que os seus protagonistas dos anos 50 (Luanda e Loge) e 60 (Ntaya) estarem ainda em vida e fazerem parte de outros Grupos Tocoístas. E isto levanta várias inquietações: o porquê desta atitude conflituosa? Quais são as suas verdadeiras motivações perante esta situação? Quem são os seus ideólogos e o que pretendem alcançar com estes actos?

Os rostos mais visíveis deste grupo são: João Zino, João Mabingabinga, Domingos Videira, Sebastião Lucila, Maria Kunga, Pedro Massukinini (Mbela Nod), António Soki,  Ntemu António Kissenda, Domingos Luwawa  e Paulo Pedro, dentre outros. Tem como tendências na sua acção os seguintesTocoístas: os Misticistas, os Reformistas e os Pragmáticos.

Revivalistas Etnicistas - 18 Classes e 16 Tribos

O último grupo de revivalistas Tocoístas é o que devido ao seu «fechamento», pouco se tem para dizer. Constituído na sua maioria pelos Tocoístas da Região Kimbundu (Catete e Malange),  Lestes de Angola e convertidos no Tocoísmo de 1962 à 1974. Em Luanda, foram muito activos nas actividades da Igreja, mas apenas tiveram contacto com os «ditos» de Simão Toco por via das epístolas e quando em vez, através dos Anciãos dos Radicalistas Modernistas que muito se conflituavam e raramente dos Radicalistas Conservadoristas. Depois da morte de Simão Toco, sua principal característica residiu na tentativa de adaptar etnicamente a liderança da Igreja, à liderança política então evidente em Angola (MPLA), acção protagonizada por alguns responsáveis de Catete que utilizaram o espiritismo e o fenómeno ressurgimento de Simão Toco (José Canhanga e Mateus Rogério). E estes se mostraram radicais (tentativa do uso do Vaticínio para atingir fins políticos) e quiseram associar o facto de Simão Toco ter sido ungido por Deus em Catete em Abril de 1950, terra natal do Presidente António Agostinho Neto, para transformar esta localidade num santuário Tocoísta e no Centro das teofanias de Deus no Tocoísmo, projecto que foi retomado actualmente pelo Bispo Afonso Nunes. Resta-nos saber como o grupo das 18 Classes e 16 Tribos reagirá em função deste projecto que saiu da sua alçada. Com as carramuças ocorridas em 1986 e 1987 que resultaram na morte e prisão dos elementos propensos a politização do Tocoismo48, os  Misticistas separaram-se dos demais (Mateus Rogeiro e Tabernáculo do Senhor) e para alguns destes, verifica-se um novo período de «hibernação Tocoísta», onde os Pragmáticos pressionam os Reformistas a serem mais ousados e cooperativistas com os grupos moderados dentro do Universo Tocoísta. O fechamento continua a ser uma das suas características actuais mais evidentes. Por falta de informação religiosa, nestes revivalistas há um acentuado desvio ao Tocoísmo Padrão e foram seus protagonistas: Cristóvão Tavares, José Kanhanga, Mateus Rogeiro, Gabriel Simão Manuel, Tiago dias da Costa, João Pedro Alfredo, José António Victorino, Rui Mário Sachivama, João Simão, António Adão Tomé, António Monteiro, Ernesto Dias Messo, dentre outros.

São suas principais tendências internas são: os Radicalistas, os Misticistas, os Reformistas e os Pragmáticos.

1.5.2.     Caracterização das tendências internas do revivalismo Tocoísta49

Apurar os traços que caracterizam os distintos «grupos internos» dentro do Universo Tocoísta, é mesmo uma tarefa difícil e que requer um aturado trabalho de campo. Mas partindo da nossa experiencia naquilo que constitui o quotidiano dos Tocoístas, bem como a literatura existente, vamos procurar descreve-los tendo em atenção os seguintes aspectos: 1. O que defendem ou combatem?  2. Como está marcado o conservadorismo Tocoísta, modernismo Tocoísta, o tradicionalismo Tocoísta, o etnicismo Tocoísta em cada um destes grupos que se interlaçam? 3. Como interpretam os ensinamentos de Simão Toco e os adaptam ao progresso social e científico?  4. Suas clivagens? 5. Suas fortes inclinações a certos temas candentes e 6. De que tipo de Tocoísmosão partidários.

·      Radicalistas (Conservadoristas, Modernistase Etnicistas)
Emergem todos em Luanda (Igreja Urbana), mas a sua configuração começa a ser melhor  desenhada nos conflitos de 1964-1974, tendo o «caso Zander50»  de Março de 1964 proporciado  o maior momento de clivagens entre os  mesmos. O aparecimento das Consolações em 1965 e posteriormente as Classes e os 40 Mancebos, só veio dar corpo e estrutura das tendências então  patentes, situação que ficou muito claro com o surgimento oficial das Tribos em 1975-76 e com o aparecimento da Cúpula de Anciãos e Conselheiros no periodo do «Buraco» e das prisões - de Junho de 1976 à Janeiro de 1979. São partidários de uma ideologia hegemónica  (radicalismo nas suas posições), cujo activismo sempre foi evidente. Estão representados pelas figuras que lideraram o protagonismo da Igreja em Luanda de Agosto de 1974 até as separações formais dos Tocoístas ocorridas em Abril de 1984  entre Modernistas e Conservadoristas/Etnicistas com Panzu  Filemon e Kutendana João a frente e em 1986 entre (Conservadoristas e Etnicistas com Muanga Pedro e Cristóvão Tavares a liderarem. Cada um destes Radicalistas defende o Tocoísmo  a sua maneira, mas todos com o seu enfoque direccionado no primado da liderança da Igreja  e têm  uma forte inclinação na politização do Tocoísmo (menos os Conservadoristas). É preciso não perder-se de vista que a existência de três correntes de Radicalistas (Conservadoristas, Modernistas e  Etnicistas) têm a sua respectiva génese baseada em factores que não será possível ser abordado neste trabalho. Para eles, os ensinamentos de Simão Toco devem ser seguidos à risca quando se trata de liderarem a Igreja, mas em relação a fonte do Tocoísmo para as suas acções, buscam-na nos seus respectivos Anciãos que se divergem quanto ao conteúdo dos «ditos e feitos» de Simão Toco e somente os Radicalistas Modernistas procuram adaptá-los ao progresso social e daí tirar todas as vantagens materiais e sociais dela decorrente. Daí o aparecimento de Reverendos, Bispos e outras designações renunciadas outrora pelo próprio Simão Toco.

As três tendências de Radicalistas têm clivagens com os Puritanos. De 1984 à 1987 registaram-se entre os Radicalistas Modernistas e Etnicistas fortes conflitos que afectaram muitas famílias, e ao mesmo tempo verifica-se  fortes afinidades dos dois com os respectivos Misticistas de cada grupo. São partidários de um tipo de Tocoísmo que os caracteriza:  o  Tocoísmo  padrão, o Tocoísmo moderno e o Tocoísmo popular.

·      Puritanos (Conservadoristas)

Os Puritanos e os Radicalistas Conservadoristas têm a mesma origem - o histórico Coro de Kibokolo em Leopoldville, mas dividiram-se em Fevereiro de 1950 quando uns foram enviados para o Colonato do Vale do Loge51e outros para Luanda e mais tarde alguns de Luanda foram enviados para Benguela. Valeu-lhes o epíteto de Puritanos, pelo facto de no período de Fevereiro à Novembro de 1950 trabalharem arduamente com Simão Toco no processo de implementação de uma série de acções de índole sacerdotais e espirituais no âmbito da implantação da Igreja de Cristo no mundo após sua relembrança em 25.07.194952. Com eles e somente eles, Simão Toco depois do encontro com Deus em Catete em Abril de 1950,cria as verdadeiras condições para o saudável funcionamento da Igreja que devia ser conduzida pelos Tocoístas na sua ausência física, isto é, durante as suas deportações e exilo. Daí a institucionalização do Vaticínio na Igreja, a criação do Tabernáculo e as várias realizações que executa até 11 de Novembro de 1950, data que se retira do Vale do Loge em direcção ao Sul de Angola. E estes acontecimentos vieram demonstrar a natureza divina e universal da Igreja relembrada em Leopoldville. Puritanos também porque continuam defendendo a pureza espiritual do Tocoísmo que se perdeu nos últimos tempos. Para eles, o primado da espiritualidade é a premissa incondicional da acção religiosa e são acérrimos do puro exercício do vaticínio no Tocoísmo e da conservação do património espiritual do Tocoísmo (ditos, feitos inéditos de Simão Toco e práticas Tocoístas até aqui não reveladas no Universo Tocoísta), principal causa da sua recusa por parte dos Místicistas tradicionalistas e pelos Radicalistas Modernistas.

De 1950 à 1984, sempre estiverem em áreas rurais (Vale do Loge e Ntaya) e estão representados pelas figuras que travaram fortes disputas com os Revivalistas Tradicionalistas no Ntaya e os Revivalistas Modernistas em Luanda (particularmente de 1979-1983 pela afeição de Simão Toco por eles). São seus protagonistas Daniel  AraújoMfinda, Pedro Ntumissungu Cardoso, Manuel Toco Diakenga, Sebastião Muntu Makunzi, Pedro Nzila, Domingo Afonso Nzila Pereira, Pedro Mumbela, Augusto Mfumuzingi, Sebastião Binga Nimba Toco, dentre outros53.

Tem relações ténuas, mas não discordantes com todos os grupos que defendem o legado espiritual deixado por Simão Toco, quer com os Ana Ngunza, Reformistas e Pragmáticos. A sua acção em Luanda está bloqueada/condicionada pelos Radicalistas Conservadoristas e os seus Ana Ngunza e Reformistas, encontraram na Nova Esperança Tocoísta, no Coro de David, Voluntario de Cristo em Fileira e noutros Grupos constituído por jovens, o seu local propício de actuação, onde desenvolvem suas acções em prol do Tocoísmo. São partidários de um Tocoísmo genuíno ou seja, o  Tocoísmo padrão.

·      Reformistas (Conservadoristas, Modernistas, Tradicionalistas e Etnicistas)

A reforma na Igreja (o reformismo  Tocoísta)passou a ser apanágio dos Tocoistas54a partir dos apelos de Simão Toco nos idos anos de 1971-1974, e esteve associada ao pecado e a  desordem dos  Tocoístas, por causa das suas lutas de poder e incompetências dos líderes da Igreja de então. Como se disse nas  Profecias de Mayamona, rodapé nº 101, pág. 87,“na visão de Toco, esta reforma era global, desde o interior de cada um até o social, passando pela restruturação e adaptação da Igreja aos ventos dos tempos modernos. …A tónica do discurso da sua correspondência de 1971 à 1974, para além da resolução dos vários problemas que lhe colocavam resultantes dos conflitos entre Tocoístas, estava assente em apenas dois aspectos: na reforma no Tocoísmo e na evangelização daqueles que não conheceram os seus anúncios nas etapas anteriores. Infelizmente os responsáveis da Igreja nesta altura, não cumpriram com as suas orientações”.

Numa das passagens das suas epístolas, dizia Toco: “Este ano é o ano de arrependimento. Este ano é o ano de pedir perdão a Deus dos nossos pecados e diga tudo o que fez a Ele. I S. João 1:9. À partir de agora, todas as desordens que haviam nos tempos passados não podem mais existir. Começamos a orientar a Igreja de 1973 até a sua vinda, mas há no Tocoísmo pessoas que não querem cumprir a reforma e estão se tornando hipócritas e escarnecedores. Durante os anos a seguir, continuarão as reformas. Seguir-se-ão novas ordens na Igreja. Nós também vamos fazer uma reforma na nossa Igreja de Cristo. Vamos tirar certas leis Tocoístas e aumentar algumas porque o mundo religioso de hoje está fazendo reformas. Temos de facilitar certas coisas que fazem desviar os servos de Cristo noutros caminhos e vamos cumprir o que a Bíblia manda. Portanto, a reforma da Igreja continuará. Cedo ou tarde essa Igreja há-de ser encontrada pelo próprio dono, Cristo Jesus”. In: Profecias de Mayamona, pag. 87-88. No entanto, a reforma devia ser feita tendo em atenção o princípio espiritual da Igreja: a Relembrança e o Vaticínio. Logo, a mesma estava relacionada com o seu activismo e não com o seu relativismo ante aos credos e dinâmicas das demais religiões como se verifica hoje em grande medida nos Reformistas e Modernistas.

Os Reformistas emergem nos centros urbanos nos mais variados quadrantes da sociedade Angolana e em Tocoístas com uma certa instrução, quer escolar como religiosa (algumas vezes, com instrução ou influência religiosa não Tocoísta que procuram introduzir no Tocoísmo). Estes aceitam os «ditos» do profeta, mas reclamam reformas profundas na Igreja em quase todos sectores, principalmente na sua doutrina e preceitos, apelando ao pluralismo Cristão de que o Tocoísmo se defende. Também clamam pelo atraso que se verifica na Igreja por razões de ordem religiosa (fechamento do Tocoísmo).

Os Reformistas são todos partidários de um Tocoísmo  moderno ou  de um modernismo Tocoísta, que deve ser mais pluralista, ecuménico e mais aberto ao progresso religioso. São pouco apegados aos rígidos preceitos da Igreja e tendem a adoptar um Vaticínio muito mais virado ao avivamento espiritual e carismático de pendor pentecostalista (quer o de origem ocidental/Brasileiro, como o que provem da RDC). Logo, o Vate usando o seu carisma e prerrogativas, tende a ser considerado como um «profeta Tocoísta ou um emissário de Deus», o que é contra o princípio do Vaticínio que só admite um único profeta no seio do Tocoísmo (Simão Toco) e que considera o Vate apenas como um simples «envelope» e nada mais. Dai que os Misticistas espiritistas exploram este lado fraco dos Reformistas e, aproveitando dos seus parcos conhecimentos sobre os «ditos e feitos» de Toco, associados a sua baixa espiritualidade, engendram constantemente o surgimento de pseudo enviados de Simão Toco que são muito bem acolhidos. E por esta via, sãoencetadas muito facilidade as desejadas reformas/mudanças. Aqui, os Misticistas utilizam o Vaticínio para as suas acções «espíritas» que se consubstanciam na realização de «milagres» e «obras» que arrastam milhares de Tocoístas.

Na generalidade, os Reformistas de várias correntes Tocoístas defendem:

Ø A reforma administrativa e doutrinária na Igreja;
Ø O primado simbólico e devocional de Jesus Cristo na acção eclesiástica da Igreja, como figura central no culto Tocoísta. A exaltação de Simão Toco pela maioria dos Tocoístas aqui é tida pelos Reformistas (principalmente os Teólogos e os Reformistas de influência Católica, Baptista, Evangélica e pentecostalista) como um desvio ao Cristianismo;
Ø A abolição de alguns hinos «proféticos» enigmáticos e dos «discursos» e «práticas» Tocoístas que consideram não terem carácter ou sustentabilidade teológica;
Ø A corrente dos Reformistas de pendor pentecostalista declara a Bíblia como a única autoridade divina na Igreja, em contravenção com a prática eclesiástica que se observa no Universo Tocoísta, que dão o mesmo estatuto aos «ditos» de Simão Toco e que relacionam com a Bíblia Sagrada. Isto é: Toco sabe o que Cristo disse; e procuram a todo custo libertar a mulher Tocoísta do cumprimento dos «pesados» preceitos que julgam não ter sustentabilidade bíblica: o não uso de jóias,  desfriso, a maquilhagem, o uso do «véu», o não uso de trajes masculino, etc.
Ø A maioria dos Reformistas argumentam que Toco deixou uma herança pesada e inconcisa, apelando ao retorno do Tocoísmo ao Cristianismo.

O rol de apelações dos Reformistas Tocoístas  é tanto, que apenas o passado Tocoísta e a acção dos Misticistas os «prendem» na Igreja, situação que está a ser muito difícil para a juventude com uma certa instrução teológica extra-Tocoista. Esta situação arrastou muitos Tocoístas para as Igrejas carismáticas e pentecostalistas com doutrinas de «prosperidade social» e outros ainda criaram suas próprias congregações Tocoístas que vão se multiplicando cada vez mais.

Os Reformistas têm clivagens com os Puritanos, Radicalistas (Conservadores, Modernistas e Etnicistas), os Ana Ngunza ea Casa de Oração. Como já nos referimos, os Radicalistas Modernistas e os Misticistas espiritistastêm sabido tirar proveitos junto destes e torna-los num perfeito aliado, ao satisfazer suas espectativas psicológicas e espirituais com a emergência constante de «novos profetas» que trazem sempre novos discursos. Também os Reformistas têm como dócil aliado os Pragmáticos. Depois dos Pragmáticos, os Reformistas formam o grosso da população no Universo Tocoísta e com os apelos dos pseudo «enviados» Pedro Sangumba (Março de 1984), «Mensageiro» Fernando Tchiwale (Dezembro de 1996) e Afonso Nunes  em  2000 comopseudo  «personificação de Simão Toco», a maior parte aderiram a Igreja da «Direcção Universal». Logo, daqui podemos concluir que os Reformistas Conservadoristas e Etnicistas que abandonaram estes grupos devido as crises, separando-se ou criando novas congregações Tocoistas55, pois, apresentam características que precisam ser muito bem estudadas.

·      Ana Ngunza (Conservadoristas e Puritanistas)

Quem são os Ana Ngunza (osFilhos dos profetas) na Igreja? Este grupo de Tocoístas quase desconhecido no Universo Tocoísta, na verdade foi criado em Luanda aos 09 de Março de 1976 por Simão Toco, para o anúncio da Boa Nova56. São jovens Tocoístas (de Luanda e Ntaya), filhos dos antigos repatriados do Congo Belga em 1950 para Angola, os "Ngunga Ngele". Um dos seus responsáveis em Luanda é o Ancião Domingos Pensa Kibeta e no Ntaya foram Simão Luyaye e António Mário Cuva  Macanga.  Devido a crise reinante no Tocoísmo, depois da morte do Profeta, os Ana Ngunza de Luanda  (filhos dos Radicalistas Conservadoristas) criaram a Casa de Oração que congregava também um bom número dos filhos dos responsáveis da Cúpula (Radicalistas modernistas), que no cômputo geral pouco ou nada fizeram em prol do Tocoísmo, pois, muitos deles deixaram de observar os preceitos da Igreja e de se rever no ideal Tocoísta.  Alguns dos rostos visíveis Casa de Oração foram Chico Afonso, José Podia, Diassongui e tantos outros e constituíram até o ano de 2000 uma espécie de jovens intelectuais  Tocoísmo. Em 2000, com o surgimento do actual Bispo Afonso Nunes, os mais radicais tiveram que aderir ao Revivalismo Modernista e Conservadorista, restando actualmente um grupo muito reduzido. Os  Ana Ngunza do Ntaya mantiveram-se leais aos seus Anciãos até ocorrer o êxodo das populações de Ntaya para Luanda, onde alguns dos seus membros vêem emprestando o seu dinamismo na acção da Igreja dirigida pelos 12 Mais Velhos. Os Ana Ngunza de Luanda que não aderiram a Casa de Oração, formaram o Coro Luvuvamu e mais tarde o Coro 25 de Julho adstrito a Direcção da Igreja dirigida pelos 12 Mais Velhos.

Com o surgimento da Nova Esperança Tocoísta  em 1992  e do seu activismo espiritual em 1994, estes, mediante suas acções e discursos vem reclamando igualmente o estatuto de Ana Ngunza, prosseguindo assim a sua missão que visa promover a unificação dos Tocoístas no Mundo, através do resgate dos valores espirituais do Tocoísmo e de todo legado espiritual deixado por Simão Toco: seus «ditos e feitos57».

Os Ana Ngunza representam uma das categorias de Tocoístas mais desconcertante, pois, sendo intelectuais assumidos nos anos de 1976-1984, estando na fonte do Tocoísmo e tendo o beneplácito de Simão Toco, deles esperava-se muito mais do que fizeram. A sua abstenção e afastamento junto dos seus Anciaos58 foi fatal para o Tocoísmo, pois, com a sua acção, bem teriam alterado o curso trilhado pela Igreja desde 1984.Os de Luanda até o ano de 2000,defenderamsem sucesso um neutralismo Tocoísta procuraram evidenciar o seu  intelectualismo59.

No geral, verificou-se a ausência de uma acção coordenada e de intercâmbio entre os de Luanda e os de Ntaya, situação que teve consequências dramáticas para o Tocoísmo. Os mesmos continuam interpretando os ensinamentos de Simão Toco dentro duma visão muito próxima da de Simão Toco, e assumem-se como os guardiões do legado do Tocoísmo, mas têm dificuldades de adaptarem este ensinamento ao progresso social. Apenas a Nova Esperança Tocoísta tem procurando aplicar os métodos científicos na sua acção de resgate da memória colectiva dos Tocoístas. Os Ana Ngunza travam clivagens com os Reformistas, Modernistas, Misticistas e Pragmáticos. A Nova Esperança Tocoísta  (Reformistas Puritanistas) desde o seu surgimento, regista na sua acção fortes clivagens comos Ana Ngunza Conservadoristas, apesar de actualmente baixar de intensidade, a semelhança das clivagens que se verificam entre os Radicalistas Conservadoristas e os Puritanos. É também hostilizado pelos Radicalistas Conservadoristas, Modernistas e por todos os  Misticistas espiritistas. Sofre igualmente afrontas por parte dos Reformistas e nos seus discursos reclama não ser bem compreendido pelos Pragmáticos. Esta reacção dos Tocoístas ante a acção da Nova Esperança, é um caso que merece ser muito bem estudado. Pouco se sabe acerca dos Filhos dos Bons Seguidores da Ex Cúpula.

·      Misticistas (Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas)

A acção dos Misticistas no seio do Tocoísmo  é  algo visível, inegável e que ditou em muitos momentos o percurso trilhado pelos Tocoístas. Tal como ocorreu com o misticismo em outras religiões, no Tocoísmo esta corrente de crentes “busca...a comunhão com a identidade, com consciente ou consciência de uma derradeira realidade, divindade, verdade espiritual, ou Deus através da experiência directa ou intuitiva60. Os entendidos no assunto afirmam que o misticismo é um “... sistema religioso que possui Deus como transcendente”, e que resulta numa “... religião em seu estado mais apurado61.

Mas William Stoddart em «O que é Misticismo?» foi muito mais profundo ao caracterizar o misticismo “... como a dimensão interior ou espiritual contida em todas as religiões - cada religião sendo entendida como uma Revelação Divina separada e específica. A religião compreende uma “periferia” e um “centro”; em outras palavras, um exoterismo e um esoterismo. O exoterismo é a expressão ou veículo providencial do esoterismo interno a ele, e o esoterismo é a essência supra-formal do exoterismo correspondente. É por isso que o misticismo ou esoterismo - erroneamente visto por alguns como não-ortodoxo - não pode de forma alguma subverter o formalismo religioso do qual ele é a seiva”.

Aqui está o fundamento que melhor nos permite compreender a essência da acção dos Misticistas62  no seio do Tocoísmo.  A par de tudo que se disse e ficou por se dizer sobre misticismo, temos a ressaltar a existência da  “experiência mística”, doutrina mística e “via ou caminho místico” no Tocoismo63, ou mesmo da sua “heresia intrínseca, que não é nada mais que uma violação grosseira da ‘sua ‘estrutura formal”. E posto isto, cabe-nos agora discorrermos sobre o fenómeno espiritual que nos propusemos descrever: a acção dos Misticistas  Tocoístas. De referir que vamos nos ater apenas ao  misticismo espiritista dos Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas, face aos fenómenos e processos adversos que vêm produzindo no Tocoísmo.

Correntes místicas no revivalismo Tocoísta

A semelhança do que ocorreu nas demais religiões que desenvolveram suas correntes místicas, oTocoísmo não foge a regras e produziu o seu misticismo que ainda não foi estudado e muito menos sistematizado. No Tocoísmo, as crenças paralelas à religião principal, o esoterismo ou a «... religião de mistérios», correspondem ao gnosticismo Cristão, a Kabala Judaica e ao sufismo Islâmico. Isto porque as crenças místicas da maioria dos Tocoístas (busca da elevação espiritual64) proporcionaram que para além do vaticínio, houvesse aqueles que se aproveitassem desta tendência dos Tocoístas, e evidenciassem as suas tradicionais práticas espirituais estranhas ao Tocoísmo, atrapalhando-os e desviando-os nesta busca da espiritualidade. E atendendo as suas várias realidades espirituais, é evidente que nem todos grupos Tocoístas praticam o mesmo misticismo. O Misticismo dos Conservadoristas  (Puritanistas e Radicalistas) difere do dos demais[5], pois, está muito próximo do praticado por Simão Toco a partir do Coro de Kibokolo e no Vale do Loge. E apesar da aparente semelhança e analogias em muitos aspectos, o misticismo Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas (Misticismo espiritista66) que tem muitos protagonistas, está muito mais próximos das experiências místicas  extra-Tocoista.

A acção dos espíritos através dos Misticistas espiritistas não é um fenómeno recente no Tocoísmo, pois, esta corrente de Tocoístas existe desde a primeira hora e esteve sempre presente em todas suas fases de evolução, sendo responsável por grande parte dos acontecimentos que marcaram o período negro do Tocoísmo. Mas a Igreja de Cristo foi levantada no mundo para contrapor-se as forças do mal e livrar todos que estiverem presos nas garras de satanás. E há muita gente no Tocoísmo que se diz Vate, mas que não trabalha com Espírito de Deus, mas sim, com os espíritos de seus antepassados. Outros trabalham com os Génios do mal e espíritos de maléficos67. O difícil problema que os Tocoístas  enfrentam  é como distinguirem a acção  do espiritismo que é um contravalor no Tocoísmo, em relação a acção do Vaticinio68, ou seja, como distinguir um do outro, se são fenómenos espirituais?

Partindo do facto de que a sistematização do Tocoísmo está a ocorrer apenas no período do revivalismo, situação que vem favorecendo a possibilidade dos actuais grupos puderem introduzir as suas «ideologias» e «doutrinas»  diferentes das da Igreja, tarefa que os «Misticistas» melhor sabem fazer, podemos concluir que são defensores de um Tocoísmo adaptado as suas «aspirações e crenças», o que vem demonstrar em como Simão Toco esteve certo ao bloquear suas acções desde 1953. Daí que estes combatem os Tocoístas Conservadores e procuram a todo custo «desconstruir» os seus feitos: as crises do Tocoismos são antes de tudo conflitos espirituais.

Mas como está marcado o misticismo Tocoísta?A sua configuração estrutural não difere da dos grupos anteriormente analisados. Tão-somente as evidencias registadas ao longo da história do Tocoísmo nos permitem distingui-los em misticismo espiritualista (Conservadorista) e misticismo espiritista (Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas). E apenas o estudo historico-biografico dos seus protagonistas nos poderão ajudar a determinar em concreto o seu conteúdo e que fins perseguem na Igreja. Das acções praticadas desde 1984 podemos aferir o seguinte:

·     As recentes crises do Tocoísmo são antes de tudo conflitos espirituais. A divisão e todos grandes desvios que ocorrem desde 1984 no seio dos Tocoístas tem sido actos engendrados pelos Misticistas espiritistas;
·     As constantes evocações celebração  de rituais na campa do ancião Bitopo no Sadi e em locais tradicionalmente conhecidos, com o intuito de influenciarem os acontecimentos que ocorrem no seio dos Tocoístas;
·     A veneração de Simão Toco, da sua família carnal, do seu túmulo e do tumulo do seu pai;
·     A dissimulação de espíritos no seio dos Tocoístas;
·     A realização de práticas espirituais e o uso de símbolos estranhos ao Tocoísmo, não criados por Simão Toco quando esteve em vida;
·     Manifestações espíritas no seio dos Tocoístas;
·     Tendência de substituição do Vaticínio pelas práticas espiritas;
·     Combate aos Vates;
·     A promoção do «mensageirismo» no Tocoísmo como mecanismo de ascensão na liderança. São as aparições, os enviados e os ressurgimentos de Simão Toco defendidos pela Ex Cúpula, pelas 18 Classes e 16 Tribo (antes de separaram-se) e pela Direcção Centro-Sul de Osório Marcos69, dentre os variadíssimos factos espiritas ocorridos até a presente data.

Esta categoria de Tocoístas revivalistas procuram interpretar os ensinamentos de Simão Toco não necessariamente como este legou a humanidade, pois, com excepção dos Conservadoristas que praticam um Tocoísmo muito próximo do padrão, nota-se a tendência dos demais introduzirem actualmente suas crenças nas práticas Tocoístas. Apenas os Misticistas  Modernistas tendem adapta-los ao progresso social, mas já de uma forma muito deturpada.

Como temos vindo a referenciar, os Misticistas rivalizam-se entre si, verificando-se fortes afinidades entre os Tradicionalistas e Modernistas que agem em frentes diferentes, mas de forma concertada contra os Conservadoristas, ou seja, é a união entre os Tocoístas espiritistas que preservaram as práticas tradicionais oriundas da cultura tradicional africana que vinham sendo combatidas desde 1949 e a dos Tocoístas modernistas que sempre manifestaram tendências temporais70.  Entre os Misticistas Modernistas e Etnicistas vem se registando conflitos de proporções alarmantes, daí o distanciamento existente entre ambos. Mas são ténuas, senão mesmo de equidistância as relações entre os Misticistas Conservadoristas e os Etnicistas e quase não existe qualquer ligação entre os Misticistas Puritanistas e  os Etnicistas.

Os Misticistas  espiritista (Tradicionalistas, Modernistas e Etnicistas) têm fortes inclinações a promoverem figurais espirituais (enviados, mensageiros e visionários de Simão Toco), preservam práticas, costumes e tradições locais (das regiões) e na generalidade são partidários de um Tocoísmo  Esotérico ou de um esoterismo Tocoísta que procuram evidenciar.

Por tudo que se disse, fica o alerta de que o Vaticínio desregrado torna-se muito delicado por causa do comportamento das pessoas e da existência de dois tipos de espíritos (Espírito de Deus e o espírito de Satanás) que aparecem a operarem nos Tocoístas. O Espírito Santo edificae guia os Tocoístas para o bom caminho e o segundo é infiltrado, destruidor e desencaminha os Tocoístas.  Daí a existência de muitos falsos Vates71 que sao dissimuladores espíritos, mentirosos (charlatões), burladores e promotores de acções maléficas.

·      Pragmáticos (Conservadoristas, Modernistas, Tradicionalistas e Etnicistas)

O pragmatismo Tocoísta é resultado dos tempos modernos. A nova geração de Tocoístas surgidos no período do pós morte de Simão Toco, não foi educado religiosamente nos Sucursais e Lares como na época das gerações precedentes (a de 1949-1974 e a de 1974-1984)72. Logo, são portadores de ideais liberais e pragmáticos, defendendo um Tocoísmo liberal. Seus gostos e estilos de vida estão associados aos valores democráticos e do liberalismo. Sua principal característica reside no facto de serem um dos principais partidários do activismo Tocoísta. Daí o pragmatismo Tocoísta estar marcado pelo seu esforço em ver o Tocoísmo muito mais voltado para as questões sociais e práticas da vida social e cristã, como a educação, a moralidade, as acções humanitárias, os direitos humanos, a comunicação, o ecumenismo, etc.

Defendem o Pluralismo Tocoísta, muito mais na perspectiva da relativização dos valores Tocoístas aos do Cristianismo e da modernidade. Combatem o Conservadorismo Tocoísta e todo tido de inactivismo.Encontram nos Reformistas um ideal parceiro nas suas acções, mas são «presas» fáceis dos Radicalistas e dos Misticistas que lhes impõem a sua lógica de mando, por desconhecerem grande parte dos reais «ditos e feitos» de Simão Toco. Isto pressupõe dizer que os Pragmáticos Conservadoristas e Etnicistas apresentam características que os demais Pragmáticos não possuem e que lhes permitem manter a sua espectativa religiosa nos grupos a que pertencem73.

Pelo facto de grande parte serem filhos de pais Tocoístas e não conheceram outros credos e culturas, ou por se converterem recentemente ao Tocoísmo, têm grande respeito e admiração pela figura de Simão Toco enquanto Profeta venerado e testemunhado por muitos, cujo ensinamentos procuram adaptar ao progresso social e científico. Quase todos eles são resultado de uma branda socialização religiosa, pois, partilham ideais e valores Tocoístas, mas estando fortemente enraizados nos ideais liberais e da sociedade moderna.

Seu ponto forte é o domínio das TICs e o facto de serem racionais intelectuais bem inseridos nas modernas sociedades a que pertencem. Resta saber como estes se posicionarão ante o Tocoísmo à nível das diásporas Tocoístas e nas sociedades ocidentalizadas, ou seja, que tipo de Tocoísmo serão partidários.


TENDÊNCIAS ACTUAIS DO REVIVALISMO TOCOISTA

Conservadoristas
(Doze Mais Velhos)
Modernistas
(Cúpula)
Tradicionalistas
(Mboma)
Etnicistas
(18 Classes e 16 Tribos)
·  Radicalistas
·  Puritanos
·  Misticistas
·  Reformistas
·  Ana Ngunza
·  Pragmáticos
·    Radicalistas
·    Misticistas
·    Reformistas
·    Filhos dos Bons Seguidores
·    Pragmáticos



·  Misticistas
·  Reformistas
·  Pragmáticos


·  Radicalistas
·  Misticistas
·  Reformistas
·  Pragmáticos


Até que ponto podemos encontrar algum denominador comum entre as quatro categorias de revivalistas Tocoístas e suas respectivas tendências internas?

As evidências mostram existir sim um denominador comum73, não obstante que com o passar do tempo, a matriz ideológica-doutrinária de cada uma vai se firmando cada vez mais, fruto das suas experiências, emergindo assim novos elementos culturais no seio dos Tocoístas e que estão a produzir variações nos aspectos identitários destes: presentemente estamos perante uma identidade Tocoísta padrã e suas respectivas variantes. A tónica do activismo Tocoísta está marcada pela existência de uma ordem Tocoísta constituída por muitos ideais e visões, visto que na sua projecção social, as actuais lideranças Tocoístas não se fiam no mesmo Ideal Tocoísta (ver mais adiante) traçado por Simão Gonçalves Toco, visto a desconhecerem.

E perante esta dura realidade (dinâmicas, activismos e revivalismos Tocoísta díspares), impõe-se aos autodenominam-se «Tocoístas espiritualistas», portadores dos genuínos valores espirituais, a urgente responsabilidade em difundirem o Tocoísmo padrão dentro do Universo Tocoísta, sob pena do mesmo vir a ser desvirtuado como se assiste presentemente, pois, “todos reclamam serem Tocoístas, mas auto-excluem-se; todos apresentam discursos e práticas diferentes contradizendo-se em muitos aspectos; todos têm o seu «Simão Gonçalves Toco» e cada grupo pratica um Vaticínio diferenciado dos demais. É um sacrilégio admitir isto no seio do Tocoísmo ante a presença dos Anciãos Ngunga Ngele, os iniciadores do Tocoísmo e que pouco ou nada fazem para evitarem tais situações anómalas tenham lugar na sociedade, em defesa do património e legado espiritual deixado por Simão Gonçalves Toco no mundo74.

Dentro do Universo Tocoísta e face ao revivalismo (activismo)  e do inactivismo Tocoísta, os quatro grupos são partidários de Tocoismos diferenciados que são: o Tocoísmo Padrão (genuíno),  o Tocoísmo Moderno, o Tocoísmo Tradicionalista, o Tocoísmo Popular e o Tocoísmo Esotérico muito enraizado em todos. Por conseguinte, as respectivas tendências internas evidenciam «Tocoismos» muito mais díspares e contraditórios, a saber: o conservadorismo Tocoísta, modernismo Tocoísta, o tradicionalismo Tocoísta, o etnicismo Tocoísta. E estes se multiplicaram em Puritanismo Tocoísta, Radicalismo Tocoísta, Misticismo Tocoísta, Reformismo Tocoísta, Pragmatismo Tocoísta, Neutralismo  Tocoísta, Intelectualismo Tocoísta, Pluralismo Tocoísta, Liberalismo Tocoísta e esoterismo Tocoísta.

Neste trabalho, não analisamos a questão relacionada com o nacionalismo Tocoísta que surgirá dentro de algumas décadas, visto que somente agora estar em curso o processo da sua internacionalização no mundo. O que há de facto  e que também não nos debruçamos sobre ele, é a tendência regionalista do Tocoísmo em Angola88, muito impulsionada pelo modelo de organização eclesiástica adoptada com a criação das Tribos na Igreja e  que proporcionou  até aqui a existência de 16 Regiões Eclesiásticas em Angola, a saber: as Tribos Sulana, Weste, Nambuangongo, Malange, Luanda, Catete, Muxima, Dembos, Dande, Bembe, Damba, Kibokolo, Ntaya-Maquela do Zombo(e RDC), Norte, Côkwe e N’Dalatando. E em cada região, existe uma Direcção regional local que se comunica com as Igrejas e Classes locais, e de igual modo com Direcção da Tribo em Luanda.

Deste  modo, importa que se saiba  como cada um dos grupos e tendências  reagirá ante a globalização e por conseguinte, como vão globalizar o Tocoísmo num mundo cada vez mais globalizante. Na verdade, a nossa tarefa no próxima capítulo será a de avaliar o tipo de globalismo Tocoísta a ser evidenciado por cada um deles.




[1] Tema inicialmente elaborado no âmbito da realização da 1ª Conferência de Quadros da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo que teve lugar em Luanda, no Centro Religioso do Palanca de 07 à 09 de Março de 2013. O mesmo foi melhorado com o intuito de caracterizar os principais fenómenos e processos que emergem em torno do globalismo Tocoista que acelera o seu revivalismo.
[2] De acordo a encyclopedia - encydia beta, in http://pt.encydia.com/, “Choque de civilizações é o nome que recebe uma teoria a respeito das relações internacionais. Tal como se conhece hoje em dia, foi formulada em um artigo de Samuel Huntington publicado na revista estadounidense Foreign Affairs em 1993 e transformado posteriormente em um livro em 1996”».
[3] De facto, o estudo científico do Tocoismo está em curso. Nos proximos momentos surgirão muitos trabalhos interessantes sobre o Tocoismo.
[4] Baptista afirma que globalismo enquanto ideologia «“é a visão do mercado mundial, da ideologia do neoliberalismo”, da substituição da política e de todas instâncias (cultura, sociedade civil, ecologia, religião) pelo logos mercadológico, ou melhor, pela política do mercado total». In: Paulo A. Nogueira Baptista, Globalização e as teologias da libertação e do pluralismo religioso, Horizonte: Belo Horizonte, v.5, n. 9, p.68. dez. 2006.
5A tecnologia tem sido o principal condutor da globalização”, uma vez que o desenvolvimento da tecnologia de informação “proporciona ferramentas aos agentes económicos para identificar e captar oportunidades económicas de forma muito mais rápida, gerando a fase da expansão capitalista, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtêm-se como consequência o aumento acirrado da concorrência”. In: Wikipedia.
6 É um fenómeno gerado pela dinâmica do capitalismo que procura formar uma aldeia global que permita a rápida expansão do mercado, já que nos países centrais ditos desenvolvidos os mercados internos estão saturados. In: Wikipédia.
7A maior parte dos estudiosos sobre a globalização são unânimes em afirmarem que ela teve a sua origem no período que vai do fim da segunda guerra mundial quando a economia capitalista atingiu o seu auge com a expansão acelerada e ininterrupta da internacionalização da economia, tendência que foi intensificada com a entrada em cena de instituições internacionais, e o fim da guerra-fria que provocou um impacto nos sectores industrializados, gerando um estímulo para novos avanços com o objectivo de se promover uma nova humanidade. Neste período, começaram a surgir mudanças na Europa oriental e nos Estados Unidos da América, depois nos países do terceiro mundo, no extremo oriente e no Japão na década de 80. Na nova ordem social, surgem outros centros de poder, abrangendo várias escalas: local, regional, continental e mundial.
8 Segundo Baptista, Wanderley define mundialização ao “processo de aumento gradativo de relações, contactos e fluxos que se estabelecem entre os mais variados povos, ocupando regiões dispersas do mundo, nos campos económicos, político, cultural e religioso. Desde sempre este processo foi tenso, repleto de tensões e conflitos”. In: Paulo A. Nogueira Baptista, Globalização e as teologias da libertação e do pluralismo religioso, Horizonte: Belo Horizonte, v.5, n. 9, p.57. dez. 2006.
9 Baptista define internacionalização “como sendo um processo ‘endógeno’ ou ‘exógeno’, portanto, atinge a dinâmica interna ou externa que acontece substancialmente nos Estados e entre Estados e entidades que transcendem aos Estados, especialmente, com o surgimento da sociedade capitalista”. Por sua vez, Wanderley a define “como o conjunto de relações intraestatais, interestatais e com o surgimento de instâncias supranacionais nas quais as decisões são tomadas fora do âmbito nacional”. In: Paulo A. Nogueira Baptista, Globalização e as teologias da libertação e do pluralismo religioso, Horizonte: Belo Horizonte, v.5, n. 9, p.58. dez. 2006.
10 Celso Furtado, os desafios da globalização.
11Ver Wikipedia
12 Idem.
13 Expressão constantemente utilizada por Maturino Nzila, para referir o complexo dos Tocoistas perante os defensores da teologização do Tocoismo na perspectiva do Cristianismo actualmente difundido, isto é, da necessidade de adequar-se o Tocoismo à teologia Cristã.
14 Estudiosos sobre o Tocoísmo no período colonial e na actualidade, (Margarido, Gonçalves, Pereira), concluíram que o mesmo "tem por base a crença messiânica da transformação do mundo para a instauração do paraíso na terra, sinalizando a chegada do Messias e do fim dos tempos" e "surge como uma resposta concreta a uma situação de crise".
15 É de referir que com a Relembrança, o Tocoísmo reata uma realidade judaico-cristã num contexto afro-cristã, daí que nas acções dos Tocoístas está implícita uma gama de elementos histórico-geográfico-culturais que vai resultar num perfeito sincretismo sócio-religioso, que produz o que é comummente designado por Tocoísmo. Por outra, o Manual de Ensino Tocoísta (2013:146) entende-se por Relembrança“… ao conjunto de actos que tiveram o seu ponto culminante nos acontecimentos do dia 25.07.1949 e nos dias seguintes até ao repatriamento para Angola, como consequência da descida do Espírito Santo solicitado em Julho de 1946, através dos quais se dá o reaparecimento da Igreja de Cristo no mundo e o retorno de grande parte dos aspectos directamente a ela relacionadas”. A Relembrança ocorre quando um grupo de 12x3-1 Cristãos, membros do Coro de Kibokolo, pertencentes a Igreja Baptista da Sociedade Missionária Baptista (BMS), dirigidos por Simão Gonçalves Toko e reunidos em oração, perguntam à Deus sobre o pedido do Espírito Santo feito em 1946 na Conferência Internacional Missionária Protestante de Leopoldville. Neste acto foi derramado o Espírito Santo que relembra a Igreja de Cristo e toda realidade nela existente no tempo de Cristo e dos Apóstolos. In, «A Relembrança da Igreja de Cristo».
16 Argumentos extraídos da obra “A Ideologia dos Tocoístas”. Nela afirma-se que esta ideologia é “uma forma de expressão sociocultural ou de autodeterminação cultural de um povo oprimido e subjugado; a mais pura perfeição religiosa face a degeneração dos verdadeiros ensinamentos de Cristo; a via que permitirá a instauração da espiritualidade, sinónimo de fraternidade, justiça social, solidariedade, alegria, amor a natureza e a intimidade com o sobrenatural”.
17 O hino oficial dos Tocoistas Rei do Céu andará composto na BMS de Mbanza Kongo por Nenkaka é por demais evidente: "Deus visita Africa, suas trevas dissipa".
18 Toco após a operação que lhe foi submetido ao coração em Outubro de 1973 nos Açores/Portugal, diz: "Afinal o que o meu Deus me dissera ainda em Angola de que eu deveria ir à Europa recuperar a bênção de Esaú é o que acabava de se cumprir. Quer dizer, os homens ao doarem o seu sangue para o meu corpo, devolveram por intermédio do sangue a bênção que Jacob havia roubado ao Esaú. Génesis 27:1-40. Viram o que o capítulo diz. Eu fui à Europa a buscar da vossa bênção. E trouxe a vossa bênção que tinha sido usurpada desde o tempo de Esaú. Leiam Hebreus 7:3. Doze vezes fui gerado, este nascimento é o último. O mundo só vê o Simão que é homem alto; mas o Cristo que é mais baixo e tem falado às pessoas a partir das minhas costelas, ninguém consegue vê-lo". Directrizes 1:413-416.
19 1. Voluntários de Cristo em Fileiras; Prometemos por Cristo lutar; Levantemos a sua bandeira; E à ele que faremos reinar. 2. Nós queremos marchar na vanguarda; Desfraldando o invencível pendão; Ser de Cristo a ninguém a covarda; Que de Cristo é já todo cristão. 3. Nós lutamos por Cristo na terra; Contra o mundo e contra as paixões do mal; Ser linguista é um nome da guerra; Guerra santa da qual nasce a paz. 4. Antes a morte em batalha de Cristo; Que na lama covarde morrer; Derramar nosso sangue por Cristo; E no sangue de Cristo vencer. CORO: Cristo vence, Cristo reina; Jesus Cristo triunfará.
20 E é nesta nova forma do Tocoísta estar na sociedade moderna liberalista onde reside todo o problema do Tocoísmo com o capitalismo e as suas várias formas de representação social: a económica, a política, a ideológica, a tecnológica, a cultural, a espiritual, etc. Pois, o Tocoísta enquanto ser social, ajusta o seu agir aos ditames de Deus, ainda que isto signifique sacrificar a sua criatividade intelectual.
21 O comunitarismo privilegia a solidariedade social, mas admite e respeita as pequenas iniciativas individuais e privadas.
22 Vide em 2.5 sobre o globalismo Tocoista.
23Nzila (2008:12-13) é muito mais profícuo ao afirmar de que os Tocoístas acreditam: na existência dos anjos (criaturas de Deus e invisíveis ao olho humano, mas que desempenham missões importantes no Universo); na segunda vinda de Cristo; na ressurreição dos mortos; no Juízo Final; na Vida Eterna; nos homens de Deus ou profetas enviados por Deus, o Todo-poderoso; mencionados ou não na Bíblia Sagrada, em diferentes épocas e lugares da terra para transmitirem a sua vontade aos povos; sendo o senhor Simão Gonçalves Toco o Último Mensageiro de Deus que encerrou a carreira dos profetas no segundo milénio do Cristianismo.
24 Consta na obra «A Relembrança da Igreja de Cristo», pág.17. Reproduzimos quase na íntegra por afigurar-se necessária.
25 Ser intelectual Tocoísta implica necessariamente fazer uso do seu intelecto para pensar, reflectir, analisar e estudar as concepções, fenómenos e acontecimentos do seu tempo, a fim de encontrar soluções compactíveis com os propósitos de Deus para si e para a humanidade. Este saber do Tocoísta é conferido nas Instituições de Ensino académico e Tocoísta. Normalmente, o intelectual é alguém que é definido pelo meio social em que está inserido, que o distingue como alguém que está ligado a prática científica e académica (Instituições do Ensino Superior) e que é portador de uma autoridade científica. O seu saber tecnico-cientifico, opõe-se ao saber não tecnico e não científico. E tem uma relação privilejada com o poder e relaciona-se com a sociedade através do seu status de intelectual. In: Tocomania edição nº 01, pág. 04. Vide rodape  nº 28, 40 e 59.
26 Deus, constatando que Toco se ausentaria por longo tempo do seio dos Tocoístas face a grandiosidade do projecto de acção Tocoísta, estabelece o Vaticínio e a assistência dos profetas Israelitas, que os assessoram na execução do seu programa. Assim, em 28 de Junho de 1950 no Vale de Loge, Deus envia os profetas (Mensageiros) e demais entidades espirituais na Igreja. 
27 O mlayswanismo (arrebatamento) no Tocoísmo é uma das principais experiencias dos Visionários Tocoístas que teve vários casos, mas o mais mediatizado foi o que ocorreu com o Ancião Mbona Pedro em Luanda em 1950 quando foi transportado espiritualmente pelo Dirigente para o Vale do Loge, a fim de ser submetido a uma formação espiritual durante 12 dias e em Novembro de 1983 quando Simão Toco, transmutando-o, leva-o a visualizar a Cidade Santa do Grande Rei no norte de Angola. Este Ancião actualmente se encontra em Benguela, onde reside desde 1953.  Para além de outros, houve também o caso de Simão Masanza no Vale do Loge.
28 Do levantamento que o GCNET se fez sobre a história da literatura do Tocoísmo, verificou-se que ao longo do período de 1943-1984 a acção dos intelectuais foi quase nula por razões que a seu tempo virão a ribalta, prejudicando de que maneira a Igreja, visto que o contributo destes afigura-se extremamente necessário para que houvesse o progresso que se pretende. Neste período, o único intelectual no Tocoísmo foi Simão Gonçalves Toco e os demais abstiveram-se. Em outras palavras diremos que no geral, a racionalidade na acção dos Tocoístas foi quase nula, pois, tal como hoje, os Tocoístas sempre estiveram dependentes do Tabernáculo e dos Vates. Podemos enumerar alguns pensadores Tocoistas: 1. Os Redactores, destacando-se Daniel Araújo Mfinda, Domingos Afonso Nzila Pereira, Luvualu David, Donfonso F. Manzambi, Vuaituma Sebastião, Pedro Nsolani, Makolokila João, Pedro Mumbela, NdombaxiMalungu, Sansão Afonso, dentre outros; 2. Os Copistas, dentre eles Manuel David Paxe, António Mário KuvaMakanga, Gonçalves Francisco, Paracleto Mumbela, Maturino P. Nzila e António Neves Alvaro, etc; 3. Os Escritores são: Maturino Pedro Nzila, Pedro Santos Agostinho, Melo Nzeyitu Josias, Simão Kibeta, Albino Joaquim Kisela. Logo, os Tocoistólogos surgem apenas depois do ano 2000.
29 Mas qual será a conduta e atitude que os Tocoistólogos devem evidenciar na sua acção? Eles devem:
·  Direccionar a sua acção a partir das fontes primárias e secundarias do Tocoismo;
·  Conhecer os «ditos e os feitos» de Simão Gonçalves Toco;
·  Conhecer a história e a historiografia da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo;
·  Conhecer o Ideal e o projecto de acção Tocoísta;
·  Agir dentro do princípio da unicidade e indivisibilidade do Tocoísmo. O intercâmbio e a concertação de ideias entre os produtores (actores e autores) literários é uma premissa fundamental na acção do intelectual;
·  Banir a presunção e a má interpretação das profecias de Simão Toco;
·  Conhecer as normas de funcionamento do Vaticínio na Igreja;
·  Acautelar-se da tendência de alguns Vates que se apresentam na Igreja como profetas (ressurgimento).
30 A Identidade dos Tocoístas já foi tema de abordagem e uma brochura foi lançado pelo Grupo Coral Nova Esperança Tocoísta em 2008. Ai foi dito que “a Identidade Tocoísta é a relembrança da identidade do Povo eleito de Deus - Israel, pois, O Tocoísmo é a revisão de toda obra divina já feita no mundo”. Vários elementos constituem a «identidade Tocoístas», dentre os quais destacam-se os seguintes: A história e geografia da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, a ética, usos e costumes dos Tocoístas e o património cultural e espiritual da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo, etc. A estrela de oito quinas é o principal símbolo de identidade dos Tocoístas e existe de duas formas: como símbolo material e como símbolo espiritual; como símbolo material ela nos identifica sobremaneira no contexto das nações: "A estrela de oito quinas representa o (8) oitavo Reino de Deus na terra". Este é o maior património que África possui em relação aos demais continentes (S. Mateus 2:2-3).
31 Hoje por hoje, a Tocoindade já é um facto no mundo. Tocoindade é a qualidade do que é ser Tocoísta e pode definir-se como sendo, o conjunto dos Tocoístas espalhados pelo mundo fora, coesos pela homogeneidade da fé, cultura, instituições e leis. Pode ser entendida ainda pelos seus valores culturais e normas que distinguem os Tocoístas de outros grupos sociais, pois, estes têm consciência de possuírem uma identidade própria que os diferencia dos demais grupos sociais no mundo. E é por todos visíveis, que hoje já não é difícil qualificar uma determinada acção como sendo Tocoística.
32 E para se evitar cair neste erro, daí que a acção literária da Nova Esperança Tocoista ter feito inicialmente um levantamento historiográfico e bibliográfico sobre o Tocoismo e para esta apresentação ter-se  trabalhado com quatro principais tipos de fontes: 1. As epístolas do Dirigente e seus relatórios; 2. Os registos, actas e relatórios da Igreja no período de 1950-1961; 1962-1974; 1975-1983; 3. A recolha de depoimentos dos Ngunga Ngele (fontes primárias/secundárias do Tocoismo); 4. Os registos, informações e relatórios da PIDE e do Governo Belga sobre Simão Toco e os Tocoistas.
33 «“A acção dos “Ngunga Ngele” após o repatriamento, esteve bem firmada na acção profética do Dirigente Simão Gonçalves Toco. O Espírito Santo foi o sopro da vida que os conduziu à Cristo Jesus, permitindo-lhes o pleno conhecimento da revelação de Deus. Foi graças ao Espírito Santo que conseguiram orientar a Igreja relembrada na verdade e manterem-se em perfeita sintonia com o Dirigente sempre em desterro. Os Anciãos são os fiéis depositários da mensagem de Deus trazida por Toco. São testemunhas do que ele disse e fez. Após sua morte, os Anciãos dirigidos pelos 12 Mais Velhos, anunciam que Mayamona é o enviado do Senhor, o restaurador da Igreja de Cristo e que Jesus Cristo é o Senhor e salvador da humanidade”. A fonte Anciânica  está  contituida pela memória dos Anciãos sobre ensinamentos de Toco; sobre a revelação de Deus; e pelos feitos que resultam do Vaticínio. Ao passo que o Ensino religioso dos Anciãos - a Catequese, está composto: pelo ensino oral do Evangelho de Cristo; pelas instruções espirituais e religiosas aos Anciãos e Conselheiros e aos Catecúmenos; e pelo ensino da doutrina da Igreja de Cristo.
Tradição oral: Esta tradição surge após a morte do Dirigente e formou-se na base da acção profética de Simão Toco e que foi se evidenciando ao longo da acção evangélica dos Anciãos da Igreja desde 1949. Esta tradição é constituída pelas pregações de Toco (seus ditos e feitos), pela manifestação do poder de Deus na acção dos Tocoistas; da contemplação da Sua glória na acção dos Ngunga Ngele e pelo Tabernáculo do Senhor onde continuam a fluir as mensagens divinas. Finalidade da formação da tradição oral dos Anciãos: Para o ensino da doutrina aos catecúmenos e para pregação oral dos Anciãos no culto.
Tradição escrita: Esta tradição encontra-se em formação. Toco legou-nos muito material escrito em Português e em Kikongo, onde está depositada toda mensagem que recebeu do Senhor para a humanidade e que precisa de ser recolhido, seleccionado e compilado em brochuras. A Torre do Tombo em Portugal tem se revelado como uma das fontes com acervo documental dos Tocoistas melhor organizado. Neste caso, temos as epístolas e as directrizes do Dirigente, os anúncios e profecias de Mayamona, o material litúrgico para a catequese e culto, as recomendações espirituais dos mensageiros, as revelações divinas, o testemunho de fé dos Anciãos e outros materiais. A compilação da “memória dos Anciãos da Igreja” levará muito mais tempo para ser recolhida em forma de depoimentos, testemunhos ou narrativas, para posterior tratamento e publicação como sendo, História da acção dos Anciãos ou vida e obra dos Anciãos. Esta memória está constituída por relatos, testemunhos, actos, feitos, etc e grande parte dela já está recolhida e tratada pelo GCNET». Extraida da obra: A Relembrança da Igreja de Cristo, pág. 78-81.
34 Para melhor se compreender as identidades ideologica-doutrinaria dos grupos que constituem o actual revivalismo Tocoista, há que se recuar na génese da formação das próprias comunidades Tocoistas e Igrejas, conhecer os seus principais actores, sua situação religiosa pré-Tocoista e factores que estão na base da sua adesão ao Tocoismo. E de 1950 à 1974 como se orientavam religiosamente, sua ligação com Vale do Loge até 1961 e com Luanda até 1974, grau de instrução Tocoista dos seus Anciãos e Conselheiros, e como lidaram com a problemática do Espirito na Igreja. Isto porque cada um destes quatro grupos tiveram varias influencias extra-Tocoistas ao longo deste periodo e a maioria não teve acesso ao verdadeiro ensino e doutrina administrado por Simão Toco.
35 Linhagem de sucessão no Tocoismo: No «Manual de Ensino Tokoista» pág. 170, esta problemática foi tratada como se segue.Que linhagens de sucessão foram promovidas na Igreja a revelia ao espirito e orientação do Profeta Simão Gonçalves Toko? Após a morte do Dirigente Simão Gonçalves Toko, muitos responsáveis da Igreja, em desobediência a orientação do Profeta Simão Gonçalves Toko instituiram as seguintes linhagens de sucessão na Igreja:

a. Linhagem Pastoral: reivindicada pelo 1º e 2º Pastores: A Igreja dirigida pelos irmãos da Cúpula dos Anciãos e Conselheiros lidera as estatísticas dos Vates que já se levantaram, uns apresentando-se como «Mensageiros» e outros como o próprio «Profeta Simão Gonçalves Toco», enquanto as 18 Classes e 16 Tribos conheceram até aqui dois casos apenas: José Kanhanga (JC-Jesus Cristo, letras gordas) e Mateus Rogeiro (Cristo Negro). Bem podemos ver como estes dois Vates de Jesus Cristo e Arcanjo Miguel usaram a condição de vate para oquestrarem mecanismos que lhes posibilitaram a ascenção na liderança da Igreja. Impaciente, o 1º Pastor procurou outra via para acelerar a sucessão de Simão Toko, ao contactar em 1982 os irmãos do Grupo Ntemu António e realizarem o polémico ritual tradicional na campa do velho NdombeleBitopo, pai de Simão Toko;
b. Linhagem de Representação: reivindicada pelas 18 Classes e 16 Tribos: Segundo estes irmãos, cabia as 18 Classes e 16 Tribos enquanto órgão directivo da Igreja, indicar quem deveria suceder Simão Toko na liderança, daí a sua demarcação da Igreja deixada por Simão Toko em 1985/86, após os irmãos da Cúpula o terem feito em 22 de Abril de 1984, logo a seguir a morte do Dirigente;
c.  Linhagem consanguinea: reivindicada pelos membros do Grupo Ntemu António Kisenda (IPPL/MBOMA) ou alguns parentes consanguíneos do Dirigente e retomada pela Direcção Universal: Quanto a problemática da sucessão familiar, Toko em 1950 a partir do Colonato do Vale do Loge, deixou orientações bem claras quer aos seus familiares, quer a Igreja, relativamente ao posicionamento de equidistância que seus familiares deviam adoptar nos assuntos da Igreja. Nos anos 80, voltou a reiterar aos seus parentes, para não se imiscuíssem nos assuntos da Igreja;
d. Linhagem de mensageirismo (aparições, enviados e ressurgimentos): defendida pela ex-Cúpula de Anciãos e Conselheiros e pelo irmão Mateus Rogeiro então das 18 Classes e 16 Tribo e Direcção Centro-Sul do irmão Osorio Marcos. O Vaticinio é a via comummente utilizada pela Cupula e seus dissidentes e que pelos vistos continuará a ser muito utilizada face a cega obediência dos Tokoistas aos espiritos que surgem na Igreja e a ausência da análise e fiscalização dos mesmos, tal como recomendara o Dirigente.

36 Sobre o espiritismo na perspectiva Tocoista, faremos recurso as observações constantes na pág. 156-157 da obra «O encontro de Catete e as demais manifestações divinas na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo»: “O espiritismo enquanto um contravalor no seio dos Tocoístas é um facto inegável. Ele existe e coexiste com o Vaticínio e é uma problemática muito séria, actual e que vem produzindo efeitos nefastos na vida de muita gente. E estes dois processos espirituais (vaticínio e espiritismo) se confundem, principalmente naquelas comunidades e Igrejas cujo Anciãos não tiveram uma preparação espiritual ao nível dos desafios espirituais assumidos pela Igreja, que é a de «quebrar o poder das forças ocultas». Aí, por razões várias, os seus Vates (os dissimuladores de espíritos ou falsos Vates) passaram à agentes do espiritismo. O Vaticínio torna-se muito delicado por causa do comportamento das pessoas e a existência de dois tipos de espíritos (Espírito de Deus e espírito de Satanás); … os dois Espíritos aparecem a operar na Igreja. O primeiro edifica e o segundo é destruidor. O Espírito Santo guia os membros da Igreja ao bom caminho; enquanto o espírito Satânico desencaminha os membros da Igreja. A presença dos dois Espíritos na Igreja depende da permissão dos próprios membros. Senão Deus destinou um só Espírito à sua Igreja. O outro é infiltrado”. E esta situação está na base da crise de valores e da cegueira espiritual reinante seio dos Tocoístas.
37 A mentira e a desinformação religiosa (deturpação e fabricação de novos e falsos dados sobre o Tocoísmo) de um tempo a esta parte passou a ser uma realidade entre os Tocoístas, daí a necessidade que se instalou em alguns círculos do universo Tocoísta, em se passar a crivo todo dado e facto sobre a Igreja e Simão Toco. A atitude de criação de novos e falsos dados, vinda de responsáveis da Igreja, demonstra o seu não acatamento das determinações de Deus e a não observância da inviolabilidade das orientações e recomendações de Simão Gonçalves Toco e do Espírito Santo.
38 O Tocoismo Padrão é aquele que está em harmonia com os ensinamentos de Simão Toco e que reflecte a luz do Espirito Santo. Este Tocoismo sobreviverá ante a «decantação» que abalou a Igreja desde os anos 60 e que foi anunciada em Fevereiro de 1975 no Ntaya quando Toco disse: «Há pessoas que não estão a agir em conformidade com a sã doutrina. Uns estão a fazer as coisas de propósito para me experimentarem. Mas digo: vão enganando os homens do mundo, porque à mim, ninguém pode enganar. Continuem a praticar as vossas maldades enquanto é cedo. Porque há-de chegar o momento em que muitos se arrependerão. O fim não está longe. A Igreja passará por um processo de decantação. Todos vós passareis por sete depurações. Não vos esqueçais: Sete vezes sereis peneirados. E só depois de passardes por estas sete depurações, é que cada um poderá cantar a sua vitória na fé. Saibam o que foi dito: “Muitos chamados e poucos escolhidos”. É isto que irá acontecer-vos, visto que muitos no vosso meio não quereis deixar os maus caminhos. Orai bastante, para que possa estar na porta de entrada no reino de Deus. Digo isto, por ser sentimentalista, e vir favorecer a entrada de muita gente». In: Profecias de Mayamona, pag. 129.
O Tocoismo Padrão é igualmente aquele que não perdeu a sua pureza, pois Toco dissera em 1975:“No meu regresso dos Açores, eu disse aos Anciãos e Conselheiros de que ainda não era o momento de meter as mãos no trabalho da Igreja, porque verifiquei que a Igreja já não se encontrava conforme a trouxemos”. Pag. 117. Disse mais a partir dos Açores sobre os «Verdadeiros Tocoistas»:“Os cristãos que não querem unir-se com os seus iguais, não são verdadeiros seguidores de Cristo. Ele veio ao mundo e ensinou o AMOR. Não querem saber o que Espírito diz: se o Simão morrer, que fareis no meio da Igreja?Por isso se totalizou 40.478 Tocoístas verdadeiros, mas se não porem-se a pau, esse número será dividido em 8 partes e o quociente será chamado verdadeiros seguidores de Cristo. Muitos chamados e poucos escolhidos”. In: Profecias de Mayamona, pag. 92.
39 Aqui está uma evidência do impacto que o Tocoismo teve no meio Rural e Urbano, pois, produziu ao longo de 34 anos (1950-1984) realidades socio-religiosas que opuseram  (Tocoistas defensores do primado da espiritualidade como premissa da acção religiosa e os defensores do primado da autoridade administrativa e intelectual), elementos oriundos do mesmo grupo (Coro de Kibokolo) em Leopoldville em 1950 de onde foram repatriados para Angola em Janeiro de 1950.
40 Confira ainda o radape nº 25, 28 e  59.
41 A fixação dos Puritanos em Luanda nas últimas duas décadas vem produzindo no seu seio uma errosão dos princípios  puritanistas, gerando novas tendencias, onde os mais moderados, que influenciados pela vivência na urbe, procuram harmonizar a sua maneira de «pensar, sentir e agir Tocoista» com a dos Radicalistas e formam o actual Colegio dos 12 Mais Velhos em Luanda.
42 Toco em 1983, despediu-se destes irmãos através dos seguintes capítulos que enviou a cada um deles: Salmos de David 41:5-9 e em Actos dos Apóstolos 20:28-36. Posteriormente mandou distribuir aos Tocoistas.
43 A Tribo Norte que sempre garantiu a sua base “maioritaria”, não abdicará este trunfo em detrimento de uma “minoria” da Tribo do Ntaya-Makela do Zombo. Estes por sua vez têm Ntaya e o Sacerdocio como principal trunfo para se imporem no mando da Igreja como actualmente se pode verificar, onde tem conseguido suplantar em alguns sectores os radicalistas da ex-Cupula. Mas a tentativa de integrar no sacerdocio familiares de Simão Toco que sempre militaram no Grupo dos 12 Mais Velhos-Ngunga Ngele, ameaça deitar por terra esta estrategia, pois, a «força espiritual da sua mistica», foge-lhes das mãos. E com a perca do controlo do Sacerdocio, os partidários do Tocoismo tradicionalista (Mboma) saberão criar novos cenarios espirituais e não só, para manterem o aparente control da situação. Mas é de reconhecer que com a erecção do enorme patrimonio em Luanda, isto ha-decausionar os actos de muitos dos seus membros, conforme ficou demonstrado na tentativa de separação ocorrida em 2012 orquestrada pelo movimento do Ancião Diungu  Diungu da Tribo Weste eque não logrou exito.
44 Como se pode verificar na obra publicada pela Nova Esperança Toco sob titulo «Cometa Crente», pág. 13 e confirmada no documento de 30 páginas elaborado pela IPPL-Igreja Prenda Palanca (Mboma), datada de 28.02.1997 no âmbito do processo de reunificação, sob o título «Reformas ocorridas na INSJCM e a razão da nossa existência», este Grupo de Tocoistas, apesar de aderir ao Tocoísmo, sempre teve a sua religião pré-Tocoismo, cuja data fixam-na em 1937, situação que se tornou visível a quando do caso «Sebastião Lucila» em 1969/70 e «Mbela  Nod» em Setembro de 1982.
45  Está na base desta situação, o choque cultural que resulta dos valores éticos-morais emanados no Tocoismo através do Vaticinio e que remeteu os Tocoistas num conflito espiritual com as «religões tradicionais» anteriormente existentes. Dentre os vários movimentos espiritistas, o que mais reagiu ante a acção dos Tocoistas na região do Zombo face ao «choque cultural» provocado pelos valores que difundiam, foi o movimento tradicionalista que emanou do remanescente do Kidismo e do Kimbanguismo  que aderem ao Tocoismo na região Zombo. Já a 28 de Julho de 1949, Jesus Cristo alertara a Simão Toco: «“sofrereis muitos anos, mas não será aqui em Leopoldville onde o Espírito verdadeiro dos discípulos de Cristo poderá trabalhar verdadeiramente, porque o diabo espalhou o seu espírito maligno nesta cidade para vos confundir. Sereis presos pelas autoridades Belgas, mas tu Simão, mesmo que os teus irmãos abandonem a Igreja de Cristo, tu aguentes. A Bíblia e o Espírito Santo que recebestes irão ajudar-te.Diga aos teus irmãos, que depois da cadeia, levareis a bola para Angola, vossa terra natal, mas não tenhais medo. Sereis perseguidos ao máximo e espalhados para quase toda parte de Angola”. A bola quer dizer, a palavra de Deus” e estando nos Açores, Toco escreve: «Dito e certo. O que o Espirito me dizia foi o que aconteceu naquela terra. A palma da mão virou, quer dizer, a palma da mão é o negro e o branco. Mas para Angola, nunca o Espirito de Deus me dissera que expulsássemos os brancos. Mas sim, “vão para a vossa terra levar a bola e hão-de ensinar quase a maior parte de Angola, brancos, negros e mestiços. Mas vão sofrer primeiramente. Orai sempre ao vosso Jeová Deus, mesmo que as autoridades portuguesas não queiram. Entrem nas vossas casas e façam a oração de Pai Nosso que está nos céus. Eu nunca vos abandonarei, se perseverarem até a minha vinda”. Foi o que o Espirito nos disse, mas o espirito que opera nos Kimbanguistas meteu confusão em tudo e começaram a expandir o Kimbanguismo em Angola; E começamos a expulsar os Kimbanguistas que se introduziram no meio do Tocoismo e a mandar calar os seus espíritos. Mas esse trabalho está demorando porque estou muito longe. Mas graças à Deus e em colaboração com os meus irmãos, a acção deste espirito está diminuindo». Profecias de Mayamona pag. 43.
46 Em outra ocasião Toco afirma: “Muita coisa se passou... O que é certo,encontramos em Maquela do Zombo o espírito maligno que dificultou o trabalho. Era o espírito daqueles que lutam para ganharem o mundo, os Kimbanguistas, Mpadistas e Machuas de Brazzaville, mas eu consolava sempre os verdadeiros Tocoistas, confortando-os na verdadeira fé em Nosso Senhor Jesus Cristo”. Profecias de Mayamona pag. 43. E este espírito agigantou-se no Ntaya no periodo de 1976-1983.
47Segundo Vasco Nzila, «… O irmão Pedro Masukinini  havia nos dito no Ntaya quando se criou uma Comissão composta por Vasco Pedro Nzila e Pululu Francisco: “Eu mandei uma carta lá no abismo e pedi o reforço de 7.000 espíritos e quem tentar levantar a cabeça vai apanhar”. Para o efeito, fez-se um trabalho espiritual com todos os Vates do Ntaya, para podermos chegar à Luanda epara impedir que estes espíritos do anti-Cristo entrassem na Igreja. No último dia, foi-se na casa do Dirigente, mas este disse: “não quero ver ninguém a fazer trabalho espiritual cá, porque o mesmo espírito que fostes impedir no Ntaya já cá entrou, visto ser carnal o trabalho que lá fizestes”. E a Igreja dividiu-se. Portanto, é este conflito que está em todas as nossas divisões. O objectivo é somente único». Nzila, as Crises no Tocoismo, pag. 50.
48 O Tribunal Popular Revolucionário de Luanda, no dia 17.02.1989 procedeu a condenação de 18 Anciãos deste Grupo a prisão efectiva, sendo 08 à 19 anos de prisão, 03 à 16 anos, 01 à 15 anos, 01 à 10 anos, 04 à 6 anos e 01 à 5 anos de prisão respectivamente. Estes em 1992 beneficiam da amnistia geral no ambito do processo de paz angolano.
49 Vale lembrar que o autor desta apresentação em termos de posicionamento dentro do Universo Tocoistas, é produto de três principais realidades tendenciais e revivalisticas. Sendo filho de pai Radicalista Modernista fortemente influenciado por Puritanos de onde assimilou os «ditos» e «feitos» de Toco após ter passado na Missão da BMS em Kibokolo como estudante, e de mãe que pertenceu a Comunidade onde emerge o movimento tradicionalista Tocoista, militou na Igreja de Cabinda de 1972 à 1986 e na Cupula de 1986-1988 de onde toda família foi transferida para a Direcção dirigida pelos 12 Mais Velhos após negociações entre as respectivas Tribos das duas Direcções Tocoistas. De 1990 à 1993 fez parte de um colectivo de cinco jovens Tocoistas no Huambo (em cumprimento do serviço militar) constituído por irmãos das 18 Classes e 16 Tribos, tendo se tornado membro do GCNET em 1993 até a presente data.
50É Donfonso F. Manzambi quem nos descreve o sucedido:“Terminado este ano de 1963, em Janeiro de 1964, quando festejávamos o fim do ano de 1963, abriu-se mais outras confusões no seio da Igreja. Mas não eram os Tocoístas que tinham lutado. Então os traidores, os bufos foram mentir as autoridades que houve uma luta entre os Tocoístas e desta luta resultou na morte de uma pessoa e as autoridades portuguesas tomaram medidas de acabar com os cultos”. In: «A trajectória histórica da Igreja de Cristo», 2009, pág 26. De referir que o TocoistaZander que havia sido dado por morto reaparece dias depois, mas o conflito que se abriu daí entre os Tocoistas, foi de proporções alarmantes.
51 Simão Toco estando no Colonato do Vale do Loge anuncia: ”Não fui eu quem vos escolhi. Foi o próprio Deus que me tinha enviado para ir a vossa busca, porque vos tem consagrado para lhe construirdes as suas santas cidades. Tendes uma grande missão de Deus para cumprirdes. Hão-de construir-lhe três cidades: A primeira cidade é esta que agora começastes aqui, na região do Bembe; A segunda cidade será erguida na região do Zombo; A terceira cidade será erguida na região do Kwimba. Serão estas três cidades santas que ireis erguer para o vosso Deus. Estas cidades terão o mesmo estatuto que têm as Missões da BMS. Por isso, trabalhem, porque futuramente  tudo isso será vosso”. Disse mais: “Bem-aventurados sois vós que saístes duma cidade cheia de glória mundana para a mata. Mais fácil será a salvação para vós do que os vossos irmãos que foram para Luanda. Porque saíram da cidade de Leopoldville para outra com maior glória mundana”. 
52 É de referir que de Fevereiro de 1950 à 17 de Novembro, altura em que Toco parte com a familia para Luanda em direcção ao Colonato de Caconda, desenvolve inúmeras acções de índole espiritual e não só, todas enquadradas dentro dos propósitos de Deus manifestes em Catete, dentre as seguintes: A criação de um conjunto de condições materiais e espirituais para o funcionamento da Igreja de Cristo  em toda sua extensão; A materialização no Colonato do Vale do Loge de uma série de orientações recebidas de Jeová Deus em Catete; A normalização das práticas religiosas que se estende até 1955; A preparação dos Anciãos para conduzirem a Igreja na sua ausência física face as missões que haveria de cumprir noutras localidades; A oração (jejum) de pedido do Espirito dos Profetas na Igreja para auxiliar os Tocoistas no âmbito das missões da Igreja de Cristo; A oração de pedido para o surgimento dos movimentos de luta armada em Angola, visando a descolonização de Angola; O concerto com Deus no monte Sinai para a salvação de toda humanidade; A descida do Espirito dos Profetas na Igreja a partir do Vale do Loge  aos  28 de Junho de 1950; A institucionalização do Vaticinio e do Tabernáculo do Senhor na Igreja de Cristo (a comunicação generalizada entre Deus e os crentes da Igreja de Cristo) e a realização de vários ritos que culminaram com o cumprimento dos propósitos de Deus, tido como importantes para os planos de Deus na terra.
53 A lista é enorme. Só no Vale do Loge eram mais de 600 e no Ntaya acima de 1500 elementos. O Maestro Tocoista de todos os tempos Simão Lázaro, é um Puritanista por essência, mas teve fulgorosas passagens junto dos Radicalistas Conservadoristas e Etnicistas.
54 Toco apelava aos Tocoistas a procederem reformas em quase todas áreas que conformam as práticas Tocoistas (trajar dos Tocoistas, casamento, noivado, na administração com a criação de Classes, 40 Mancebos, Sucursais e no funcionamento correcto da Igreja. Estas orientações já foram compiladas pela Nova Esperança Tocoistae estão na obra «Directrizes do Dirigente-Para o melhor funcionamento da Igreja de Cristo».
55 Foram os casos de Lundi  Mbongo, Augusto Bernardo, Afonso Makiese, «profeta» Isaias da Igreja Profetica Mundial, João Miguel Joana, Osório Marcos, Tabernaculo Central, etc.
56 Os Anciãos da Cupula rejeitaram junto de Simão Toco esta denominação, apresentando a de «Filhos de Bons Seguidores».
57 Seu periplo à  todos  grupos  revivalistas do Tocoismo de 1994 à 1998, as suas jornadas de reflexão sobre vida e obra de Simao Toco que realizam de 02 a 10 de Janeiro de cada ano, bem como os seus festivais musico-culturais que envolve grupos corais dos demais grupos de Tocoistas, muito contribuíram para a aproximação dos Tocoistas desavindos. O seu movimento literário vem correspondendo com a expectativa do grupo, permitindo que muitos Tocoistas pudessem conhecer melhor a realidade histórica do Tocoismo, contribuindo assim no processo de reevangelização dos Tocoístas e da recuperação dos seus genuínos valores.
58 Verificou-se que muito dos integrantes dos 40 Mancebos (A,B,C e D) e alguns Ana Ngunza à quem Toco depositara sua confiança para o anúncio do «Evangelho» e do «caminho do bem», desistiram da Igreja, porque encaravam-na como um lugar de analfabetos com quem deviam manter uma certa distância, pois, a elite que liderou os destinos da Igreja esteve maioritariamente constituído por iletrados e semi-analfabetos, que nutriam uma certa aversão aos racionais intelectuais. O seu distanciamento em parte está provido de razão, porque muitos Anciãos que estavam na condução dos destinos da Igreja, temiam os intelectuais e perseguiram-nos, fazendo tudo para desencorajá-los a agirem em prol da Igreja. Estes não evidenciavam a consumação do projecto de acção Tocoista, mas sim a preservação dos seus cargos e nada fizeram para superarem-se académica e intelectualmente. Os Anciãos na generalidade, não passaram o testemunho a nova geração, tornaram os seus cargos vitalícios e vetam a possibilidade de haver sucessão e ascensão. Com isto, um número considerável de Tocoístas estão em casa e esperam um milagre ou uma oportunidade específica: A viragem da realidade dos factos e a mudança do sistema das coisas. Aguardam pelo tio Mayamona e pelo cumprimento das suas profecias. Esta é a razão do grande protagonismo apresentado pela Direcção liderada pelo Bispo Afonso Nunes. A nova geração de Tocoistas têm uma crença apoiada naquilo que os seus Anciãos viram, ouviram e esperam. A maioria é dependente ou seguidista. Outros perderam o ânimo e a confiança neles, e somente acreditam em Mayamona e nos seus ditos e feitos.
59 De facto, Toco apelara aos Mancebos e defensores da Igreja: "… O Tocoísmo deve procurar Mancebos que saibam uma língua comum, para mais cedo ou mais tarde puderem fazer algo importante para a segunda vinda de Cristo. Mas é pena que os rapazes que estudam a língua portuguesa não se interessam servir à Cristo. Pobre africano que até aqui não pensam, nem prevêem o futuro…Vós Mais Velhos, não deveis invejar os rapazes que sabem a língua portuguesa e que estão vos ajudando na palavra de Deus, porque se não haver cristãos que saibam o português, quando vós Mais Velhos morrerem, quem ficará no vosso lugar? Eu gostaria que os rapazes que estudam nas escolas superiores e filhos dos Tocoistas, não esquecessem da Igreja de Cristo para mais cedo ou mais tarde a defenderem. Quero que os jovens estudem até ao ensino superior para que mais tarde ou mais cedo, venham a ser os defensores da Igreja". Directrizes 7:345-346;11:145. Vide rodapé nº 25, 28 e 40.
60 Segundo a Wikipedia e «o que é Misticismo» de Wiliam Stoddart, Misticismo «do grego μυστικός, transliterado mystikos, um iniciado em uma religião de mistérios» é uma religião que procura enfatizar a atenção imediata da relação direta e íntima com Deus, ou com a espiritualidade, com a consciência da Divina Presença. E “vai além da religião tradicional por permitir uma experiência direta e pessoal com a divindade ou com a espiritualidade em questão. Porém essa união com o todo só é possível através de uma dedicação espiritual que capacita o ser humano a se livrar das tentações mundanas.  O iniciado que alcançou o ‘segredo’ é chamado um ‘místico’”.
61 “... Na prática o misticismo só surge dentro do arcabouço de uma das religiões reveladas. De fato, seria justo dizer que o misticismo constitui a dimensão interior ou espiritual de toda religião. Misticismo é esoterismo, enquanto que o arcabouço religioso exterior é o respectivo exoterismo. O exoterismo é para todos, ao passo que o correspondente esoterismo é somente para aqueles que a ele se sentem chamados”. In: «o que é Misticismo» de WiliamStoddart.
62 De acordo com a Wikipedia,"o místico é aquele que aspira a uma união pessoal ou a unidade com o Absoluto, que ele pode chamar de Deus, Cósmico, Mente Universal, Ser Supremo, etc”.
63 Para Wiliam  Stoddart em,  «o alegado objeto tanto da “experiência mística” quanto da “doutrina mística” é a Realidade Suprema. A doutrina mística pode chamá-la de Um, Si, Puro Ser, ou outro nome, e a experiência mística é considerada como sendo a união com ela, em qualquer grau e de qualquer modo que seja. Com este fim, fala-se também de “via mística” ou “caminho místico”. A doutrina mística e a metafísica ou teologia mística são uma única e mesma coisa. A experiência mística, quando num grau total ou ao menos suficiente, é a salvação ou liberação. E o propósito do caminho místico é a “realização espiritual”, isto é, a progressão do exterior ao interior, da crença à visão, ou, em termos escolásticos, da Potência ao Ato».
64 É mística para os seres humanos todas as coisas empregues para criar a relação direta com a espiritualidade: uma vela, uma oração, um vaso de flores, um totem, “pois é o instrumento usado por estes para criar a relação deste poder... O homem acredita no poder da vela e da oração, mas não sabe como este poder agehttp://meeu.com.br/ceu/tag/misticismo/. O vaticínio como tal, está em volta de acções de natureza mística.
 65 Deus simplificou a sua relação direta e íntima com os Tocoistas, ao instituir o Vaticinio em Junho de 1950, tendo como protagonistas  os  Vates, Pombos, Sacerdotes, Mensageiros (Profetas e Anjos), Anciãos e Conselheiros, Discernidores de Espirito e os Visionários ou videntes. O mlayswanismo (arrebatamento) até aqui tem sido uma das principais experiências místicas dos Visionários Tocoístas, onde os  casos mais mediatizados foram os ocorridos com o Ancião Mbona Pedro em Luanda em finais de 1950 e Novembro de 1983 e Simão Masanza em 1950. A experiencia espiritual pessoal guiada é outra forma de realização espiritual esotérica Tocoista. Para mais informações sobre o assunto, consulte a obra «O encontro de Catete e as demais manifestações divinas na INSJCM» recentemente produzida pelo GCNET.
66 Utilizamos aqui a expressão misticismo ao invés de espiritismo (doutrina dos que se comunicam com espiritos) por julgarmos ser mais tecnicamente abrangente em termos de fenómenos espirituais esotéricos e também para evitar que haja uma certa conotação com outros factores do fenómeno  como a sua ruralidade ou origem urbana, ou mesmo com o espiritismo sistematizado por Allan Kardec. E por misticismo espiritista queremos qualificar a acção do Grupo de Tocoistas que praticam uma acção de interferência no ritmo normal da vida à partir do plano extra-físico. Os espiritualistas enxergam o espiritismo (a magia, a feitiçaria, os adivinhos, curandeiros, encantadores, quimbandeiros, Umbandistas, candobletistas, e demais espiritistas) como uma acção de interferência no ritmo normal da vida à partir do plano extra-físico, já que aqueles que se entregam a ela sabem que o mundo espiritual determina em grande parte a dinâmica do mundo físico e que, de lá, fica as vezes bem mais fácil influir sobre as situações e as pessoas, pois se conta com a influência mental subtil e a invisibilidade. Porém, em 1949, Deus enviou o Espírito Santo a África que veio contrapor estas práticas. In: “Encontro de Catete e demais manifestações divinas na Igreja de Cristo”, Pag 153.
67 A «magia maléfica» ou «feitiçaria» foi usada pelos nossos antepassados como recurso para determinar as causas dos infortúnios que viviam (doenças, acidentes, mortes, seca, chuvas torrenciais, trovoadas), apontando sempre alguém como causador destes infortúnios. E hoje, as religiões reconhecem a existência de duas forças ocultas que lutam pelo controlo da humanidade, as forças demoníacas e as forças activas ou vivas de Deus. Os religiosos responsabilizam os demónios como causadores dos infortúnios vividos pela humanidade, como guerras, desastres, pestes, falta de sorte … e dizem que as forças activas são defensoras dos homens
68 Espiritismo no Tocoismo é um contravalor em relação ao Vaticinio onde se pratica o espiritualismo. Bem sabemos que esta pratica não regulada, confunde-se em grande medida com as praticas espirituais exercidas pelos africanos antes do contacto com o cristianismo. Daí que muitos ao se converterem no Tocoismo, não abdicaram das suas tradicionais práticas espiritistas pre-cristãs.
69 Via utilizada por estes face a cega obediência dos Tocoistas aos espiritos que surgem, por não estrem preparados para lidarem com os fenomenos espirituais.
70 O casamento perfeito entre estas duas correntes (Tradicionalistas e Modernistas) para melhor fazerem frente aos Tocoístas espiritualistas, num momento crucial da vida do Tocoísmo, remeteu a Igreja numa crise profunda sem precedentes que precipitou a morte de Toco conforme denúncia sua e dos Anciãos 12 Mais Velhos, bem como a consequente divisão da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo declarada pela Cúpula em Abril de 1984 após o fim do cumprimento unilateral dos 90 dias, em memória do desaparecimento físico de Toco, marcando o início do aparecimento dos «mensageiros de Simão Toco do pós morte», cujo primeiro «mensageiro» foi o então adolescente Pedro Sandumba ainda em 1984, não obstante o «Erausto Tesoureiro da Cidade - Nlundi Mbongo» iniciar as suas proezas anos antes”. In: “O vaticinio na Igreja de Cristo”, pág. 11. 
71 Muitos Vates são acusados de promoverem acções maléficas e engendrarem deturpações no seio da Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo. São os efeitos indesejáveis que resultam do exercicio de um vaticínio desregrado na Igreja.
72 Primeira geração de Tocoístas (1949 à 1974 - 25 anos). Estes na sua maioria antes de serem Tocoístas eram Católicos, Protestantes, Metodistas, Kidistas, Kimbanguistas, ateus, etc. Consequentemente possuíam outros credos e certo tipo de fé. A sua conversão ao Tocoísmo, na maior parte deles foi por intermédio de milagres, prodígios, sinais e promessas fiáveis  Foi um momento ímpar que viveram e desta forma renunciaram tudo para seguirem a Cristo. Aceitaram as prisões, açoites, torturas, desterros, trabalhos forçados e mortes para ganharem Cristo e a vida eterna. Segunda geração de Tocoístas (1974 à 1999 - 25 anos). Estes Tocoístas nasceram na Igreja e não conheceram outros credos ou culturas tradicionais. A sua conversão foi mediante a aceitação voluntária de Cristo Jesus como seu único Salvador. Não creram por causa dos sinais, prodígios ou milagres. A Igreja é parte integrante da história da sua vida. São os fieis continuadores da grande obra erguida pôr Deus por intermédio de Simão Toco e de seus Anciãos pertencentes a primeira geração.
73 De acordo o JET-Jornal Evangélico Tocoista, edição nº 10, de 23.11.2010, pág. 16, “1. Todos os Tocoístas acreditam em: Deus Pai, o Todo-Poderoso;  Nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador; Espírito Santo, o Consolador, Instrutor e Guia; Venerável Dirigente Simão Gonçalves Toco, o  Mensageiro de   Deus, Bom Pastor; Igreja de Nosso Senhor Jesus; Cristo no Mundo, relembrada em 25.07.1949; Bíblia Sagrada, o Livro Sagrado. 2. Têm ainda: os mesmos Mandamentos da Lei de Deus; os mesmos Preceitos da Igreja; os mesmos Ritos; os mesmos hinos centrais (Rei do céu andará, Voluntários de Cristo em fileira, Quando a vida terreal findará, Quando o Senhor Jesus regressar e Hinos de casamento, Santa Ceia e fúnebres); os mesmos dias de celebrações: 5 de Abril (em 1943, o Profeta Simão Toko funda o Coro de  Kibokolo do qual nascera a Igre-ja, no ex. Congo Belga); 25 de Julho (em 1949, desce o Espírito Santo e a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo no Mundo é relembrada, isto aconteceu na cidade de ex. Leopoldville, actual Kinshasa - RDC, na altura sob o domínio Belga); 22 de Outubro (em 1949, o Profeta Simão Gonçalves Toco e seus discípulos são presos pelas autoridades colonialistas belgas no ex. Congo Belga); 31 de Agosto (em 1974, o Profeta Simão Toco regressa em África proveniente dos Açores -Portugal onde cumprira  11 anos de cativeiro); 25 de Dezembro (ano 7, nasce nosso senhor Jesus Cristo «Na-tal»); 10 de Janeiro (1984), após seu desaparecimento físico a 1 de Janeiro do mesmo ano, os restos mortais do Profeta Simão Toco são enterrados na localidade de Ntaya - Maquela do Zombo); 24 de Fevereiro (1918), nasce o Profeta Simão Toco na localida-de de Zulumongo-Sadi-Maquela do Zombo, na província angolana do Uige); mesmas datas de baptismo e Santa Ceia: Abril; Agosto; Dezembro.3. Seguem todos a mesma Doutrina. 4. Todos contam a mesma História da Igreja. 5. Dedicam, todos, a mesma reverência à esposa do Profeta Simão Gonçalves Toco, a Dona Rosa Maria Toco, e que reconhecem como sua Mãe sofredora e sim-bolo de sofrimento da Mulher Cristã em África. 6. Reconhecem os 12 Mais Velhos como verdadeiros iniciadores da Igreja e foram constituídos, pelo Profeta Simão Gonçalves Toco, como principais Sacerdotes da Igreja de Nosso senhor Jesus Cristo no Mundo, com missão análoga dos 12 Apóstolos de Cristo e que vem exercendo desde 23 de Novembro de 1949, data em que foram eleitos por mandato perene. 7. Respondem todos pelos mesmos atributos: Tocoísta, Cristão ou Adorador de Deus”.
74 Podemos ler no prefácio da obra “Profecias de Mayamona” de que «A acção dos “Ngunga Ngele” sempre esteve firmada na acção profética do Dirigente, enquanto fiéis depositários da mensagem de Deus trazida por ele. Estes são testemunhas do que ele disse e fez. Daí que o Evangelho de Cristo que lhes foi concedido através dos seus ensinos e profecias, é a fonte permanente da verdade e que dá vida e orienta a Igreja de Cristo relembrada em África. Todos os Tocoístas e Igrejas, serão verdadeiros, tão-somente se aceitarem este ensino e revelação de Deus, e não só manterem-se fiéis à ela, mas também defendê-la e conservá-la contra todas as distorções ou adulterações. Rejeitar os ensinos dos Anciãos da Igreja, é rejeitar o próprio Mayamona e quem lhe enviou na terra. E torna-se tarefa de todos dar continuidade da missão e mistérios apostólicos, anunciando continuamente ao mundo e aos Tocoístas a mensagem trazida por eles, através da proclamação e do ensino fieis no poder do Espírito Santo. Só por isso, a revelação de Deus à Mayamona conforme foi transmitida aos Tocoístas de 1942 à 1984, nunca deve ser substituída ou revogada por revelações, testemunho ou profecias posteriores a morte do profeta».
88 Igrejas Regionais em Angola: “Por determinação do Dirigente, existem 16 Regiões Eclesiásticas da Igreja em Angola, sedeadas no interior da República de Angola e representadas na Direcção Central da Igreja em Luanda pelas 16 Tribos. As Igrejas Regionais são as comunidades representantivas de crentes, constituidas pelas Classes circunscritas à um determinado espaço geográfico; A Igreja tem o seu principio de divisão territorial que é anterior a independencia de Angola”. In: «Manual de Ensino Tokoista», pág. 154-155.Daí a existência de 05 regiões eclesiásticas na Província do Uige e uma em toda região Sul de Angola. Uma questão para reflexão de todos.
75 Assim está  pincelada a ideologia dos Tocoista. As oito nações que Deus deu o Seu poder para representarem ou organizarem bem o mundo: Babilónia, Egipto, Grécia, Roma, França, Alemanha, Inglaterra e América.
76No Manual de Ensino Tokoista podemos ler na pág. 172-173: “Esta estrela é composta de oito pontas, sendo que cada uma corresponde a um reino que Deus levantou na terra para fazer reinar a justiça no mundo. Daniel 7:27. Esta estrela tem ainda os seguintes significados: a) Significa a «Luz de Deus para toda a humanidade» e é sinónimo de perfeita harmonia (paz), alegria (júbilo) e música (canto); b) O Selo do Deus vivo que marca os servos de Deus. Apocalipse 7:1-8; c) Mostra que África também recebeu a luz de Deus; d) Simboliza que o reino de Deus está muito próximo; e) Como símbolo religioso, representa os oito reinos que Deus levantou na terra; e) Mas ela existe também em forma de um octograma, constituído pela união de dois quadrados e que formam uma estrela de oito pontas, conhecida entre os Tocoístas por «Ntetembwa  nkilelo», símbolo do povo eleito de Deus no final dos tempos”

4 comentários:

  1. Não li ainda, mas parece-me ser um profundo trabalho de pesquisa. Nos próximos dias vou dispensar um tempo para aprecia-lo. Independentemente de qualquer coisa, desde já, há que se parabenizar o autor pela preocupação e disposição no estudo e na difusão do que possa ser o tocoísmo.

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    1. Certo. è apenas a primeira parte. Vem aí a segunda. Será bem vinda a sua critica e contribuições. O Tocoismo precisa ser estudado para se evitar situações anómalas previsiveis

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  2. bonito trabalho apesar de algumas coisas que não concordo, mas desejo força

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  3. Caros Tocoista, alguém pode me dizer quando será o fim do Senhor Afonso Nunes ? já estou farto da mentira desse camarada do partido do MPLA.

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